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Bar em Fortaleza é acusado de transfobia

Travesti denuncia estabelecimento após terem tentado impedi-la de usar banheiro feminino, alegando que a casa tinha "regras"
21:19 | Mar. 05, 2020
Autor Gabriela Almeida
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Gabriela Almeida Repórter O POVO
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Tipo Notícia

Atualizada às 21h30min do dia 06/03

Uma travesti acusou o Floresta Brasil, estabelecimento localizado em Fortaleza, de transfobia após segurança do local ter tentado impedi-la de usar banheiro feminino, alegando que a casa tinha "regras". A estudante Amanda Felix, de 23 anos, afirmou que se sentiu “humilhada” e chegou a expor o caso, que aconteceu na madrugada do último sábado, 29, em seu instagram.

“Foram reclamar dizendo que tinha ‘um homem’ usando o banheiro e ele (segurança) chegou me perguntando: 'Meu irmão, tu vai pra onde?'", relatou a vítima na postagem em sua rede social, alertando para que travestis não frequentassem mais o local. “Não venham pra cá, a menos que queiram sofrer a transfobia nossa do dia a dia. Tô muito mal e preciso de apoio”, destacou.

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Procurada pelo O POVO, Amanda diz que caso aconteceu quando foi usar banheiro para retocar a maquiagem. O segurança teria questionado o uso do sanitário feminino pela estudante e tentou direcioná-la para o masculino, mas acabou permitindo a entrada. Após uso, Amanda procurou funcionário e ele alegou que a casa tinha “regras”, pedindo para que ela esquecesse o assunto. A estudante informa ainda que se sentiu “humilhada”, pois toda cena foi presenciada por pessoas que estavam no local. “Cheguei em casa e chorei muito. Ouvir um cara te chamar de homem, dói”, relembra.

Esclarecimento do O POVO

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do empreendimento cinco dias antes da publicação da matéria. A primeira resposta da casa veio dois dias depois do primeiro contato da reportagem, se limitando a informar que estava "apurando" caso. Na tarde desta sexta-feira, 6, O POVO recebeu uma ligação do setor jurídico do bar, informando que mandaria uma nota de esclarecimento. Como até hoje O POVO não recebeu resposta do posicionamento, a reportagem mostra abaixo o que a empresa publicou em seu perfil oficial do Instagram.

O POVO chegou a publicar informação errada sobre em qual dos estabelecimentos do grupo teria ocorrido o episódio. Tão logo percebido o equívoco, o post foi deletado e em seguida foi publicado um post com a informação correta.


Violência direcionada

Segundo a pesquisadora de gênero Helena Vieira, transfobia é um tipo de violência direcionada a transexuais e travestis, ocorrendo quando essas pessoas são “excluídas da vida pública, têm espaços negados, são impedidas de usar o banheiro do gênero que se reconhecem e são tratadas pela forma como não se identificam”. Helena ainda pontua que essa violência não está fundada na orientação sexual, como é o caso da homofobia, e sim ocorre em função da identidade de gênero ou na inadequação da vítima “frente a padrões de gênero”.

 

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