Participamos do

Em dois dias, 134 tartarugas de espécie ameaçada de extinção nascem na Praia do Futuro

Ao todo, foram postos 179 ovos. Até agora, 134 já eclodiram. Outros 45 seguem no local
18:50 | Mai. 30, 2019
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Dois dias após 112 tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) nascerem em ninho formado na Praia do Futuro, mais 22 animais da espécie saíram do mesmo local. O encontro dos bichos com o mar ocorreu na manhã desta quinta-feira, 30, por volta de 13h30min, próximo à barraca Arpão.

Os ovos dos animais foram encontrados no último dia 31 de março em área próxima à linha de maré, o que poderia colocar o ninho sob risco de alagamento. Com ajuda do Corpo de Bombeiros, voluntários do Grupo de Estudos e Articulações sobre Tartarugas Marinhas do Instituto Verdeluz (Gtar-Verdeluz) resgataram os ovos no último dia 3 de abril e colocaram em zona da praia segura para monitoramento, protegida das águas, dos animais e dos banhistas.

179 ovos

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Ao todo, foram postos 179 ovos. Até agora, 134 já eclodiram. Outros 45 seguem no local. As tartarugas-de-pente são a espécie de tartaruga marinha mais ameaçada de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza.

De acordo com a estudante de Oceanografia Débora Melo, voluntária do Gtar-Verdeluz, essa espécie demora entre 45 a 70 dias para nascer. Em Fortaleza, as fêmeas formam ninho principalmente na orla da Praia do Futuro e da Sabiaguaba nos meses de dezembro a junho.

“É necessário ressaltar a importância do monitoramento de ninhos e da realização de transferências em certos casos, do contrário, dificilmente teria esse sucesso de eclosão de 134 tartarugas vivas e nenhuma morta”, aponta a voluntária.

Encontro com o mar

Nesta tarde, as tartarugas foram retiradas do ninho sob olhares curiosos de crianças e seus pais. Para realizar o monitoramento, o Gtar-Verdeluz está amparado pela licença SISBO Nº 53083-4, que permite a pesquisadores solicitar autorizações para coleta de material biológico e realização de pesquisa em unidades de conservação federais e cavernas.

Os 22 animais foram transportados para área próxima ao mar. De acordo com Débora, eles não podem ser colocados diretamente na água porque memorizam a localização do nascimento e voltam a mesma região décadas depois, já adultos, para a desova. A caminhada também ajuda na preparação dos bichos para o encontro com as águas.

Nascimento

O nascimento das tartarugas costuma ocorrer durante a noite. Eventualmente, também deixam o ninho em dias mais frios, quando os raios de sol não incidem diretamente sobre a areia. Em conjunto, alguns filhotes da ninhada retiram a areia e seguem para o mar. Eles se localizam pela luminosidade do horizonte.

“As ninhadas que eclodem à noite na Praia do Futuro tendem a seguir em direção contrária ao mar, indo para o calçadão e muitas vezes morrem atropeladas. A iluminação artificial da orla é uma das maiores dificuldades que o projeto tem registrado no sucesso de eclosão dos filhotes”, lamenta Débora.

Ela indica que, ao se deparar com filhotes, o ideal é deixá-los caminhar sozinhos. Caso o animal tente ir em direção contrária ao mar, o indicado é direcioná-lo com uma lanterna para a rota mais segura.

“É preciso ressaltar também a importância do reconhecimento pelos órgãos públicos de que Fortaleza é área de desova de tartarugas marinhas. É necessário a implementação de políticas públicas em prol da conservação desse animais ameaçados de extinção”, afirma Débora.

Serviço

Gtar-Verdeluz

Telefone: +55 9 8597 3007

Site: www.verdeluz.org

Instagram: @institutoverdeluz | @gtarverdeluz

Confira a galeria de fotos do encontro das tartarugas com o mar:

Clique na imagem para abrir a galeria

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags