Participamos do

Velas, flores, lágrimas e silêncio no ato em homenagem às vítimas da chacina do Benfica

Alunos, professores e servidores da UFC, além de moradores do bairro Benfica, realizaram ato de luto em homenagem às vítimas. Velas foram acendidas e pessoas se emocionaram ao lembrar de conhecidos que faleceram na tragédia
14:54 | Mar. 12, 2018
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
[FOTO1]A marcha em direção à Praça da Gentilândia, palco da quarta chacina registrada no Ceará neste ano, foi silenciosa. Ao chegarem, os manifestantes deram as mãos e permaneceram em silêncio. Silêncio que significa não apenas o luto pelos sete mortos no Benfica na última sexta-feira, 9. Um silêncio de revolta, em resposta à crise na segurança pública do Estado. Foi assim que se manifestaram alunos, professores e servidores da UFC e moradores do bairro Benfica na manhã desta segunda-feira, 12. 

“Eu tava aqui no dia e vi um cenário de guerra, com gente morta no chão, com pessoas agonizando no chão, muito vidro, muito sangue”, lembra a socióloga Suiany Morais, 31, de voz trêmula. Entre as vítimas daquela noite de “terror”, como ela definiu, estavam conhecidos dela. “Aqui morreram 7, morreram 14 lá na Cajazeiras, vão morrer mais quantos para efetivamente ter uma política de segurança pública?”, questiona.

A rotina da vizinhança tem mudado nos últimos tempos devido a diversos casos de violência, mas a chacina causou medo na população, que parou de frequentar o antigamente movimentado lugar. “A praça ficou vazia, simplesmente desapareceu todo mundo”, diz o produtor de eventos Marcelo Lopes, 47, morador da rua lateral à praça há 12 anos. “Agora tudo bem, tem policiamento aqui. Mas até quando? Eu não dou 7 dias para sumir o policiamento aqui”, denuncia. 

No protesto, algumas pessoas criticaram a prática do “toque de recolher” na região, quando pessoas acabam não andando nas ruas a partir de certo horário devido à violência. Manifestantes falaram sobre a ocupação da praça e dos espaços do bairro como um protesto, reivindicando o direito à cidade. 

Após fazer uma roda de mãos dadas, os manifestantes se uniram no ponto da praça onde ocorreram os assassinatos, na parte onde normalmente ficavam as mesas dos bares já conhecidos da região. Velas foram acendidas e flores depositadas em uma espécie de santuário. Abraçados, conhecidos e amigos não continham as lágrimas de saudade e de luto. Um grito silencioso pela paz.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente