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Coordenação de curso denuncia que policiais militares intimidaram alunos dentro da Uece

Segundo estudantes e a coordenação do curso de Filosofia, os PMs fizeram ameaças e "acusações difusas" para alunos
12:09 | Nov. 14, 2018
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Tipo Notícia
Atualizada em 15/11/2018, às 11h29min
 
Estudantes do Centro Acadêmico de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) denunciam “invasão” de policiais militares dentro do Campus Fátima da universidade. Segundo nota de repúdio divulgada pela coordenação do curso, policiais entraram no ambiente universitário e intimidaram alunos por meio de ameaças e “acusações difusas e sem objetos definidos, demonstrando apenas um interesse de vigia”. 

[VIDEO1]Lucas Caúla, estudante do Curso de Filosofia e integrante do Centro Acadêmico, explicou que os policiais que intimidaram os alunos trabalham fazendo a segurança nos arredores do campus para evitar assaltos, já que a área normalmente é perigosa, principalmente à noite. “Sempre existiu uma relação, uma recomendação, de que eles poderiam entrar na universidade para usar banheiro e beber água”, cita. O problema, ele diz, foi a conduta deles com os estudantes. 

Conforme Lucas, os dois policiais ameaçaram levar as pessoas que foram abordadas para a delegacia, para que assinassem um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Não foi explicado, porém, o motivo. “Não abordaram, não fizeram nenhuma revista, só foram grosseiros e criaram tensão”, disse. O estudante relata que a situação foi na última segunda-feira, 12, por volta das 13h30min e que os dois policiais não se identificaram.

O POVO Online entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar para um esclarecimento sobre o caso. Em nota, a instituição afirmou que “entrou em contato com o comandante da área, e o mesmo informou que não tem conhecimento desta abordagem”. “Entramos em contato com a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) para conhecimento de registro sobre o fato, mas também não fomos informados sobre a realização desses registros”, informou. 

A Uece enviou nota ao O POVO Online nesta quinta-feira, 15, sobre o caso. Segundo o texto, assinado pelo reitor, José Jackson Coelho Sampaio, e o vice-reitor, Hidelbrando dos Santos Soares, o fato relatado pelos estudantes e pelo curso "não se constituiu em invasão da Polícia ao campus, bem como não se vislumbra, até este momento, uma ação que tenha afrontado a autonomia universitária".
  
Segundo a Reitoria, o que aconteceu foi: "dois agentes, na tarde de 12/11, entraram no campus para os fins pactuados ("pausas no serviço, por necessidades de alimentação ou sanitárias", segundo a instituição) e, no caminho da saída, perceberam pessoas agrupadas, fora do modelo habitual de sociabilidade e estudo. A abordagem para identificar provável uso de substâncias ilegais ocorreu de modo padrão, em decorrência das responsabilidades inerentes à tarefa policial e em conformidade com a missão constitucional das forças de segurança."
  
A Uece informa que a presença de policiais no entorno do campus foi um "pedido da própria comunidade" acadêmica e que isso foi articulado pela Reitoria junto à Polícia Militar. "Qualquer eventual excesso dos agentes policiais pode ser informado, no primeiro expediente posterior, à Câmara de Segurança constituída pela Reitoria e presidida pelo vice-reitor, na qual participam representações da gestão, dos professores, dos servidores técnico-administrativos e dos estudantes", informa a universidade.
 
"A autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, presente nas Constituições Federal e Estadual, garante à Uece e à sua comunidade acadêmica o pleno exercício da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística e de comunicação, bem como da liberdade de manifestação e reunião. Estes princípios serão sempre defendidos pela universidade diante de qualquer ameaça, seja policial ou de qualquer outra organização, que busque tolher estas garantias constitucionais", reforça a Reitoria, reafirmando "interesse em fortalecer os laços da Universidade com a Polícia Militar".  


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