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Familiares pedem justiça em ato; processo pode demorar anos

Familiares e representantes de entidades de defesa dos direitos humanos criticaram a morosidade do judiciário em levar os réus ao júri popular
20:26 | Nov. 11, 2017
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Familiares das vítimas da Chacina da Grande Messejana e representantes de entidades de defesa dos direitos humanos participaram neste sábado, 11, da 5ª Marcha da Periferia,a na Praia de Iracema. Eles relembraram os mortos e pediram justiça aos responsáveis pela matança, ocorrida entre os dias 11 de 12 de novembro de 2015. Atualmente, o processo tramita na 1ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, numa fase que pode demorar anos até chegar à conclusão, conforme publicou O POVO na última sexta-feira, 10.

“No começo, tudo caminhou muito rapidamente. Agora, estou esperando, cadê o julgamento? Às vezes, acho que aquilo no início foi maquiagem. Os policiais estão soltos, sabem quem somos, onde moramos e trabalhamos. Eu fico com medo”, disse Maria de Jesus, 43, auxiliar de nutrição e mãe de Renaylson Girão da Silva, 17, um dos mortos naquela madrugada.

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Ao todo, 50 policiais, pelo menos, foram investigados pela Controladoria Geral da Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) e 44 denúncias do Ministério Público do Ceará (MPCE) foram acatadas pelos juízes. Os acusados chegaram a ser presos por nove meses e quinze dias. Contudo, foram liberados, menos um, envolvido em fatos que teriam desencadeado a chacina. Dez tiveram processos arquivados e 34 vão a júri popular. As defesas dos réus recorreram. O MPCE também recorreu contra os arquivamentos.

Para a cabeleireira Ana Lúcia, 42, esposa de José Gilvan Pinto Barbosa, 41, assassinado no Barroso, é preciso manter o caso na memória da sociedade para que não volte a se repetir. “Estamos na rua também para pressionar que a Justiça faça justiça. Queremos o júri popular, nada mais que isso, é o mínimo”, afirmou.

5º Marcha da Periferia
Conforme Márcia Lustosa, do Conselho Regional de Serviço Social, a Marcha da Periferia ocorre para cobrar ao Estado e ao Município políticas públicas para áreas mais vulneráveis da Cidade. “Criticamos a falta de ações para a juventude, programas de enfrentamento da violência, da questão social e do desemprego. São problemas relacionados que o poder público não tem dado conta”, disse. Neste ano, o movimento incorporou a demanda dos familiares e amigos das vítimas da chacina. “A ideia é fortalecer a memória dos jovens. Não queremos que isso seja esquecido. Precisamos dizer que existiu e que a justiça precisa ser feita”, afirmou.

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