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Amigos e familiares se despedem de Seu Lunga

Personagem do folclore cearense, Seu Lunga foi enterrado em Juazeiro do Norte. O cortejo fúnebre teve chuva de pétalas de rosas e performance de música
10:20 | Nov. 24, 2014
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Joaquim dos Santos Rodrigues, o Seu Lunga, foi enterrado na tarde do último dominho, 23, no Cemitério do Socorro, em Juazeiro do Norte, 493,4 km de Fortaleza. Durante o sepultamento, uma aeronave do Grupo Anjo da Guarda jogou uma chuva de pétalas de rosa no local para homenagear o comerciante de temperamento agreste e tiradas bem-humoradas.

"Seria um indelicadeza vê-lo sendo sepultado sem uma saudação póstuma à altura, como ele costumava fazer com seus parentes", explicou o radialista Demontier Tenório, primo em segundo grau do comerciante. O cortejo fúnebre contou ainda com apresentação do artista Galvão, que cantou a música "Beata Mocinha", de Luiz Gonzaga, após lembrar a devoção de Seu Lunga ao Padre Cícero.

[SAIBAMAIS 4] Seu Lunga Inspirou folhetos da literatura de cordel que destacavam sua personalidade arredia, mas muitas das anedotas atribuídas a ele não são verídicas, conforme o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC), Renato Casimiro. Amigo da família de Seu Lunga e pesquisador dos “causos” sobre o poeta cearense, ele concorda que Seu Lunga possuía um humor refinado, mas também se manifestava de forma sutil.

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"Lembro de uma vez que fui ao endereço de Seu Lunga com meu pai e encontramos um garoto no balcão. Chegando lá o garoto teria dito: ‘Seu Lunga, lá fora tem dois homens’. Ao que ele teria respondido: ‘Pois vá lá fora e diga que aqui tem três’. Em seguida, lá vinha o Lunga, ele mesmo rindo da brincadeira e nos contando a história", relembra Casimiro.

Para o professor, aquece era o Seu Lunga, irritado com o descaso das pessoas e com as perguntas bestas. “Talvez a mais reveladora história do espírito de Lunga seja o que lhe ocorreu com a construção do calçadão em frente a sua casa, que impediu a saída de carros. Lunga ficou sem poder tirar a sua camioneta, e assim lá está, ao que me parece, por todos estes anos. O velho fordinho, preso na varanda de sua casa, como se fosse um castigo que o Lunga tivesse aplicado à vaidade, ao descaso, e à prepotência do prefeito”, relata.

Luto
Seu Lunga era poeta, vendedor de quinquilharias e repentista em Juazeiro do Norte, mas foi com seu humor ácido que virou personagem do folclore cearense. O apelido veio de uma vizinha, que o chamava de Calunga por causa da loja que mantinha. Aos poucos, foi virando Lunga.

A Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte vai decretar luto oficial de três dias em virtude da morte de Seu Lunga. Ele deixa esposa, com quem teve 13 filhos.

Redação O POVO Online

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