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Terreno dos Correios no Cambeba se torna Arie

A Área de Relevante Interesse Ecológico foi oficialmente criada após processo que levou quase cinco anos. O vereador João Alfredo, autor do projeto, destaca a necessidade de proteção da única região restante de cerrado na Capital
23:03 | Nov. 14, 2016
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

O projeto de criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do terreno dos Correios no Cambeba foi sancionado pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município do último dia 31. A lei 10.537/16 cria a Arie denominada Abreu Matos, em homenagem ao pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), morto em 2008.

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A Arie Prof. Abreu Matos tem 18,8 hectares e foi criada com a finalidade de manter o importante ecossistema local, além de regular e conservar o uso da área. A lei visa ainda a reduzir o “desmatamento descontrolado”, evitando até o aumento da temperatura na cidade.

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Para a criação da unidade de conservação, foi necessária permissão do Conselho da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, administradora do terreno. É o que menciona Águeda Muniz, secretária de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza. “A Prefeitura apoiou a criação da Arie desde o inicio, preservando a última área de cerrado em Fortaleza. A poligonal de quase 20 hectares foi criada a partir da anuência dos Correios”.

 

A lei prevê ainda que a área seja destinada a pesquisas, estudos, e contato com a natureza, “bem como o turismo ecológico, o lazer sustentável, e a atividade contemplativa”. Contudo, isto somente será definido com o Plano de Manejo da Arie, segundo Águeda. A Seuma informou que a partir da próxima semana começará a trabalhar na formatação do Conselho Gestor. Em paralelo, vai elaborar um termo de referência para contratação do Plano de Manejo, que leva em média 30 dias para ser concluído.

 

O vereador e professor de Direito Ambiental João Alfredo (Psol), autor do projeto de lei, celebra a conquista, após quase cinco anos de trâmite. “O projeto de lei partiu da demanda do movimento ecológico, enxergando a necessidade de proteger a área por ser o último pedaço de cerrado em Fortaleza”.

 

“É importante ressaltar a abertura da Prefeitura para o debate, que contou com representantes de movimentos ambientais, sociais, políticos e acadêmicos, como a arquiteta Aida Matos Montenegro, filha do homenageado”, salienta João Alfredo. Ele comentou ainda sobre a adesão “entusiasmada” do então ministro das Comunicações, André Figueiredo, que assinou o termo de cooperação entre os Correios e a Prefeitura de Fortaleza, em maio deste ano.

 

A reserva para preservação livra a área da pressão do mercado imobiliário, segundo o vereador. Ou mesmo do antigo desejo dos Correios em ampliar sua área construída, como citado em reportagem do O POVO em novembro de 2014.

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Incêndios foram reportados na área. O mais recente, no fim de setembro, teria sido deflagrado por queimadas realizadas no entorno, segundo o Corpo de Bombeiros.

 

 

Visitas em 2014 apontaram a riqueza natural da área. Durante as visitas, foram encontradas espécies como barbatimão, janaguba, murta, mamão de bode, murici pitanga, milhomem e jurema branca. No extrato herbáceo, que é a vegetação rasteira, existe o capim dourado. Todas são espécies características do cerrado. Quanto à fauna, foram observados sabiás, gavião-peneira (Elanus leucurus) e a maria besta (Elaenia cristata), aves típicas do cerrado.

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Homenagem
A Área de Relevante Interesse Ecológico foi batizada em favor da memória do professor emérito da UFC Francisco José de Abreu Matos, que faleceu em 2008. Abreu Matos é conhecido pelo projeto Farmácia Viva, voltado à assistência social farmacêutica com uso de plantas medicinais. A iniciativa foi criada em 1983 pelo pesquisador após três décadas de estudos e catalogação de plantas nativas brasileiras.

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