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A Fortaleza que não saiu do papel

O POVO Online relembra seis projetos planejados para Fortaleza, que chegaram a ser anunciados, mas não ganharam forma
10:48 | Mai. 13, 2019
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Como seria Fortaleza com um bondinho no Morro Santa Terezinha, um complexo turístico-cultural na orla e um mirante de 100 metros no meio do Cocó? Difícil imaginar quando não há nem sinal de qualquer um desses projetos na Capital. Mas eles existiram. Ao menos no papel, foram pensados, planejados e até anunciados.

O POVO Online preparou uma lista com seis equipamentos prometidos pelo Município e pelo Estado para atender os fortalezenses e turistas, mas que nunca tomaram forma. 

Confira:  

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Ícone de Fortaleza

Ícone de Fortaleza
Ícone de Fortaleza (Foto: Divulgação)

Ainda no governo de Tasso Jereissati (PSDB), em 1999, uma parceria entre Município, Estado e setores empresariais da Capital lançou o concurso Ícone de Fortaleza. A ideia era promover a urbanização da orla com projetos inovadores. A iniciativa vencedora pretendia requalificar a área portuária da Cidade, instalando nela um terminal marítimo de passageiros, museus, aquários, parques, casas de espetáculos, bares, restaurantes, entre outros equipamentos. O complexo sobre o mar chegou a ser desenhado pela empresa de arquitetura responsável. Havia ainda uma torre com mirante, farol e um restaurante elevado. O prédio era baseado em elementos já consagrados pelo marketing turístico como símbolos do Ceará: o sol, o mar e a jangada. Vinte anos depois, nada além do projeto no papel foi feito.

Ponte estaiada

Anunciado em 2009, durante o mandato do ex-governador Cid Gomes (PDT), o projeto de construção da Ponte Estaiada sobre o Rio Cocó foi definitivamente abandonado em dezembro de 2018. A estrutura de 850 metros iria ligar o bairro Cidade 2000 ao Centro de Eventos do Ceará. O projeto incluía um sistema viário de interseção e acessos de vias urbanas à CE-040, bem como a construção do Complexo de Cultura e Lazer Mirante de Fortaleza, estrutura com 100 metros de altura que possibilitaria visão panorâmica da Cidade e do Cocó, onde seriam instalados espaços como galeria de arte, restaurante 360º e praça. Gerido por parceria público-privada (PPP), o equipamento era orçado em R$ 338 milhões. Além da falta de recursos federais para iniciar a obra, a justificativa para o projeto não sair do papel também foi a pressão do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que em abril de 2016 ajuizou uma ação civil pública contra o Ceará pedindo a anulação da licitação por existirem, de acordo com o órgão, irregularidades no edital.

Bondinho do Morro Santa Terezinha

Em 30/8/2011, O POVO noticiava o início das obras
Em 30/8/2011, O POVO noticiava o início das obras (Foto: O POVO.DOC)

Anunciado em 2011, o projeto de revitalização do Morro Santa Terezinha previa uma série de intervenções para melhorar o acesso e as condições urbanísticas do local. Orçadas em R$ 10 milhões, as intervenções foram financiadas pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina, com recursos também do Ministério do Turismo e da Prefeitura. À época, a ideia era que o local voltasse a aparecer com os tempos do seu auge, entre os anos de 1980 e 1990, quando era ponto de referência para turistas e boêmios da Capital. A então prefeita Luizianne Lins (PT) chegou a assinar ordem de serviço autorizando o início das obras, que tinham até prazo para acabar: abril de 2012. Contudo, atrasos no repasse de verbas diminuíram o ritmo de trabalho, só concluído na gestão seguinte. Atualmente, novas requalificação já foram concluídas na área. Houve implantação de todos os equipamentos previstos: praças, mirante, anfiteatro, calçadão e espaços para práticas esportivas. Contudo, oito anos após o anúncio, o bondinho não saiu do papel.

Complexo da Praia Mansa

Praia Mansa, no bairro Mucuripe, em Fortaleza
Praia Mansa, no bairro Mucuripe, em Fortaleza (Foto: Fábio Lima)

Previsto para ser um complexo turístico e cultural, o Parque da Praia Mansa seria gerido por uma Parceria Público-Privada (PPP). A ideia de construir equipamentos públicos na região a um custo de US$ 400 milhões começou no governo Cid Gomes (PDT), em 2012. Consórcio de cinco empresas chegou a ser formado para a construção do espaço, contudo, algumas empreiteiras resolveram sair do projeto. Dentre outros equipamentos a serem instalados no local, a ideia era criar praças, anfiteatros, parques, escola de arte e um ópera, semelhante à Ópera de Sydney.

Bonde do Centro

Em 19/8/2017, O POVO noticiou os estudos para implantação dos bondes
Em 19/8/2017, O POVO noticiou os estudos para implantação dos bondes (Foto: O POVO.DOC)

Há mais de 72 anos sem uso, os bondes elétricos do Centro de Fortaleza voltariam a circular na Capital, de acordo com projeto anunciado em 2017 pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT). A ideia foi apresentada em meio ao impasse sobre a requalificação da rua José Avelino. À época, o então secretário estadual das Cidades, Jesualdo Farias, que representou o Governo do Estado no projeto com o Município, garantiu que a proposta era viável. Ele ponderou apenas que os trajetos e locais para abrigar o equipamento ainda seriam analisados. A ideia do prefeito era que os equipamentos fossem atrativos para os turistas. Contudo, a José Avelino foi completamente reformada e inaugurada, inclusive as históricas pedras toscas foram recolocadas, mas os bondes não voltaram às ruas da Capital. A ideia ainda existe e está no Plano Fortaleza 2040, que prevê uma série de estratégias para melhorar as condições da Cidade e daqueles que nela vivem até 2040. “Se incluirão nesta rede os sistemas de transportes locais em zonas específicas, desempenhadas pelo modo bonde elétrico, nos casos do Centro Urbano, parte da Aldeota, Praia de Iracema e avenida Beira Mar”, sugere o documento.

Museu do Mar

Em 21/6/2006, O POVO mostrou detalhes do projeto anunciado para a orla de Fortaleza
Em 21/6/2006, O POVO mostrou detalhes do projeto anunciado para a orla de Fortaleza (Foto: O POVO.DOC)

Projetado em 2003 pelo arquiteto Oscar Niemeyer – a pedido do então governador Lúcio Alcântara (PR) –, anunciado para 2014 e orçado em R$ 23,9 milhões, o projeto do Museu do Mar foi oficialmente abandonado pela Prefeitura de Fortaleza em 2017. A ideia era fazer um espaço de visitação flutuante no mar da Praia de Iracema. A construção seria em formado de cristal e foi pensada pelo arquiteto especificamente para a Capital, por isso tinha formado para brilhar ao ser atingida pela luz solar. O local também abrigaria o Centro de Referência do Homem do Mar. Os dois espaços teriam informações referentes à relação do cearense com o mar, além da história e memória de outros povos que têm nas águas seu principal referencial. Os aspectos físicos, biológicos e geográficos da vida marinha também estariam representados no museu, que seria interligado ao espigão da avenida Rui Barbosa por meio de uma passarela e teria formato octogonal, ocupando área de 4,5 mil m². O projeto original chegou a ser licitado em 2005, mas Prefeitura e Governo do Estado não chegaram a acordo sobre onde instalá-lo. O Ministério Público também questionou sobre os impactos ambientais da obra. O impasse entre o Município e o Estado acabou por enterrar o projeto.

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