Família tenta provar inocência de aposentado morto na avenida João Pessoa

José Alberto, de 65 anos, foi morto a tiros na avenida João Pessoa. Ele foi acusado de tentar assaltar um policial da reserva; o policial baleou o suposto assaltante. Uma testemunha teria visto uma discussão entre os dois

No dia 31 de maio, a Polícia foi acionada para uma suposta ocorrência de tentativa de assalto que resultou na morte do criminoso. O relato era de que a vítima do assalto, um sargento da reserva remunerada da Polícia, teria baleado o suposto assaltante, na avenida João Pessoa. O suposto criminoso não resistiu aos ferimentos. O militar da reserva teria sido lesionado a faca na ação.

A ocorrência parecia um caso elucidado, se não fosse a vítima ser José Alberto da Silva de Paula, de 65 anos, um aposentado que morava na cidade de Redenção, proprietário de uma bodega e que vinha a Fortaleza todo mês para receber a aposentadoria e ver os filhos. Um idoso que havia superado a hanseníase, era cego de um olho e estava, conforme parentes, debitado. José Alberto era pai de sete. Nunca foi assaltante, ressaltam os familiares. A morte do idoso é investigada pela Polícia Civil e pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD). E a família trava uma luta para tentar provar a inocência dele.

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Na Pefoce

Vinte e quatro horas após o caso, no dia 1º de junho, familiares de José Alberto que moram em Fortaleza foram comunicados que o corpo dele estava na sede da Perícia Forense (Pefoce). Uma parente do aposentado, que não terá o nome divulgado por questões de segurança, afirma que todos foram à Pefoce acreditando que o aposentado havia sido vítima de um mal súbito.

No entanto, ao chegar no local, foram informados que o idoso era apontado como assaltante. Ele havia morrido vítima de lesão a bala e chegou à sede da Perícia Forense como indigente. Foi repassada à família a versão oficial do caso: José Alberto teria assaltado um policial militar, foi morto e o PM da reserva remunerada estaria alegando legitima defesa.

"A gente chegou lá e foi outro choque, pois avisaram que foi lesão a bala. Pensei que ele tivesse reagido a um assalto e depois fui saber que estava sendo acusado de tentativa de assalto", conta a familiar. Ela relata que uma testemunha avisou que o policial da reserva e o aposentado tiveram uma discussão e os parentes acreditam que houve um desentendimento entre os dois.

Os parentes questionam o fato de o idoso ter chegado como indigente à Pefoce. Ele teria saído de casa com os documentos. Posteriormente, a família afirma que recebeu os documentos dele e a carteira de gratuidade nos ônibus. Passados alguns dias, a família diz que também recebeu as chaves da casa do aposentado.

"A gente sempre teve uma relação de respeito. Ele tinha horror a ladrão. Toda vida trabalhou e mantinha uma bodega bem rústica. Quando estava mal da saúde ficava em Fortaleza de 10 a 15 dias", relata a familiar. "Eu vou lutar contra o mundo inteiro para mostrar que ele era um homem de bem. Ele foi honesto e trabalhador. Nunca deixou de ser um cidadão", ressalta a mulher, que lamenta: "Parece que estou vivendo um pesadelo".

Investigação

Os parentes buscaram o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para relatar o caso. O inquérito foi encaminhado ao 11º Distrito Policial, no bairro Panamericano. O POVO Online buscou a Controladoria Geral de Disciplina (CGD), que confirmou a abertura de uma investigação preliminar. Inicialmente, a CGD afirmou que determinou a juntada do laudo cadavérico e da oitiva do militar, assim como a identificação e a oitiva de testemunhas para a apuração do caso.

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