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Travesti é baleada por motoqueiro após festa; suspeito ainda não foi identificado

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a apuração da ocorrência é de responsabilidade do 11º Distrito Policial e que o suspeito ainda não foi identificado
23:00 | Mar. 06, 2019
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Tipo Notícia

Atualizada em 8 de março, às 11h44min

Uma travesti foi baleada por um motoqueiro após festa no bairro Benfica, em Fortaleza, na noite dessa terça-feira, 5. O suspeito do crime ainda não foi identificado.

Voltando de uma festa no Benfica, um grupo de amigos foi ofendido por um motoqueiro que passava pelo local, que usou de xingamentos transfóbicos. Um dos presentes, que é travesti, respondeu ao motoqueiro, entrando, em seguida, em luta corporal com ele. Quando uma outra integrante do grupo, que também é travesti, interveio, o motoqueiro sacou uma arma de fogo e disparou contra a segunda travesti, identificada como Kahlo.

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De acordo com um dos amigos da vítima, que estava no local durante a agressão, o suspeito teria sido empurrado por Kahlo para tirá-lo de perto da amiga. Nesse momento, o motoqueiro sacou a arma e atirou na perna da vítima. O suspeito conseguiu fugir na moto sem ter a placa do veículo identificada.

Foi feita uma ligação para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o socorro não foi aguardado. Um motorista de ônibus que passava no local ofereceu ajuda ao grupo, levando a vítima baleada desde o local da agressão, avenida da Universidade esquina com a rua Juvenal Galeno, até perto da Praça da Bandeira. Por conta da gravidade do ferimento, Kahlo não conseguia andar e não pode ser carregada pelos amigos pelo resto do trajeto.

Segundo o relato do grupo, uma viatura com agentes de trânsito que estava no caminho negou ajuda à vítima por não poder abandonar o posto. Uma das amigas seguiu sozinha até o Instituto Doutor José Frota (IJF), encontrando uma viatura de Polícia na frente do hospital.

Os policiais já estavam cientes do fato, segundo uma das amigas, mas demoraram a socorrer a vítima por conta dos procedimentos para apurar a ocorrência. Por fim, os policiais levaram Kahlo até o IJF, onde recebeu atendimento.

Após ajudar uma integrante do grupo que teve uma reação nervosa diante da agressão, a amiga de Kahlo relatou que sentiu descaso no atendimento. "A Polícia (estava) desrespeitando a gente e mandando a gente sair, dizendo que a gente estava fazendo baderna e puxando a gente pelo braço", disse ela.

"As pessoas não estão nem ai pra gente. A Polícia, o governo, são eles que estão matando a gente. É do interesse deles que a gente morra também. Perceber isso foi o que me quebrou. Não tinha ninguém pra proteger a minha amiga ali. Se eles não fossem obrigados pela lei, não estariam nem atendendo ela", desabafou.

Após receber atendimento, Kahlo já estava bem por volta da meia noite desta quarta-feira, 6. Ela havia sido medicada e tratada e aguardava decisão médica para saber se seria liberada ou continuaria internada.

Por meio de nota, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) informou que um grupo de amigos "se envolveu em discussão com um indivíduo que trafegava em uma motocicleta, tendo este sacado uma arma de fogo e alvejado a coxa esquerda" de Kahlo. A PMCE destacou que a viatura socorreu a vítima "apesar de ter sido hostilizada pelo grupo". A nota também identifica Kahlo como "homem", ignorando o nome social.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a apuração da ocorrência é de responsabilidade do 11º Distrito Policial e que o suspeito ainda não foi identificado. Em novo posicionamento, enviado nesta sexta-feira, 8, a pasta diz que, "por medida de segurança, não repassa nomes de vítimas" que tenham sobrevivido ao crime e que, "quando se trata de vítima fatal, que seja travesti e chega ao conhecimento da SSPDS, a vítima sempre é identificada pelo nome social, seguido do registro civil".

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