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Há 17 anos, primeira grande chacina deste século assombrou Fortaleza e repercutiu na Europa

A crueldade do assassinato dos seis portugueses chamou atenção internacional para o Estado em 2001
16:45 | Ago. 10, 2018
Autor Alexia Vieira
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Tipo Notícia
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Na época em que cearenses não estavam acostumados com chacinas nos noticiários, o assassinato de seis empresários portugueses na Praia do Futuro chocou o Ceará. Os estrangeiros foram torturados e enterrados ainda vivos na cozinha da barraca Vela Latina, localizada na parte velha da praia. Dezessete anos após o crime, o local ainda existe como casa para a aposentada Adelina Barroso e sua filha, que não encontrou formas de sair do sinistro local. 

[SAIBAMAIS]O banheiro de porta acinzentada onde as vítimas foram presas e a cozinha, que hoje só tem janelas, estão fechados há anos. Adelina ainda tentou abrir a barraca, funcionando por algum tempo, mas não teve sucesso devido à fama que o lugar recebeu. Depois daquele 12 de agosto de 2001, a mulher só era visitada por curiosos e turistas que queriam saber onde a "Chacina dos Portugueses" havia acontecido. Esperando a demolição da barraca prometida pela Prefeitura desde 2011, a proprietária nunca recebeu indenização para conseguir se mudar. 
 
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No dia em que os assassinatos aconteceram, Adelina não estava na casa, pois tinha alugado o imóvel para os cunhados de Luiz Miguel Militão Guerreiro. O homem, também português, foi o mandante da ação que começou com o encontro dos empresários no aeroporto, os conduzindo para a barraca. No local, Militão e um grupo de pelo menos mais quatro pessoas atiraram, bateram e torturaram as vítimas, que foram enterradas ainda vivas embaixo do piso da cozinha. "Era Dia dos Pais e eu estava na casa da minha irmã. Nós não ouvimos nenhum tiro, porque aqui tinha muita festa. Só depois de oito dias, quando os policiais chegaram procurando, é que soube o que tinha acontecido". 
 
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O objetivo do grupo era sequestrar e extorquir os portugueses, pois Militão passava por problemas financeiros. Segundo entrevista exclusiva dada ao O POVO na época, ele planejou o crime por trinta dias e pretendia pedir R$ 1 milhão de reais de resgate. No momento dos homicídios, o homem procurava sacar dinheiro dos cartões roubados dos portugueses, longe da barraca. Ele afirmou que nunca voltou ao local depois do crime, só soube do nível de crueldade dos comparsas quando assistiu pela televisão, já preso. Os corpos só foram encontrados 12 dias depois. A história rodou o mundo e teve impacto sobretudo em Portugal.
 
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Adelina relata que, depois da retirada dos corpos, o local ficou cheio de ratos e impossível de visitar devido ao mau cheiro. Após quase duas décadas, o que resta da barraca é a casa de fachada rosa onde mora, bem menor do que era antes. Dois casebres abandonados que faziam parte da antiga Vela Latina são a maior preocupação da proprietária. “Eu derrubei um porque só dava ladrão, eles invadiam. Aqui é ruim por isso”, desabafa.
 
Relembre o crime 
 
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