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Em menos de quatro anos, número de câmeras de videomonitoramento aumenta 1.109% em Fortaleza

No início do governo de Camilo Santana, o número de equipamentos na Capital era de apenas 116. Especialista questiona vigilância da população
11:17 | Jun. 21, 2018
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O número de câmeras de vigilância na Capital cresceu 1.109% durante o mandato de Camilo Santana (PT), conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em menos de quatro anos, foram adquiridos 1.287 equipamentos de vigilância. Até o início de 2014, eram apenas 116, totalizando agora 1.403 câmeras.
 
O governo pretende instalar mais 127 câmeras na Cidade durante o segundo semestre deste ano, além de mais de 700 câmeras em 38 municípios do Ceará. Em uma Fortaleza com olhos a toda esquina, questiona-se os limites entre segurança pública e privacidade. 

Segundo o coordenador da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), Coronel Aristóteles Coelho, o sistema de videomonitoramento existe em Fortaleza desde 1999. Ele diz que o número de câmeras cresceu consideravelmente em 2017, quando a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran/CE) integraram os equipamentos próprios com os da Ciops.

Para ele, o sistema tem sido importante na segurança pública. “Otimiza o nosso efetivo, uma área que eu teria que colocar dois policiais eu coloco uma câmera”, diz. Ele cita que, por causa das câmeras, tem sido possível visualizar ações de flagrantes. “É uma sensação de segurança maior para a população”, garante. O investimento anual do Governo do Ceará na disposição das câmeras e operação do serviço é da ordem de R$ 20 milhões.

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A socióloga do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) Ana Letícia Lins questiona os objetivos do Estado com tanta vigilância. “Não está claro quem tem o acesso dessas imagens, para que servem, a gente tem que saber disso para saber a eficácia”, critica. Ela cita a construção da torre de vigilância no Jangurussu como uma possível forma de controle social. “Há diferença de atuação da segurança pública e da polícia dentro da cidade. É um controle social da periferia, a ideia de um inimigo que deve continuar no canto”, coloca. 

O coordenador da Ciops nega que haja atualmente maior concentração de câmeras em determinados locais da Cidade. Ele afirma, no entanto, que o posicionamento dos equipamentos da Ciops é feito com base em estudo técnico de estatísticas de ocorrências. “De acordo com as estatísticas, vai quase triplicar o número de câmeras de Fortaleza”, calcula, se referindo aos planos do Governo do Estado a serem divulgados por volta do começo do próximo mês.

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Sobre a questão da privacidade, o coronel Aristóteles explica que existem diferentes tipos de câmeras e que elas são programadas para evitar gravar cenas que não devem. Ele cita dispositivos de gravação 360° que desligam momentaneamente ao passar por janelas de residências ou hotéis, para que não seja registrado o que ocorre no ambiente privado. “Nosso objetivo não é bisbilhotar, é a segurança da população”, justifica. Ele ainda garante que as imagens gravadas que não são de ocorrências são apagadas do sistema após 30 dias. 

A especialista tem ressalvas. “A questão da vigilância é: qual é o objetivo e quais os resultados de tanto investimento? Eu não sei em que medida isso tem ajudado para que a gente se sinta seguro”, questiona Ana Letícia. 

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