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Universitária denuncia assédio sexual em boate de Fortaleza

Relato do assédio foi publicado na página pessoal da jovem e viralizou nas redes sociais, neste domingo, 8. Imagens das câmeras de segurança do estabelecimento serão utilizadas para identificar agressor
20:22 | Mai. 08, 2016
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia

A universitária Luiza Maropo, 22 anos, estava em uma boate de Fortaleza quando, segundo conta, foi assediada por um desconhecido, na noite de sábado, 7. O relato, corriqueiro na vida das mulheres, ganhou força nas redes sociais e agora ela colhe provas para identificar e punir o agressor. "Eu não aguento mais esse tipo de coisa, em vários lugares, quase todo dia", desabafa.

Luiza, que estuda Publicidade e Propaganda, diz que estava próximo ao bar do estabelecimento na Praia de Iracema, quando foi abordada pelo homem. "Eu me virei, o cara me agarrou e enfiou a língua na minha boca. Minhas amigas me puxaram e fui atrás do segurança".

Segundo a jovem, ela denunciou o assédio ao segurança do estabelecimento, mas, como estava muito nervosa, um amigo pediu que ela fosse retirada do local. "Eu cheguei a brigar com o segurança, mas depois soube que um amigo pediu para que me retirassem de lá. Eu estava, obviamente, revoltada, chorando muito e não queria sair, queria que algo fosse feito", afirma.

O relato foi publicado na página pessoal de Luiza e, depois da repercussão, ela recebeu apoio de várias pessoas. "Muita gente veio falar comigo, contando inclusive outros assédios. Eu vou registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia mais próxima ainda neste domingo", disse.

O POVO Online entrou em contato com a assessoria do Órbita Bar, onde aconteceu o assédio contra a jovem. O estabelecimento informou que o suspeito do assédio foi retirado do local ''sem contestação por parte do mesmo''. "Essa atitude foi tomada mesmo antes da confirmação das imagens, para garantirmos a ordem no momento", disse, em nota.

O Órbita Bar lamentou o ocorrido e disse que vai disponibilizar as imagens das câmeras de segurança para a jovem utilizar na investigação. ''A equipe da casa acompanhou tudo de perto. A primeira abordagem foi feita por uma segurança mulher, sendo conduzida depois pela gerente da casa. Em nenhum momento Luiza foi deixada sozinha ou desamparada'', completa.

Como não lembra do rosto do agressor, as imagens serão importantes para identificá-lo, explica Luiza. "Já aconteceu de pegarem na minha bunda, eu bater no cara e ele me dar um murro. Foi no Carnaval, na hora não tinha muito o que fazer, mas sempre tento fazer uma confusão. Geralmente não tem provas, mas, dessa vez, com as imagens, vale a pena fazer algo".

Socorro Portela, delegada que fazia plantão na Delegacia de Defesa da Mulher neste domingo, 8, explica que assédios do tipo podem ser denunciados em qualquer unidade policial. "Não necessariamente aqui. O caso será investigado e, somente depois disso, será possível ver quais crimes o acusado poderá responder, como contravenção", disse.

A pesquisadora do Observatório da Violência Contra a Mulher e mestre em Políticas Públicas, Kelyane Sousa, corrobora com a opinião de Luiza sobre assédios do tipo serem inaceitáveis atualmente. "Não deixa de ser uma relação hierárquica em relação ao gênero. A base da desigualdade, do machismo, é o homem achar que a mulher é um objeto, está a seu dispor. Ele se acha no direito de não tentar uma outra atitude, acha que ela está num patamar abaixo do dele", avalia

De acordo com Kelyane, os assédios femininos devem ser combatidos com educação e punição. " ''Primeiramente, tem que haver uma prática educativa, com mais campanhas dentro da universidade, da escola. A mulher tem que ser respeitada, o homem não pode tentar impor nada, tem que sempre conseguir algo através do diálogo e, aí sim, homem e mulher, podem ter um relacionamento", frisa.

"Punir é uma forma de tentar, pelo menos, chamar atenção, mostrar que isso está errado, que esse tipo de violência não pode ocorrer mais na nossa sociedade. Nenhuma mulher tolera mais isso", completa a pesquisadora.

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