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Novo ataque de cães no Parque no Cocó deixa mais quatro gatos mortos

A administração do Parque reconhece que o número de gatos vítimas de ataques caninos no local pode chegar a 70, entre animais adultos e filhotes

Um novo ataque de cães no Parque Estadual do Cocó foi registrado na madrugada de quinta-feira, 14, deixando quatro gatos mortos. As características dos animais encontrados sem vida são as mesmas de felinos mortos anteriormente. A administração do Parque reconhece que o número de gatos vítimas de ataques caninos no local, nos últimos três anos, pode chegar a 70, entre animais adultos e filhotes. Inquérito policial está em conclusão e pode levar a indiciamento pelo crime de maus-tratos aos animais.

Segundo a presidente da ONG Deixa Viver, Gabriela Moreira, abrigos instalados para os animais também foram totalmente danificados neste último ataque. A entidade realiza trabalho de alimentação, castração e resgate para adoção dos animais abandonados no Parque."Os cães entram por baixo da grades, pelo espaços entre a grade do portão e o chão. Já presenciei a saída deles de lá depois de um dos ataques", conta.

Gabriela afirma que há cerca de oito meses, a organização acompanha as investigações sobre o caso, mas desconhece o indiciamento judicial do tutor dos cães, que seriam soltos de madrugada, propositalmente, para realizar os ataques. A presidente argumenta que já foram apresentados à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) fotos e vídeos dos cães, além do endereço do tutor deles.

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Um laudo realizado por profissionais do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em 2019, comprovou ferimentos internos de mesmo padrão nos gatos encontrados mortos no Parque do Cocó e faz parte dos autos processuais que estão em andamento.

Adriana Pinho Pessoa, doutora em Medicina Veterinária e professora da Uece, participou dos exames realizados pelo Laboratório de Patologia e Medicina Legal Veterinária da universidade. Ela explica que os felinos analisados não obrigatoriamente teriam de apresentar lesões externas para comprovar o ataque canino.

"Dependendo do local onde ocorre a mordida, muitas vezes o tipo de lesão é contundente, mas não necessariamente perfurante. Só que a força empreendida pela mordida pode dilacerar órgãos internos", esclarece.

Conforme o gestor da unidade de conservação (UC), Paulo Lira, a administração do Parque está sempre em contato com a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) para denunciar os ataques sofridos pelos gatos no Parque.

Segundo ele, a situação tem sido controlada já que o Parque está cercado e fechado nos últimos meses. "Eu diria que são mais ou menos seis a sete dezenas [de animais mortos], ao longo dos três últimos anos, em que têm sido constatados esses ataques aos gatos, tudo indica, feito por cães. Cães que são levados de madrugada para o entorno do parque", afirma.

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Processo deve chegar à Justiça em breve

Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) está concluindo o inquérito policial que apura as mortes de gatos no Cocó, conduzido pela DPMA.

"Nos próximos dias, o procedimento deverá ser remetido à Justiça. Em caso de indiciamento, o infrator poderá responder pelo crime de maus-tratos aos animais, bem como pela contravenção penal em razão da falta de cuidado na guarda ou condução de animais", diz trecho da nota.

Ainda de acordo com a SSPDS, a DPMA iniciou as investigações no intuito apurar as denúncias acerca de um homem "que supostamente soltava um cachorro todos os dias e que o animal seguia até o parque, onde atacava os felinos".

Abrigos instalados para os animais também foram totalmente danificados neste último ataque
Abrigos instalados para os animais também foram totalmente danificados neste último ataque (Foto: Divulgação/ONG Deixa Viver)

Dessa forma, a unidade policial empregou uma equipe para fazer diligências noturnas com o objetivo de identificar o que acontecia no local. "Conforme as apurações, alguns animais foram encaminhados à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Uece), onde foram realizados exames que constataram lesões possivelmente provocadas por mordeduras de outros animais."

A delegacia comunicou o fato à Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa dos Animais (Coani) da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) "para a adoção de cuidados com os animais em situação de rua, que se encontram no Parque Estadual do Cocó."

O problema do abandono

Paulo Lira garante que a Sema tem procurado coibir o abandono de animais no local por meio de campanhas educativas e placas informativas. Levantamento realizado pela administração contabiliza 100 gatos abandonados no local. A ONG Deixa Viver considera que o número chega a 120, podendo variar por causa do fluxo de reprodução dos felinos.

Além disso, o governo estadual prometeu a instalação de um sistema de videomonitoramento ao redor do trecho da Unidade de Conservação na área da Sebastião de Abreu, Padre Antônio Tomás, Engenheiro Santana Júnior e Parque Adahil Barreto. "As câmeras são para coibir uma série de ações criminosas, como o abandono. Estamos esperando essas câmeras chegarem", diz o gestor da unidade.

No último ano, a Sema criou a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa dos Animais (Coani) para reforçar a promoção de políticas públicas em prol do bem estar animal, sensibilização, apoio à guarda responsável e campanhas de vacinação.

De acordo com Mônica Carvalho, gestora ambiental da subpasta, a Coani promoveu até o ano de 2019 a disponibilização, junto à administração do Parque, de uma tenda de doação para recebimento de ração e material de limpeza ao Abrigo São Lázaro. Porém, a partir de janeiro deste ano o Abrigo não pode mais comparecer por dificuldades de pessoal e as demandas que já possuem.

Como denunciar crimes ambientais

Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA)
Contato: (85) 3247 2630, (85) 3247 2637
E-mail: dpma@policiacivil.ce.gov.br

O atendimento é das 8 horas às 17 horas, de segunda-feira a sexta-feira. Em razão da pandemia, a Delegacia Eletrônica (Deletron) incluiu a tipificação criminal. Assim, é possível fazer a denúncia sem sair de casa, através do site.
(https://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/)


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