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Insegurança em Fortaleza cria refugiados urbanos

O refugiado urbano é esse infeliz, geralmente pobre, que de repente tem sua rotina destroçada na casa, na rua, no bairro, no trabalho, na escola dos filhos... Nas relações afetivas com o lugar onde vivia "em paz"
09:02 | Jan. 05, 2018
Autor Demitri Túlio
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Demitri Túlio Repórter investigativo
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Tipo Notícia

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Fica a sugestão para Izolda Cela, vice-governadora e coordenadora do Ceará Pacífico, pessoa sensível no trato com a justiça social: criar um grupo para discutir, de maneira prática, como reconstruir o cotidiano de homens, mulheres e crianças expulsas pelas facções/tráfico nos bairros de Fortaleza.
[SAIBAMAIS]
A história é real. E não é apenas enredo desta semana, quando mais de 20 famílias da comunidade Unidos Venceremos, no Barroso, foram obrigadas a abandonar suas casas tangidas pelo medo. A insegurança em Fortaleza, isso não é exagero, criou a figura do refugiado urbano.

O POVO noticiou, em 2015, o desespero de uma família que, após o assassinato do pai, teve de ir embora da favela Cidade de Deus, no São João do Tauape. Foi ameaçada durante o velório. Deixou um pequeno mercantil, uma casa de dois andares, outros imóveis, roupas e a dignidade.

Há no banco de dados do O POVO reportagens sobre o mesmo problema social no Curió, na Barra do Ceará, Castelo Encantado, Bom Jardim, Jangurussu... A própria ocupação Unidos Venceremos já havia sido notícia de jornal no ano passado.
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O refugiado urbano é esse infeliz, geralmente pobre, que de repente tem sua rotina destroçada na casa, na rua, no bairro, no trabalho, na escola dos filhos... Nas relações afetivas com o lugar onde vivia “em paz”.

O fenômeno da expulsão, criado pelas facções e o tráfico, além de ser uma consequência da insegurança pública é um prejuízo (ainda não contabilizado) nas contas do Estado.  

Quando se é expulso, por exemplo, se deixa de ir à escola. Consequentemente, o bolsa família é cortado. Outra: a maioria dessas pessoas, em condição de subvida, não tem dinheiro para pagar aluguel. Ou vai amontoar casa de parentes, ou seguirá para uma nova ocupação ou irá morar na rua.

E muita gente, adoecida no corpo e na alma, engrossará as filas do SUS...

É grave e urgente, vice-governadora, a situação dos refugiados urbanos! Criança fora da escola, famílias separadas, desordem urbana, traumas emocionais, futuro incerto.

É chegada a hora de uma intervenção a curto prazo. A presença da polícia é necessária, mas sozinha ela só consegue garantir a segurança do caminhão da mudança.


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