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Consumidores reclamam de serviços em festa privada de Réveillon na Praia do Futuro

Falta de comida e desorganização são algumas das reclamações dos consumidores, que vão ingressar ação judicial para exigir reparação de danos materiais e morais
13:45 | Jan. 02, 2017
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia

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Grupo com cerca de 100 pessoas vai processar a organização do evento "Réveillon Ronco do Mar", realizado na virada de 2017, na barraca de praia Marulho, em Fortaleza. Os clientes relatam falta de segurança e de comida, bem como outros constrangimentos na festa do fim de semana, cujos ingressos custavam até R$ 290. Uma série de reclamações circula nas redes sociais, mas a organização ainda não se manifestou sobre o caso.

As principais críticas são referentes à desorganização, como diz a comerciante Luana Ferreira, 27. Ela conta que comprou o ingresso com antecedência, ainda no primeiro lote, pelo valor de R$ 190. "Esse ingresso dava direito a um rodízio de massas e crepes, além do open bar. Quando ficou mais perto, soltaram um informativo que seria oferecido jantar, com entradas e sobremesa. Mas as filas estavam enormes, muita gente nem conseguiu comer. Foi um desastre!", narra.

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Além da falta de comida, os clientes dizem que houve problemas com mesas previamente reservadas, e as bebidas estavam quentes. "Não tinha reposição, acabou o gelo e muita gente passou a virada na fila. As pessoas estavam de saco cheio e começavam a ir embora", diz Luana.

No Facebook da barraca Marulho, clientes dizem que o público não passou por revista e algumas pessoas no local poderiam estar armadas. "Tiraram as postagens sobre o evento e apagaram a página do Ronco do Mar. Logo após a festa, as pessoas já organizaram um grupo no Whatsapp para essa ação judicial", informou Luana.

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Érika Paula, 30, também conta que os clientes chegaram a fazer fila na cozinha do local. "Estava muito bagunçado, quando cheguei na minha mesa já havia um casal porque disseram pra eles que não tinha reserva. Todo mundo se sentiu humilhado e frustrado, também queimou o filme da nossa cidade", diz.

A advogada Vanessa Frota explica que as ações serão ingressadas de forma individual para a reparação dos danos materiais e morais, com a representação do escritório de advocacia Hélio Góis e os advogados Olavo Cerqueira e Lilian Daniele. "Tem gente de outro estado que veio e já gastou com passagens. Foi uma enganação, prometeram vários serviços e uma festa digna, mas as pessoas passaram por uma situação vexatória e perigosa", disse ao O POVO Online.

O POVO Online procurou a organização do evento Ronco do Mar, mas as chamadas para o único número disponível nas redes sociais não foram atendidas.

A proprietária da Marulho, Fátima Queiroz, esclareceu que o evento não foi organizado pela barraca, que apenas cedeu o espaço para a festa. Ela enviou uma nota sobre o caso e informou ainda que a Marulho está em contato com advogados.

Confira a nota da empresária, na íntegra:
"O evento em questão foi realizado pela empresa Sexta Blue Organizadora de eventos.  A relação da nossa empresa com o evento foi tão somente da cessão do espaço. Não tivemos nenhuma ingerência na logística de toda e qualquer operação (buffet, Bandas, Distribuição de mesas, etc).

Afirmo ainda que a empresa realizadora já executou vários eventos na Barraca Marulho, e que todos eles, tradicionalmente, são realizadas com muito esmero, zelo e respeito pelo público frequentador, de forma que sempre tiveram muito êxito, sucesso e reconhecimento do público consumidor. Nunca geraram qualquer desconforto ou situação negativa para o seu público ou para a nossa empresa.

No mais, lamentamos muito a insatisfação dos clientes e somos solidários com todos. Também com os organizadores, que, pela minha experiência como empresária, acredito que não agiram de má fé, mas se depararam com imprevistos absurdos e não tiveram tempo hábil para ajustar os processos da operação frente aos episódios.

Lamentamos profundamente e nos solidarizamos com todos. Clientes, colaboradores em geral e também com os organizadores.

Fatima Queiroz - Proprietária da Barraca Marulho".

Direito do consumidor
A diretora do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon), Cláudia Santos, explica que os clientes podem exigir reparação de danos em qualquer situação em que os serviços não foram prestados de forma eficiente.

Pelo artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, o "fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos".

"Para reparar os danos, o caminho é a esfera judicial, mas os consumidores também podem procurar o Procon para denunciar. A violação do código de defesa do consumidor pode gerar sanções administrativas, incluindo multas que podem chegar até R$ 11 milhões", completa Cláudia.

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