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Apenas 17 cidades do Ceará têm atendimento especializado para pessoas com HIV

Fortaleza expande rede de assistência para dar conta da demanda de pacientes do interior do Estado
10:06 | Dez. 05, 2018
Autor Alexia Vieira
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Tipo Notícia
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Dos 30 locais do Ceará com estrutura e profissionais especializados para atendimento gratuito de pessoas com o vírus HIV ou que convivem com aids, 14 estão em Fortaleza. A assistência para pacientes do interior do Estado fica limitada a 16 cidades, sendo quatro delas na Região Metropolitana. A situação faz com que muitos pacientes busquem a Capital para realizar exames, fazer consultas com infectologistas ou receber os medicamentos necessários para o tratamento.

[SAIBAMAIS]Ana Estela Leite, secretária-adjunta da Saúde da Capital, anunciou na manhã da última segunda-feira, 3, que a Prefeitura está em processo licitatório para construção de duas novas policlínicas, na regional IV e V. Além disso, a policlínica do Complexo Zilda Arns, no Hospital da Mulher, deve começar a funcionar em maio de 2019. Os novos locais devem receber equipe de médicos, assistentes sociais e farmacêuticos para atender o público com HIV.  A declaração foi dada em seminário promovido em alusão ao 1º de dezembro, o Dia Mundial de Combate a Aids.

As ações de expansão de atendimento são frequentemente reivindicadas pelos grupos que lutam pelo direito das pessoas com HIV/aids, como a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV (RNP) e as outras instituições que compõem o Fórum de Movimento Social de Luta Contra a Aids do Estado do Ceará. Vando Oliveira, presidente da RNP, explica que pacientes da Capital e do Interior têm de conviver com a lotação dos centros de atendimento especializado em Fortaleza devido à falta de locais adequados nos outros municípios. 
 
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Um dos principais pedidos, de acordo com Vando, é a ampliação do ambulatório do Hospital São José (HSJ), referência no tratamento desses casos. Ele diz que o local está superlotado. “Os hospitais precisam ser ressignificados. Eles precisam de leitos. Os atendimentos dessas pessoas devem acontecer ainda na atenção básica, nos postos e policlínicas”, defende Estela. Para ela, a capilarização do suporte dado para pessoas com HIV/aids nas redes de saúde municipais, desafogando os hospitais estaduais, é a resposta para a alta demanda em Fortaleza. 

Para montar um centro especializado de atendimento, o município deve contratar médicos infectologistas, assistentes sociais e farmacêuticos preparados para manejar o coquetel de antirretrovirais. Sem a equipe, não é possível a distribuição do medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O paciente acaba tendo que vir para Fortaleza, muitas vezes de carona, e é largado na porta do Hospital São José. Se ele perde a consulta, que acontece de quatro em quatro meses, vai interromper o tratamento e corre risco de piorar”, explica Vando. Ele pede que o Governo do Estado pressione os gestores das cidades do Interior para providenciarem a equipe médica necessária.
 
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A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), por meio de nota, afirma que a assistência às pessoas vivendo com HIV/aids é compartilhada entre os municípios e o Estado. “Aqueles municípios que não possuem o serviço especializado podem referenciar seus pacientes para o serviço da região ou para a rede estadual. A gerência dos serviços é municipal, ficando este responsável pela gestão e contratação de seus profissionais, garantindo assim equipe multidisciplinar”, diz a nota.
 
Diretor do HSJ, Edson Buhamra, explica que o orçamento da ampliação do ambulatório já está garantido e as construções devem começar em 2019. O projeto da planta arquitetônica passou anos no papel e, por isso, ficou desatualizado. Nova licitação para arcar com as modificações necessárias deve ser feita. 
 

Números

Boletim epidemiológico de 2018 lançado pelo Ministério da Saúde revela que houve crescimento de 8,8% no coeficiente de mortalidade por aids no Ceará, passando de 3,4 para 3,7 óbitos por 100 mil habitantes. Semanalmente, o Ceará registra 32 novos casos de infecção pelo vírus HIV. Em Fortaleza, cerca de 7.700 pessoas estão passando por atendimento em decorrência do HIV e da aids.

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