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Mulheres representam 51,5% dos novos empreendedores no Brasil

No caminho para o próprio negócio, elas perseveram no sonho e na luta contra o preconceito
10:50 | Out. 26, 2017
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No caminho para o próprio negócio, elas perseveram no sonho e na luta contra o preconceito

Rosângela Pereira, 42 anos, é formada em Recursos Humanos, mas encontrou no artesanato uma forma de empreender e realizar o sonho de montar o próprio negócio. Em 2016, saiu da empresa na qual trabalhava há dez anos e montou o Ateliê Cunhã Poranga (Moça Bonita, em tupi), em Fortaleza. “Quando você vai iniciar o negócio, tem medo de arriscar, mas a gente tem que ter a perseverança. Acreditar que vai dar certo, se cair, vai levantar, sempre buscar inovação.”

Rosângela faz parte do grupo de mulheres que responde por 51,5% de novos empreendedores no Brasil, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2016, conduzida pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

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Com a ajuda da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), a artesã formalizou o ateliê, participou de oficinas de capacitação e iniciou a transição de carreira, vendendo os produtos nas feiras promovidas pelo órgão. “Eu não sabia o que era o significado de um protótipo, como passar orçamento para o cliente. Foi muito gratificante. Além de não pagar, é aprimoramento”, conta Rosângela sobre o apoio da SDE.

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Para a artesã, a loja física representa uma conquista importante, comprovando sua competência empreendedora. “Sou vitoriosa, porque iniciei nas praias, nas praças e feiras e hoje estou com meu estabelecimento. Isso para mim é empreender.” Aos que perguntam sobre a coragem de investir diante da crise econômica, a artesã responde assertiva: “Eu digo: ‘gente, crise tem a todo momento’. Então, você tem que ter um diferencial, a coragem, não ficar só em sonho. Você só sabe se valeu a pena se arriscar”.

Equilibrando a vida pessoa com a profissional, a empreendedora tem buscado qualidade de vida. Se antes trabalhava todos os dias da semana, hoje reserva o domingo para descansar, ir à missa e ter o lazer com a família. “Porque a vida passa rápido. A vida não é só trabalho, tem que ter um tempinho para a gente.”

Às mulheres que também querem empreender, Rosângela aconselha coragem, perseverança e, principalmente, humildade como qualidade primordial. “E sempre procurar olhar para o próximo, dividir os conhecimentos.”

Vencendo o preconceito

“Isso é profissão para homem.” “Mulher não sabe trabalhar com isso.” Estes são alguns dos comentários recorrentes que Keilla Lima, 34 anos, escuta ao revelar que fabrica as sandálias de marca própria na Ekala Calçados. “Existem preconceitos com as profissões. As mulheres estão dominando áreas que antes só homens dominavam.”

Diante do preconceito, Keilla mostra resiliência. “Se nós ficarmos paradas, de boca fechada, não vamos a lugar nenhum. Eu arregacei as mangas. Como mulher tenho enfrentado muitas coisas para chegar onde cheguei. E não vou parar.”

Apesar da crise econômica, que levou ao encerramento da primeira marca de calçados, Keilla persiste no segmento junto com o esposo. “Na primeira empresa, a gente passou por uma fase bem difícil, com a mercadoria parada. Aos pouquinhos, fomos começando a vender.” Enquanto projeta a expansão dos negócios, a artesã vai se dividindo entre sonhos, as feirinhas da SDE e os cuidados com os três filhos.

Espírito empreendedor

Cristina Jales, de 49 anos, também é uma mulher empreendedora. Experiente na área de vendas, em 2003 precisou reinventar-se. Aprendeu a confeccionar bijuterias e bótons, vendendo nas feirinhas de artesanato de Fortaleza. A formalização da “Artes da Cris” ocorreu em 2012, com ajuda da SDE, quando ampliou os conhecimentos nas oficinas de capacitação.

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Enérgica e bem humorada, Cristina sonha em montar a própria loja e reconhece em si o espírito empreendedor. “Onde vejo espaço, vejo uma oportunidade”, revela. A artesã observa que o estilo feminino para administrar os negócios é mais atencioso com o cliente, buscando sempre por novidades no mercado. “Eu trabalho com bijuterias, tenho que ficar por dentro do que está na moda para ter a mercadoria sempre atual.”

Cristina é realizada com o próprio trabalho. Para as mulheres empreendedoras, ela recomenda especializar-se na atividade com a qual mais se identifica, ser aliada das companheiras de trabalho e perseverar no objetivo. “A gente tem um sonho, tem que seguir. Se não deu certo, pensa em outro segmento. Mas se a pessoa tem espírito empreendedor, passa para outra coisa.”

Serviço

Feiras de Pequenos Negócios de Fortaleza – Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE)

Informações: 0800 0814141

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