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PM Juliane: não pode ser mais uma estatística

12:03 | Ago. 10, 2018
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

Juliane dos Santos Duarte, de 27 anos, não pode ser mais uma estatística. Mulher, negra, lésbica e criada na periferia, ela conseguiu realizar um sonho de infância: se tornar policial militar. Em aproximadamente dois anos de corporação, já se destacava como uma profissional dedicada. Já em casa, a caçula dos três irmãos se dedicava ao sustento da casa. A mãe, cobradora de ônibus, foi demitida semanas antes do desaparecimento da filha. Aos 57 anos, tem a saúde debilitada pelo câncer na medula óssea. 


Pouco importa o que Juliane fazia em Paraisópolis. Policial também é ser humano, pode se divertir nas férias, pode ter amigo na comunidade. Policial é gente. E gente não deve ser morta de forma brutal. Tiro pelas costas, arrastada após ser baleada, e agonizando sabe-se lá por quanto tempo naquele porta-malas.

E não há sofrimento maior do que o da mãe de Juliane. Imagine o desespero de passar dias ligando para o celular da filha e escutar o aparelho chamar sem que ninguém atendesse. E não há justificativa para ser morto por ser um policial. 


As entidades internacionais de direitos humanos se pronunciaram, mostrando preocupação em relação à caça desenfreada aos profissionais da segurança. Cerca de 70% deles são mortos fora de serviço.  As facções criminosas estão diretamente ligadas a essa estatística, e algumas chegam a “batizar” os integrantes, dando a eles a missão de matar um policial para ser aceito no grupo.

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No Ceará, por exemplo, as facções trouxeram inúmeros problemas para o Estado. Chegamos em uma situação que qualquer situação que os desagrade gera uma represália a prédios públicos, ônibus em chamas, delegacias metralhadas. Temos famílias expulsas nas residências, pessoas mortas de forma brutal. É aqui, é em São Paulo, é no Rio de Janeiro. Onde os criminosos perceberem que há entrada, eles vão tentar se instalar. Não existe diálogo com facção.  

 

Juliane não deve ser esquecida. Ela está presente.  O crime contra ela também foi contra todas as mulheres. Foi contra todos os policiais. A Sorriso, como era chamada pelos amigos, representa cada um de nós. A violência é desenfreada, mas é difícil para as pessoas entenderem que Segurança Pública não depende só da Polícia. Cada um tem que fazer sua parte, tem que meter a colher, denunciar e não se calar.  

 

 

 

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