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Suspeitos negam envolvimento com mortes dos traficantes Gegê e Paca

De acordo com a defesa, os irmãos Cavalcante foram procurados por Gegê e Paca, ainda no ano passado, quando os criminosos chegaram ao Ceará. Entretanto, não sabiam que se tratavam de traficantes
14:07 | Fev. 26, 2018
Autor Henrique Araújo
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Henrique Araújo Repórter Política
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Tipo Notícia
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Citados em processo que pede a prisão temporária de seis pessoas por suspeita de participação nas mortes dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) ocorridas no Ceará, os irmãos Francisco Cavalcante Cidrão Filho e José Cavalcante Cidrão negam envolvimento com os crimes. Por meio de seu advogado, Caio Castro, eles afirmam que tomaram conhecimento dos assassinatos pela imprensa e que “não há nada que ligue os dois irmãos às mortes”.
[SAIBAMAIS]
Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram encontrados sem vida numa reserva indígena em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, na quinta-feira da semana passada. A dupla estava no topo da hierarquia do PCC fora das prisões. A principal linha de investigação da Polícia é de que eles tenham executados a mando de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC preso no interior de São Paulo. 
 
De acordo com Castro, os irmãos Cavalcante foram procurados por Gegê e Paca, ainda no ano passado, quando os criminosos chegaram ao Ceará. No Estado, explica o defensor, os líderes da facção criminosa contrataram os serviços de uma das companhias dos empresários cearenses para adquirir uma casa no condomínio de luxo Alphaville, em Aquiraz, e depois reformá-la. “Eles (Cidrão e Cavalcante) nem tinha conhecimento de que (Gegê e Paca) eram bandidos. Os dois chegaram dizendo que eram investidores”, relata o advogado. “A relação que os irmãos tinham com eles era puramente comercial. Gegê e Paca eram apenas mais um cliente.”
 
Segundo o defensor, ninguém no condomínio desconfiava de que Rogério e Fabiano fossem chefões do narcotráfico internacional passando-se por moradores comuns. “Todo mundo achava que eram empresários. Todo mundo, da faxineira aos vizinhos.” Ele afirma que seus clientes consideravam Gegê e Paca “pessoas normais, educadas, que tinham família, crianças”. Diz ainda que os irmãos Cavalcante chegaram a frequentar a casa em Aquiraz logo após a conclusão da reforma, no segundo semestre de 2017.
 
Além desse imóvel, Gegê e Paca tinham outro apartamento de luxo no Eusébio e quatro veículos importados cujos valores, somados, chegavam a R$ 2 milhões. De acordo com o promotor de Justiça de São Paulo Lincoln Gakiya, o patrimônio dos traficantes no Ceará girava em torno dos R$ 10 milhões.
 
Questionado se algum desses bens está registrado no nome de seus clientes, Castro respondeu que ainda não havia tido acesso aos documentos do processo. “Demos entrada hoje pedindo cópia do inquérito. Vamos aguardar 48 horas, que é o prazo que a juíza deu para avaliar o requerimento. Não tenho como confirmar nem do que eles estão sendo acusados”, respondeu. “Minha prioridade é a segurança deles. Os dois irmãos estão com muito medo.”
 
Na última quinta-feira, 22, juíza da Comarca de Aquiraz autorizou a prisão temporária de seis pessoas suspeitas de participarem direta ou indiretamente das mortes de Gegê e Paca. Além dos irmãos Cavalcante, foram citados no processo Samara Pinheiro de Carvalho Cavalcante, Magna Ene de Freitas, Wagner Ferreira da Silva e Felipe Ramos Morais.
 
Morto em São Paulo no mesmo dia em que sua ordem de prisão foi expedida, Wagner é o principal suspeito da morte de Gegê e Paca. De acordo com investigadores do Ministério Público de São Paulo, Waguinho, conhecido como "Cabelo Duro" e citado em bilhete apreendido pela Polícia Penitenciária paulista, estaria no helicóptero que decolou com os dois chefes no PCC no Ceará na quinta-feira, 15, e pousou em uma área de reserva indígena.
 
Felipe Ramos Morais é o piloto do helicóptero que levou Gegê e Paca de um heliponto próximo do Beach Park até a reserva. Lá, os dois criminosos foram mortos. Felipe já foi preso pelo menos duas vezes, uma delas por transportar drogas em aeronave. Outra, por pilotar com registro irregular. Em 2014, foi condenado à prisão pela Justiça Federal no Ceará depois de ser preso transportando 174,8 quilos de pasta-base de cocaína vinda da Bolívia. A ordem foi da 25ª Vara Federal, de Iguatu.

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