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Fortaleza tem aproximadamente 20 socorristas voluntários; O POVO Online acompanha rotina de salvamento

O POVO Online acompanha a rotina ação dos socorristas voluntários de Fortaleza e presencia salvamentos. Fortaleza tem aproximadamente 20 socorristas que trabalham de forma voluntária
11:55 | Fev. 13, 2019
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Tipo Notícia

 

A noite de sexta-feira, 8, estava movimentada quando o corretor de seguros Ricardo Herbert saía do Conjunto Ceará, em Fortaleza, no veículo próprio com destino à avenida José Bastos. Pessoas começavam a lotar bares e restaurantes na capital alencarina, enquanto Ricardo começaria uma rotina diferente da que ele vê no trabalho convencional.

A blusa com o nome de "Socorrista Voluntário" ajudava a identificar os profissionais que salvam vidas em Fortaleza, sem recompensa financeira. Como Herbert, aproximadamente 20 pessoas atuam da mesma forma, em bairros diferentes. Ricardo explica que todos possuem curso de socorristas. Existem técnicos de enfermagem e existem socorristas do Samu que atuam como voluntários nas horas de folga. Os voluntários chegam primeiro que as ambulâncias e realizam atendimento pré-hospitalar. Eles não fazem remoção. Parte dos socorristas utiliza motocicletas e outros automóveis.

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Acidente na avenida Osório de Paiva, considerado um Incidente com Múltiplas vítimas (IMV), em julho do ano passado, demonstrou a importância dos socorristas voluntários, que chegaram ao local e realizaram atendimentos pré-hospitalares em aproximadamente 13 vítimas com ferimentos e duas pessoas mortas. Os profissionais do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) ganham um apoio em acidentes graves. Ricardo diz que o acidente da avenida Osório de Paiva causou comoção. "Nós chegamos primeiro lá e parecia uma cena de guerra", revela.

Por meio de rádio, em comunicação passiva e sem interferir na frequência, os socorristas acompanham as ocorrências. Além do rádio, os grupos de WhatsApp criados por eles também auxiliam os profissionais a uma organização. Outra técnica que eles utilizam é com áreas de atuação: cada um atua perto de casa, uma maneira de chegar aos acidentes de forma rápida.

Em um shopping do bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, após uma hora de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) a vítima foi salva. A ação que aconteceu no ano passado foi filmada por pessoas que passavam pelo local. Quando a vítima foi reanimada todas as pessoas que estavam no estabelecimento aplaudiram o trabalho dos socorristas voluntários e dos profissionais do Samu.

Uma noite acompanhando socorristas

Por volta das 19 horas, O POVO Online iniciou o acompanhamento dos voluntários. Um dos primeiros atendimentos foi na avenida José Bastos, em Fortaleza. Um homem que quase foi colhido por um ônibus e acabou no chão. Ele teve um corte profundo na mão e permaneceu em atendimento. O homem foi atendido pelo socorrista Maia. O voluntário permaneceu aproximadamente 40 minutos com a vítima até que uma ambulância chegasse até o local para removê-lo.

Maia diz que o começo da noite foi movimentado com acidentes na avenida José Bastos. Enquanto a equipe de reportagem aguardava a chegada de uma ambulância, os socorristas souberam de uma lesão por arma de fogo no bairro Henrique Jorge. No entanto, ao chegar no local, já havia sido constatada a morte da vítima.

Em sequência uma queda da própria altura, de uma senhora de 77 anos, na rua Humaitá, nas proximidades da ponte do Genibaú. Esse tipo de ocorrência é frequente, casos de idosos que são vítimas de queda. Ricardo foi até o local e prestou os primeiros atendimentos. A queda foi em casa e o socorrista voluntário apresentou-se e perguntou se a família possuía interesse que a idosa fosse atendida por um voluntário.

Os parentes da idosa ficaram surpresos e agradeceram a ação. Uma das netas comentou que nunca soube de um trabalho voluntário de socorrista e agradeceu Ricardo.

Em meio ao deslocamento, uma ambulância tentava passar em uma via no bairro Jóquei Clube e não conseguia devido o grande número de veículos. O socorrista saiu do carro e começou a orientar os motoristas a dar a passagem. Mesmo sendo uma lei do Código Brasileiro de Trânsito, em muitos locais, é possível ver motoristas sem manobrar em prol das ambulâncias. Ricardo também comenta sobre os trotes. “São diários os casos que a gente verifica e é trote”, revela.

Oo POVO Online encontrou, em meio às ocorrências, uma dupla de socorristas voluntários que acompanhava acidentes no período da noite. Lindemberg Ribeiro e Xanderson Santos de Oliveira atuam como voluntários há aproximadamente dois anos. Eles utilizam uma roupa vermelha com identificação.Xanderson tem apenas 18 anos, mas comenta as diversas ocorrências que atendeu. Ele fala sobre uma ocorrência que atendeu no bairro Conjunto Ceará, de um rapaz que sofreu um acidente de carro no dia do aniversário. Apesar das tentativas, a vítima ficou paraplégica.

Já o socorrista Maia, relata que pensou em desistir quando atendeu um caso de uma criança que foi vítima de lesão por arma de fogo. Apesar das tentativas, a menina não resistiu aos ferimentos. "Passei uma semana mal, pensei em parar, mas não desisti", relembra.

Apesar do trabalho, eles são multados quando cometem infração de trânsito, mesmo quando estão em salvamento. Utilizam combustível e material do próprio bolso. Os socorristas aceitam doações de material de primeiros socorros, mas a maior parte é comprada por eles. 

Insegurança

Outro problema para os voluntários é a insegurança. Ricardo lembra que existem regras para ir aos locais onde são registrados disparos de armas de fogo somente com a presença da Polícia. Ele relata que uma socorrista foi surpreendida por um homem armado em Fortaleza, que a mandou parar o atendimento de uma vítima e descarregou o restante da arma no rapaz. “Ela disse que só sentiu um negócio gelado nas costas dela, era o cano da arma”, disse.

Para cada um dos socorristas, a resposta sobre o motivo de serem voluntários é praticamente a mesma. “Um sorriso, um abraço, um agradecimento”.

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