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Mais de 50 pessoas denunciam suposto golpe de construtora

Mais de um ano após o fim do prazo de entrega das residências, o suposto empresário sumiu. Vítimas acreditam que não é a primeira vez que o golpe é aplicado pela mesma quadrilha. Número de vítimas pode ser ainda maior
16:55 | Nov. 01, 2017
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia
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O sonho de uma vida inteira de, pelo menos, 50 famílias foi desmoronado por um golpe. Ao oferecer preços bem abaixo do mercado e em um prazo mais rápido que o habitual, um casal teria enganado cerca de 50 famílias na compra de residências pré-moldadas em Fortaleza e Região Metropolitana. Ao fim dos prazos estabelecidos para a entrega dos imóveis, os construtores sequer tinham preparado os terrenos. Eles pararam de atender aos telefonemas e sumiram. Não seria a primeira vez que os supostos empresários realizam ações do tipo.
 
Os casos foram denunciados na Delegacia de Defraudações e Falsificações. “Estou sem chão”, resume o microempresário Tiago Queiroz, 33. Em outubro de 2016, ele escutou numa rádio um anúncio da "casa mais barata" e de "construção mais rápida do Brasil". A residência, de 177 metros quadrados, custava R$ 85 mil e seria erguida dentro do terreno do empresário, no bairro de Messejana. Queiroz, então, fechou contrato, deu R$ 33 mil de entrada e, após algumas visitas, o dono da construtora simplesmente sumiu. “Ele visitou duas vezes o terreno. Disse que estava com a mãe doente, que tinha atropelado um motoqueiro. Até aí, acreditei”. A certeza do golpe veio quando o construtor passou a não atender mais aos telefones e não era encontrado.
 
Quando foi à Delegacia de Defraudações, fazer um Boletim de Ocorrência, descobriu que era só mais uma das mais de 50 vítimas da mesma pessoa. Queiroz ainda tentou negociar a devolução do dinheiro, mas o suspeito sempre descumpria os prazos acordados. 
 
O administrador Ornaldo Leite, 38, também está entre as vítimas. Ele comprou uma casa em um condomínio fechado, na cidade de Maracanaú  uemsetembro de 2014, com promessa de entrega até janeiro de 2015. A residência serviria de morada para ele e a então noiva. Até agora, nenhuma residência foi entregue. Ornaldo chegou a entrar na Justiça, pedindo a devolução do dinheiro e aguarda decisão judicial. Procurou também o Programa de Defesa do Consumidor (Decon/CE) e, apesar de ter se comprometido a devolver  parte do valor,até a noite desta quarta, não  recebeu dinheiro.
 
Culpa da crise 
O advogado das empresas LarInvest e Techlar, responsáveis pelas obras, Renato Portela, informou que a razão do não cumprimento do contrato foi a crise econômica. “Os donos não tiveram nenhuma intenção de golpe e estão dispostos a negociar as dívidas por terrenos”, disse. Segundo ele, muitos dos que estão acusado os donos da empresa estavam em débito e não terminaram de pagar as prestações e isso seria uma das causas de a empresa ter entrado em processo de falência.
 
Jaime de Paula Pessoa, titular da DFF, diz que o dano às vítimas pode chegar a mais de um milhão de reais, mas os prejuízos psicológicos são incalculáveis e as investigações prosseguem. Segundo o delegado, o estelionato pode resultar em prisão. “Muitos usaram o dinheiro de uma vida inteira”.

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