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Moradores de residencial no bairro Granja Lisboa denunciam rachaduras e infiltrações nos apartamentos

O local que abriga 168 famílias foi entregue no segundo semestre de 2012. O prédio foi a quarta construção concedida pelo Programa Programa Minha Casa, Minha Vida na capital cearense
22:06 | Fev. 21, 2020
Autor Kamilla Vasconcelos
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Kamilla Vasconcelos Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

Rachaduras e infiltrações tomam conta, há oito anos, das paredes do residencial Independência I, no bairro Granja Lisboa, em Fortaleza. Para tentar solucionar os problemas, os moradores do local demandam, ano após ano, que a construtora responsável pelas obras do condomínio realize vistorias na edificação.

O local que abriga 168 famílias foi entregue no segundo semestre de 2012 e foi a quarta construção concedida pelo Programa Minha Casa, Minha Vida na capital cearense. Desde então, segundo relatos dos moradores, as rachaduras são visíveis por todo o residencial, dentro e fora dos apartamentos.

Uma das possíveis causas que podem ocasionar os problemas no condomínio, de acordo com os moradores, é a proximidade com o rio Maranguapinho, um dos maiores do Estado. Segundo eles, o solo da região torna a área ainda mais vulnerável. Quando chove, explicam, as rachaduras e infiltrações ficam ainda mais aparentes.

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Morador do residencial desde a entrega, o costureiro José Roberto, 46, recebeu alguns reparos em seu apartamento pela primeira vez em 2013. Segundo consta no laudo da visita realizada pela construtora no dia 30 de setembro, o piso do apartamento estava fofo, uma pia estava solta e a descarga apresentava vazamento. Além disso, havia rachaduras nas paredes e problemas na tubulação de gás.

A construtora ECB - Engenharia Comércio Bezerra -, responsável pela construção do condomínio, fez os reparos solicitados nas paredes, na pia, na descarga e na tubulação de gás da residência. Apesar dos serviços realizados, os problemas voltaram pouco tempo depois, conforme os moradores. O piso oco do apartamento de José é um das demandas não resolvidas.

Em resposta, o engenheiro da ECB, Adriano Maciel, apesar de não ser o responsável pelo empreendimento, afirmou que a empresa nunca foi omissa quanto à alguma solicitação dos moradores e que, mesmo após o fim do contrato de cinco anos com os condôminos, as demandas continuam sendo atendidas. De acordo com o engenheiro, inclusive, dois serviços estão sendo realizados no residencial nos últimos dias. Sobre o piso, o engenheiro afirmou que a empresa não ficou responsável por executar o serviço de aplicação do material.

“Sobre as fissuras que estão aparecendo lá, elas são normais. Porque é o final da alvenaria com o final da laje e é uma laje maciça. Ela dilata e retrai. Quando ela dilata ela causa essas trincas”, explicou Adriano sobre as rachaduras nas paredes dos apartamentos, ressaltando que não há nenhum risco de desabamento da edificação.

Ainda de acordo com o engenheiro, existe um outro problema no empreendimento que pode ocasionar as rachaduras. “Quando as pessoas foram morar lá, colocaram cimento nas áreas que tem grama e plantaram árvores em locais que não eram pra ser plantados. E isso prejudicou os serviços de drenagem. Muitas manutenções se deram devido a esses problemas de drenagem. Quando você planta uma árvore irregular, quando ela vai crescendo, a raiz também cresce e ela vai pra onde ela quer ir. O que aconteceu nessa obra foi problema de escoamento de água e águas irregulares no entorno”, completa.

Além dos problemas que foram percebidos ao longo dos anos, a síndica do Independência I, Railha do Nascimento, 37, relatou que desde a entrega do condomínio os problemas são visíveis. Ela também ressaltou que algumas das demandas solicitadas não foram atendidas. “Logo quando a gente entrou aqui, eles ficaram fazendo alguns reparos porque a gente pegou alguns banheiros entupidos, rebocos do teto que caíram e alguns consertos que eles ficaram fazendo (...). Mas nessas questões de reclamação, eu mesma fiz várias e até hoje eu não tive nenhuma resposta. Inclusive, dessa rachadura da minha parede eu nunca tive nenhuma resposta deles”, conta Railha.

Em contrapartida, o engenheiro Adriano afirmou que a Caixa Econômica Federal, órgão contratante da empresa para construção do residencial e, agora, responsável por realizar os reparos construtivos, faz uma vistoria geral no dia da entrega dos apartamentos. Os proprietários, segundo o engenheiro, também realizam o procedimento. “Antes de fazer a entrega, a Caixa vem pessoalmente, com vários engenheiros, fazem uma devassa de rachadura, pintura mal feita etc. Depois disso, quando tem a cerimônia de entrega, os proprietários vão nas casas, inspecionar eles mesmo. E aí, o que eles observarem, a construtora tem que consertar de imediato. Então são duas vistorias: uma pela Caixa, toda documentada, e outra pelo proprietário”, completa Adriano Maciel.

Assim como na casa de José, o piso do apartamento da aposentada Raimunda Barbosa já foi substituído duas vezes pela construtora, mas continua oco. As rachaduras na parede também são vistas por toda a residência. Ainda de acordo com a síndica e outros relatos dos moradores, “se duas casas não tiverem rachaduras é muito”.

Preocupada com as rachaduras, a síndica Railha acionou ainda a Defesa Civil de Fortaleza para realizar uma vistoria. Em nota, o órgão informou que uma equipe foi ao local e constatou rachaduras na estrutura e orientou os condôminos a fazerem os reparos necessários.

Confira na íntegra:

“Uma equipe da Defesa Civil de Fortaleza esteve no Residencial Independência I, situado na rua Guararema, 401, no bairro Granja Lisboa, em 30 de dezembro de 2019. Na ocasião, a solicitante da ocorrência não estava no local, mas, os agentes foram recebidos pela zeladora do prédio. A equipe constatou rachaduras na estrutura e orientou os condôminos a fazerem os reparos necessários. Caso os moradores percebam que continua havendo algum tipo de risco, é preciso acionar a Defesa Civil de Fortaleza, via Ciops, através do fone 190. As equipes trabalham em regime de plantão, 24h”.

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