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Apenas uma em cada quatro startups sobrevive aos cinco primeiros anos

Modelo de negócios repetível e escalável, que atua em condições de extrema incerteza, as startups têm atraído o interesse de empreendedores, mas se desenvolvem em cenário desafiador
11:00 | Dez. 01, 2017
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Modelo de negócios repetível e escalável, que atua em condições de extrema incerteza, as startups têm atraído o interesse de empreendedores, mas se desenvolvem em cenário desafiador

Dados da Associação Brasileira de Startups, de 2017, apontam que apenas uma em cada quatro startups sobrevive aos cinco primeiros anos de atividade. Delas, 76% usam capital próprio como fonte de investimento e quase 40% são formadas exclusivamente por homens. Apesar dos desafios, os empreendedores seguem motivados pelo propósito de resolver alguma “dor” do mercado.

Rafaella Albuquerque, de 32 anos é arquiteta e urbanista e atua como coordenadora de incorporação imobiliária em uma grande empresa de Fortaleza. Há um ano, juntamente com a sócia Michelle Holanda, tenta resolver um problema de mercado: facilitar a vida de quem quer alugar imóveis. Nessa perspectiva, criou a Shipper, startup que funciona como uma plataforma de relacionamento, aproximando o perfil de pessoas e imóveis de maneira personalizada. “É um Tinder do mercado imobiliário. Trabalhamos com o conceito de match. Pessoas fazem perfis dentro do aplicativo e vamos mostrar o mais próximo da expectativa delas”, explica.

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A startup está em fase de pré-lançamento, finalizando o aplicativo e captando imóveis para divulgação em 2018. Com moeda própria – Key –, o negócio gamifica o processo de aluguel e se torna rentável. Entre as expectativas, a empreendedora espera projetar a Shipper no Brasil e já internacionalizar a solução. Rafaella validou o projeto participando de diversos eventos, entre eles o Web Summit Lisboa, um dos maiores de tecnologia e inovação do mundo, realizado em novembro deste ano.

Mesmo com a boa perspectiva, a arquiteta lembra os desafios de empreender em startup. Para ela, o ecossistema no Ceará ainda está em fase inicial, faltam “investidores-anjo” (pessoas físicas financiadoras), assim como fornecedores de serviços específicos para o segmento.  “Aqui a gente não encontra fácil. É sempre um grande desafio e tem que buscar fora.”

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Tendências

 

Na visão de Leo Lacerda, sócio da Wave Accelerator e especialista em inovação e startups, o mercado cearense apresenta grande potencial de crescimento. Porém, é necessário perceber a realidade do empreendedorismo. “Empreender é trabalhar para receber o dinheiro amanhã e pagar as contas depois de amanhã. No primeiro momento, é vender almoço para comer o jantar”, adverte.

Entre os segmentos que estão despontando startups, Leo cita a área da saúde, que representa mercado de “Bilhão”, as edtechs no setor de educação, o blockchain, tecnologia de banco de dados para transações e autenticações, a exemplo das bitcoins (criptomoedas da internet). Além disso, o Growth Hacking está avançando como metodologia para marketing e vendas e têm crescido as fintechs, startups no setor de finanças, como é o caso do NuBank. De acordo com relatório do Fintechlab, de 2017, existem 244 iniciativas do tipo no Brasil, que se posiciona como o maior mercado de fintechs da América Latina.

Outra tendência no mercado de startup, indica Leo, é a criação de aceleradoras dentro de empresas. Junto ao Instituto do Câncer do Ceará (ICC), por exemplo, a Wave Accelerator atua com o ICC Biolabs, fomentando iniciativas inovadoras na saúde. Outros quatro programas de aceleração corporativa também estão em negociação, informa o gestor.

Entre as vantagens de buscar ajuda de uma aceleradora, Leo destaca o acesso que o empreendedor terá à forte rede de contatos, fundos de investimento e metodologias. “Uma startup consegue viver sem uma aceleradora, mas ela vai crescer bem menos ou bem mais devagar. E nesse mercado, se você crescer devagar, e aparecer um concorrente que cresce rápido, provavelmente a startup vai morrer.”

Dicas de especialista

Marília Diniz, gestora do projeto de Startups do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Ceará, recomenda a plataforma Sebrae Like a Boss para o empreendedor acessar conteúdos exclusivos e especializados para startups.

A gestora destaca que empreender nesse segmento requer atuar com propósito a partir de um pensamento global. Os erros mais comuns dos empreendedores, segundo Marília, consistem em não validar a ideia com as pessoas para ter certeza de que está resolvendo uma “dor” do mercado, pensar que só é possível iniciar o negócio com grande investimento e esquecer-se de continuar inovando.

Entre as dicas para iniciar uma startup, Marília recomenda:

     1. Procurar um segmento no qual já tenha um bom know-how;

     2. Ouvir as pessoas para confirmar a problemática que busca resolver;

     3. Ler e estudar bastante;

     4. Testar a solução o mais rápido no mercado por meio de um mínimo produto viável (MVP, para a sigla em inglês). “Quanto mais rápido testar sabe se o retorno será positivo. Às vezes, você gasta e não resolveu nada para ninguém. E você perde dinheiro.”

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