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Violência psicológica é principal forma de agressão sofrida por mulheres em Fortaleza, aponta pesquisa

A pesquisa traz ainda um recorte geográfico da violência contra mulheres em Fortaleza. A maioria vem da Regional V
18:08 | Dez. 13, 2018
Autor Wanderson Trindade
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Wanderson Trindade Repórter
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Tipo Notícia
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A violência física não é a principal, quanto menos a única sofrida por mulheres em relacionamentos abusivos. De acordo com pesquisa da Defensoria Pública do Ceará, 97,2% de mulheres atendidas em período de dez meses denunciam ter sofrido violência psicológica durante relações afetivas. Estudo também aponta para perfil de vítimas e de agressores.
  
A consulta foi feita com 478 mulheres que receberam assistência jurídica, psicológica e social da Defensoria, em Fortaleza, entre janeiro e outubro deste ano. Pesquisa foi realizada pelo Levantamento de Dados do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem). Para o órgão, violência psicológica, na maioria dos casos, é negligenciada até por quem a sofre. Portanto, é de difícil identificação.
  
Mascarada em forma de ciúmes, controle, humilhações, ironias e xingamentos, muitas vezes, a violência psicológica precede agressões físicas. Em três anos seguidos do levantamento, realizado em 2016, 2017 e 2018, a violência psicológica continua sendo a mais presente. 
  
O levantamento, obtido de forma exclusiva pelo O POVO Online, retrata a situação das vítimas como “impressionante”. 37% das mulheres apontam que estão até cinco anos em condição de vítima sem denunciar e 23% estão até dez anos vivenciando os abusos. A maioria (53,5%) aponta o medo como vetor para manter-se em silêncio, além da dependência emocional (50,2%).
[SAIBAMAIS]  
Em 2018, o perfil de mulher vítima de violência que chegou ao Nudem tem entre 26 e 35 anos de idade (38,4%), possui Ensino Médio completo (34,3%) e tem renda mensal de até um salário mínimo (34,1%). A pesquisa traz ainda um recorte geográfico da violência contra mulheres em Fortaleza. A maioria vem da Regional V (31,3%), seguido das Regionais VI (16,1%), III (15,8%) e IV (14,8%).
 
Agressores
  
O levantamento da Nudem traz o perfil do agressor. Em 44,5% dos casos, o ex-companheiro é identificado como causador da violência. A estatística se mantém das pesquisas anteriores: em 2017, 46,84%; em 2016, 42,16%. As violências geralmente ocorrem nos espaços públicos e domésticos (55,02%) e são potencializadas pelo consumo do álcool (46,65%). 
  
Em 81,59% dos casos, os filhos presenciam a violência. Os abusos acontecem, em sua maioria (82,22%), após o rompimento do relacionamento e em cenários em que agressor e vítima não residem no mesmo domicílio (83,47%). 
 
Divulgação de direitos
  
Para a Defensoria Pública do Ceará, esses dados fornecem indicativo da necessidade de ampliação do ensino sobre a Lei Maria da Penha. Somente 56 mulheres atendidas (11,72%) já dispunham algum conhecimento sobre a lei, enquanto apenas 147 delas (30,7%) pretendem representar criminalmente o ato.
 
Casa da Mulher Brasileira
  
Desde junho deste ano, os atendimentos da Defensoria Pública são realizados na Casa da Mulher Brasileira. Somente este ano, já foram registrados 4.516 atendimentos a mulheres em situação de violência. A inauguração oficial da Casa será na próxima sexta-feira, 14, às 16 horas.
  
O equipamento é resultado de parceria entre Governo do Ceará, Governo Federal, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça e Prefeitura Municipal de Fortaleza. Esta é a quinta unidade no Brasil e a segunda no Nordeste.
 
Serviço
 
Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) – Defensoria Pública

Local: Casa da Mulher Brasileira

Endereço: Rua Tabuleiro do Norte, s/n – Bairro Couto Fernandes, em Fortaleza.

Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

Contato: (85) 3108-2986

Para denúncias, disque 180 – Central de Atendimento à Mulher, de recebimento de denúncias ou relatos de múltiplos casos de violência.

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