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Desapropriação preocupa famílias do bairro Engenheiro Luciano Cavalcante

A documentação judicial alega que proprietário do terreno onde fica as 13 famílias pertencem a um advogado. Os proprietários contestam a ação
18:55 | Mai. 20, 2016
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Atualizada às 13h55min do dia 21

Na casa onde mora há 20 anos, no bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, a artesã Délia Corecco, 53, preserva um jardim cheio de plantas, com árvores centenárias. Com vista para o jardim, ela construiu um ateliê de píntura, de onde tira o sustento desde que se aposentou. No entanto, o desespero chegou na manhã desta sexta-feira, quando ela recebeu um mandado de desapropriação e viu o ateliê ser parcialmente destruído. Neste sábado, apesar do apelo dos moradores, os tratores seguem derrubando as propriedades.   

Délia e outras 12 famílias foram notificadas da decisão de desapropriação emitida pelo Juiz da 7ª Vara Cível de Fortaleza. A decisão diz que o terreno pertence a outro proprietário e ameaça a demolição das casas localizadas no quarteirão compreendido entre a avenida Maria Alice Ferraz, rua Mariana Pinto Bandeira,Luiza Miranda Coelho e Dr.Francisco Gadelha. A área corresponde a 1247 m².

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Segundo os moradores, as famílias foram informadas da decisão no final do ano passado. O terreno seria pertencente ao advogado Francisco Chagas. "Eles vieram há seis meses e apresentaram a documentação. Nós nos reunimos, contratamos um advogado e e vimos que o terreno que ele diz ser dele pertence à Prefeitura, esse pedaço é uma rua", afirma a enfermeira Renata Sousa, 40.

Ela mora no local há cinco anos com o marido e duas filhas e mostra os documentos de propriedade da casa comprada por uma imobiliára. "É desesperador você acordar e saber que vão passar um trator e demolir parte da sua casa. A gente se sente sem voz e sozinho", angustia-se.

Na tarde desta sexta-feira, 20, tratores, policiais e homens da construção civil estavam no local para iniciar a desapropriação das famílias. Diante da situação, moradores entraram com processo na Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e, segundo ela, estariam previstas resoluções para esta segunda-feira, 23.

Segundo Roberto Alves, advogado do suposto proprietário, existe um processo de reintegração de posse na justiça corrente desde 1982, que passou por diversos embargos até ser aprovado."Nós estamos dispostos a negociar com os moradores, a ideia é que eles comprem essa parte onde eles já estão". Segundo o advogado, no caso de não chegarem a um acordo, a destinação após a demolição deve ser a venda.

Seuma

A redação do O POVO entrou em contato com a Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). Por telefone, a assessoria da pata afirmou que o processo teve entrada hoje e que a equipe da secretaria ainda irá apreciar e realizar avaliações técnicas no local para confirmar se o terreno de fato é da Prefeitura.

A demolição das casas está prevista para iniciar amanhã, às 9 horas da manhã. Sem o ateliê que tanto gostava, dona Délia pode perder as flores do jardim e o pé de tamarindo que cultivou desde que chegou ao lugar que chamou de casa.  

Redação O POVO Online 

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