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Escultura "Mulher Rendeira" desaparece do Banco do Brasil da Praça do Carmo

Obra de arte "Mulher Rendeira", do escultor pernambucano Corbiniano Lins, desaparece após reforma da agência do Banco do Brasil, da igreja do Carmo, no Centro de Fortaleza. Secultfor enviará ofício ao banco para saber do paradeiro da estátua que teria sido destruída
09:23 | Mai. 31, 2020
Autor Demitri Túlio
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Demitri Túlio Repórter investigativo
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Tipo Notícia

A “Mulher Rendeira”, escultura do artista pernambucano José Corbiniano Lins (1924-2018), desapareceu do jardim do Banco do Brasil (BB) da agência da Praça do Carmo, no Centro de Fortaleza. O sumiço da estátua, instalada em 1966 na avenida Duque de Caxias com Barão do Rio Branco, teria ocorrido por causa de uma obra de reforma da entrada da instituição bancária e, provável, negligência da gerência do BB.

O desaparecimento da obra de arte de Corbiniano Lins virou assunto nas redes sociais de artistas. Pelo Instagram, o músico Calé Alencar informou que a escultura foi desmontada por operários e, em seguida, colocada em um container. “Alertado por alguém que passou no local, uma pessoa foi até lá com uma kombi e recolheu as partes do monumento com intuito de restaurá-la”, escreveu o pesquisador do maracatu o cantor.

Segundo Calé Alencar, o homem que teve “a sensibilidade” de recolher o que restou da escultura moraria nas imediações da esquina da avenida Domingos Olímpio com avenida da Universidade, no Centro de Fortaleza. “Sugiro que busquemos mais informes sobre o salvador da pátria, que seria um artista. Creio seria interessante localizarmos o anjo que resgatou a obra do mestre Corbiniano e articular o restauro e a recolocação da ‘Rendeira’ em espaço público”, disse o músico.

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Na última sexta-feira, Calé Alencar comunicou o desmonte da estátua à Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). Em nota, a Secultfor informou que “a escultura ‘Mulher Rendeira’ não é propriedade do poder público municipal e se encontra em espaço privado. Por ser uma arte de interesse histórico cultural da Cidade, a Secultfor encaminhará um ofício ao Banco do Brasil, na segunda-feira, 1/6, solicitando esclarecimentos sobre o destino da estátua”, afirma o comunicado.

De acordo ainda com a nota da Secultfor, “será encaminhado um ofício para a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), órgão responsável pela fiscalização do Patrimônio Histórico-Cultural, para que sejam tomadas as devidas averiguações e providências”, informa a secretaria da Prefeitura de Fortaleza.

O músico questiona a afirmação de que a obra de arte estaria em “espaço privado”. Mesmo sendo o Banco do Brasil uma instituição de economia mista, parte dela pertence ao Governo Federal. Calé Alencar, numa conversa com Norma Paula Moreira - coordenadora de Ação Cultural do Município, sugeriu que a Autarquia Municipal de Trânsito disponibilizasse as imagens das câmeras de segurança da esquina da Duque de Caxias com Barão do Rio Branco. Uma forma de identificar o homem que recolheu os pedaços da escultura.

O POVO enviou ontem, por email, perguntas sobre o destino da escultura à coordenação do Banco do Brasil no Ceará. Como sábado não é dia útil na instituição bancária, não houve resposta.

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Três esculturas

O pernambucano José Corbiniano Lins, falecido em 2018, aos 96 anos em Recife, é autor de três esculturas públicas expostas em Fortaleza. De acordo com o jornalista Gilmar de Carvalho, além da “Mulher Rendeira”, Corbiniano esculpiu a estátua de “Martins Soares Moreno e Iracema”, que está na avenida Beira-Mar e o “Monumento ao Vaqueiro” exposto na praça da antiga entrada do aeroporto Pinto Martins.

A “Iracema”, de Corbiniano Lins, foi inaugurada em 1965 com a presença do presidente Castelo Branco, no início da ditadura militar no Brasil (1964-1985), na gestão do prefeito Murilo Borges.

De acordo com o livro “O artista Zenon Barreto e a arte pública na cidade de Fortaleza”, de Sabrina Albuquerque, também em 1965 foi instalado o “Vaqueiro” onde hoje o cearense chama de aeroporto velho. E no ano seguinte, a “Mulher Rendeira”.

O artista

José Corbiniano Lins nasceu em Olinda, em 1924, e faleceu em março de 2018 após sofre um infarto. Ele iniciou nas artes como pintor no Atelier Coletivo de Olinda. Na década de 1950, militou no movimento de arte moderna de Recife ao lado de Abelardo da Hora, Reynaldo Fonseca, Samico e Celina Lima Verde.

Na praça General Abreu Lima, em Recife, está uma de suas obras mais importantes. Um painel de azulejos que retrata três marcos históricos ocorridas em Pernambuco. O 1817, (Revolução Pernambucana), o 1824 (Confederação do Equador) e o 1848 sobre a Revolução Praieira.

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