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Artistas ocupam o prédio do Iphan em Fortaleza

A ocupação foi motivada pela extinção do Ministério da Cultura (MinC) e é articulada em conjunto com outros órgãos espalhados por todo Brasil
13:01 | Mai. 17, 2016
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Tipo Notícia

O prédio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Ceará foi ocupado na manhã desta terça-feira, 17. Cerca de 70 pessoas ligadas à cena artística local se concentraram na entrada do Instituto às 7 horas e entraram no prédio em seguida. A ocupação foi motivada pela extinção do Ministério da Cultura (MinC) e é articulada em conjunto com outros órgãos ligados à cultura e espalhados por todo Brasil.

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Segundo Marquinhos Abu, membro do coletivo Aparecidos Políticos, a decisão sobre ocupar o prédio foi tomada a partir de uma reunião ocorrida na noite dessa segunda-feira, 16, com cerca de 200 pessoas, dentre artistas e produtores culturais.

“A gente não reconhece o governo. Não estamos aqui para tentar negociar. Estamos aqui para dizer que o MinC é nosso, não pode ser retirado. É diferente da ocupação da Secultfor onde o prefeito estava do lado e era uma pauta bem específica. Aqui é uma questão de nível nacional”, compara Marquinhos.

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“Toda ocupação tem um caráter de primeiro se organizar para depois identificarmos as demandas existentes. Esse é um prédio tombado, então vamos retirar comissões responsáveis para cada ponto: segurança, comunicação. Precisamos manter a integridade do prédio, do movimento e dos manifestantes que estão aqui”, disse a atriz Marina Brito sobre a primeira assembleia organizada após a ocupação.

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Motivação
O historiador João Paulo Vieira explica o ponto de partida das movimentações por todo o Brasil. “Desde o anúncio da extinção do Ministério da Cultura diversos artistas das diversas linguagens começaram a se movimentar tentando garantir minimamente os direitos que foram conquistados na últimas décadas. Nós percebemos que é de fundamental importância reafirmar a importância do Minc, que mais que um Ministério ele é um conjunto de políticas culturais voltadas para a diversidade cultural brasileira que é um direito assegurado no artigo 215 da Constituição.”

O artista circense Alysson Lemos ressalta a importância de preservar o Ministério e afirma que quem perde não é apenas a classe artística, mas a sociedade como um todo. “A extinção do Ministério é vista por nós como uma extinção de direitos, é um retrocesso histórico. Um Ministério que foi criado como fruto de muita luta ser extinto de um dia para o outro é algo meio que surreal.”

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Articulação Nacional
Marina explica como o movimento vem se espalhando pelo País. “Essa mobilização do ‘Fora Temer o MinC é Nosso’ é uma mobilização que está acontecendo em nível nacional. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, artistas ocuparam o prédio da Funarte. Em Curitiba, ocuparam o Iphan de lá. Em Recife estão articulando ocupações.”

O escritório regional do Ministério da Cultura em Salvador, onde também funciona a Fundação Palmares, foi ocupado na manhã desta terça-feira, 17.

“A ideia é que todas as instituições, autarquias vinculadas ao Ministério da Cultura sejam ocupadas como forma de pressionar o governo do Michel Temer para reabrir novamente o Ministério”, reforça João Paulo Vieira.

Secretário da Cultura
Em nota, o secretário da Cultura do Estado, Fabiano dos Santos Piúba, comentou o caso e disse que a ocupação do Iphan é "absolutamente legítima". Veja abaixo o texto na íntegra:

"A ocupação no Iphan de Fortaleza pelo Fora Temer/Fica MinC é absolutamente legítima, necessária, vital, potente, bonita e democrática. Claro que estão tomando os cuidados necessários, pois o prédio é um bem tombado que requer uma postura responsável com o patrimônio histórico e tudo está sendo negociado com a Superintendência do Iphan. Os artistas, realizadores, produtores e gestores culturais que ocuparam hoje o Iphan do Ceará não só na defesa da integridade do MinC, mas também das politicas culturais que foram geradas e construídas desde que Gilberto Gil e Juca chegaram ao Ministério da Cultura com o presidente Lula.  Então, é uma ocupação que defende visões abrangentes de cultura, de Nação e de desenvolvimento do Brasil, que passa pela defesa do direito à cultura como um direito fundamental e humano, mas também como exercício pleno da democracia. Por isso que acredito nessa rapaziada e, juntos, vamos reverter essa medida retrógrada que estão tentando impor à sociedade brasileira".

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