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Autor de escultura de Camilo feita com cápsulas de bala revela como começou seu trabalho

Em entrevista ao O POVO Online, ele conta que sua ideia de utilizar cápsulas em seus trabalhos começou com sua relação com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope)
11:18 | Jul. 05, 2018
Autor Matheus Facundo
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Matheus Facundo Repórter do portal O POVO Online
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Tipo Notícia
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Rodrigo Camacho é carioca de Jacarepaguá mas tem raízes no Ceará. Filho de mãe cearense, ele fez o rosto de Camilo Santana em cápsulas de bala calibre .40. O carioca desembarcou em terras alencarinas há 1 mês para construir obras para a nova sede do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio). Ele produziu diversas peças para o BPRaio e também para outros batalhões.

Em entrevista ao O POVO Online, ele conta que sua ideia de utilizar cápsulas em seus trabalhados começou com sua relação com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), parte da força de operações especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). 

"Sou amigo próximo de um subcomandante do Bope. Eu estava em uma viatura quando olhei pro chão e viu uma cápsula de fuzil, aí me levantei pela escotilha (teto solar) e avistei o símbolo do Bope de longe. Foi aí que tive a ideia de produzir símbolo da caveira de cápsulas de bala", comenta.
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Tudo começou há cerca de três meses. O artista então foi convidado pelo Batalhão a construir mais símbolos do Bope em comemoração aos 40 anos da operação. "Eles sabiam que eu era artista e que gosto de trabalhar com coisas criativas, e me deram um prazo para terminar a tempo da festa.", afirma.

Rodrigo Camacho conta que a repercussão foi imediatada e que ele e o Bope foram procurados por forças especiais internacionais como o Swat e o FBI. Após as obras rodarem o Brasil, ele comentou sobre a desvalorização do trabalho de quem faz a segurança pública. "Eu acho que o trabalho da polícia não é valorizado no Brasil, tem gente que quer até acabar com a corporação, mas eu não concordo com nada disso", pontua.

Além das cápsulas, Rodrigo também transforma materias antigos em arte, usa madeira, resina e pallets. Fora do ramo da arte, ele é proprietário de um pub no Rio de Janeiro.

As esculturas cearenses
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Com o sucesso e a divulgação das suas obras, Camacho logo chamou atenção do Ceará. "Me procurarem por muito tempo até que conseguiram meu contato e já pediram para eu fazer uma imagem do símbolo do Raio. Acabei achando muito bonito e fiz mais de uma. Tem até um quadro grande que tem uma folha de mandacaru embaixo", diz.

O artesão ressalta que não cobrou nada pelas peças e que fez tudo "por amor à sua arte e em agradecimento à polícia em geral". Sobre o quadro do governador Camilo Santana, Rodrigo comenta que foi uma "homenagem momentânea" e afirma que a peça já não está mais na sede do BPRaio do bairro São Gerardo. As outras permanecem.

"Pelo pouco que passei aqui, reparei que o Governo do Ceará investe muito na Polícia Militar e também em outros setores. Vi muitas obras sendo feitas por aqui. Achei legal o cuidado que se tem com Fortaleza e resolvi agradecer o governador pelo trabalho feito", ponderou o artista.

Ao O POVO Online, Rodrigo Camacho relata que passou cerca de 1 mês na produção destas obras que estão em Fortaleza. "Algumas ainda vão ser entregues para outros batalhões, como o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o Comando Tático Motorizado (Cotam).", informou.

Cápsulas 
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Sobre as cápsulas, o artista frisou que elas são usadas em treinamento de novos policiais e afirmou que existe todo um processo de autorizações que ele recebe para poder utilizá-las. "Tem uma grande diferença para um cápsula de combate. Existem algumas etapas para poder pegar essas cápsulas. Não é uma arte fácil de fazer", afirma.

Por meio de nota, a Polícia Militar do Ceará informou que as esculturas são de munições já deflagradas. "Geralmente, esses materiais são descartados, mas dessa vez, foram destinados ao artista plástico carioca, Rodrigo Gonçalves Camacho, para a produção das obras.  Por fim, informa que se tratam de esculturas permanentes e ficarão no referido Batalhão", diz o texto.

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