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Alunos de faculdade particular em Fortaleza reclamam de exigências para provas remotas

Segundo comunicado oficial, as câmeras e microfones precisam estar ligados durante as provas, que devem ser feitas apenas por computador
21:24 | Set. 23, 2020
Autor Lais Oliveira
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Lais Oliveira Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Alunos do Centro Universitário Christus (Unichristus), em Fortaleza, estão manifestando indignação nas redes sociais após um comunicado oficial da faculdade informar sobre exigências para as avaliações remotas devido à pandemia do novo coronavírus. O documento encaminhado nesta quarta-feira, 23, estabelece medidas como manter câmeras e microfones ligados durante toda a avaliação, que não pode ser feita pelo celular. Em nota, a Unichristus argumentou que avaliação “precisa ocorrer com segurança” e afirmou que não pretende revisar as medidas impostas. 

Ainda segundo o comunicado, as questões terão "tempo pré-determinado, ou seja, ao finalizar o tempo estipulado para a questão o sistema, automaticamente, passa para a próxima, e assim por diante, mesmo que nenhuma opção tenha sido selecionada pelo aluno." Estudantes dizem que outro informe especificava um tempo de 3 a 4 minutos por questão.

Quem descumprir as regras deverá fazer segunda chamada, programada para ocorrer de maneira presencial quando isso for permitido por Decreto Estadual. Alunos da faculdade, que preferiram não se identificarem por temerem represálias, relataram ao O POVO que a sensação geral é de que a instituição "não se importa" com os discentes.

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O corpo estudantil criou a tag #ExposedUnichristus no Twitter para denunciar a situação. Uma das alunas da Unichristus critica a falta de comunicação da universidade durante o período da pandemia e considera que a decisão mais recente obriga os estudantes a fazer segunda chamada de qualquer forma.

"O que eles estão fazendo é um absurdo, estão tirando o direito de acessibilidade e de educação dos alunos. Ou você tem notebook, liga a câmera e faz a prova ou vai fazer presencialmente junto com outras provas acumulando conteúdo", afirma uma das alunas.

Outra estudante, do campus do bairro Benfica, diz que no último semestre ocorreram provas remotas, mas a situação era diferente antes da pandemia e o uso de smartphone foi permitido. "Eu não tenho computador, e semestre passado fiz todas as provas pelo meu celular. Aí entra também a questão do tempo: minha internet caía o tempo inteiro. Para piorar, diminuíram o tempo [por questão] para menos na metade", conta.

Segundo uma terceira aluna da faculdade ouvida pelo O POVO, que tem aulas no campus do Parque Ecológico do Cocó, a decisão parece ser direcionada a todos os cursos da Unichristus. Ela afirma que as questões da segunda chamada poderão ser abertas e ter um nível mais alto que as da prova remota. "Quem não tem notebook ou quem não tem o microfone e câmera funcionando adequadamente não poderá fazer a prova", reclama.

"Eu acho que eles precisam ver nosso lado. Não é um momento fácil pra ninguém, e ainda temos que estar em uma faculdade que deveria nos acolher da melhor maneira possível. Mas a grande maioria está reclamando de ansiedade por conta das provas", finaliza uma das entrevistadas.

Em resposta ao O POVO, a Unichristus argumentou que a avaliação remota dos alunos “precisa ocorrer com segurança”. A instituição disse que a realização de provas por smartphones “não possibilitou resultado fidedigno” e que os alunos “podem optar por serem avaliados presencialmente logo que as autoridades assim permitirem”. Na nota, o centro universitário também comunica que “a instituição entende que todos são adultos e farão a escolha correta”.

Questionada sobre a indignação dos alunos sobre as medidas tomadas, a Unichristus alega que “todos estamos indignados com as situações provocadas pela Covid-19. Todos estamos fazendo sacrifícios e nos adaptando”.

O centro universitário também explicou que não pretende revisar as medidas impostas e justifica que elas possuem o objetivo de “formar futuros profissionais competentes e éticos”, questionando “responder à prova a distância, com regras de segurança, precisa ser modificado?”.

Este texto contou com a colaboração de Everton Lacerda.

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