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Por que investir na humanização da tecnologia e no letramento digital?

Colocar o ser humano no centro dos processos tecnológicos e investir em literacia digital são pontos essenciais para sociedade garantir acesso a direitos

Se antes da pandemia a sociedade encarava um processo de digitalização orgânico, com setores como educação, indústria e comércio se adaptando de maneira gradual, com a chegada da Covid-19 e do isolamento social a virtualização dos processos foi acelerada em pelo menos uma década, e, para muitos, sem o tempo necessário para adaptações.

“Todas as organizações, públicas e privadas, foram forçadas a ingressar na digitalização de forma imediata. As empresas ou se modernizaram ou saíram do mercado, mas na educação, por exemplo, o impacto foi muito grande, porque nesse setor há uma demora entre a ação e o resultado. A diferença entre o ensino de escolas públicas e privadas aumentou drasticamente”, comenta Cássio Santos, doutorando em Tecnologia, Informação e Comunicação na Educação na Universidade de Lisboa.

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Para começar a solucionar o problema da desigualdade não só na educação, mas na sociedade como um todo, criando um mundo digital acessível para todos, é preciso investir em políticas públicas voltadas para o letramento digital de professores e alunos, destaca Cássio.

“Precisamos ter no Brasil uma referência macro de desenvolvimento onde se estabeleça quais são as competências digitais que os professores devem ter, porque o professor é a grande pedra angular para essa virada de chave, mas não há política pública que o oriente. E ele precisa ter as competências digitais tanto para utilizar na docência como para estimular e promover a literacia digital dos estudantes”, conclui.

Segundo Santos, a inclusão dos brasileiros nessa seara é também a possibilidade de exercício da cidadania plena, pois hoje não se vive mais online apenas para lazer e comunicação nem se está na internet apenas de forma passiva, consumindo conteúdo. “Literacia digital é a capacidade do cidadão usufruir de tecnologias de forma consciente e crítica. Precisamos dessa literacia para ter uma cidadania plena”.

Letramento digital e juventude

Um dos grandes desafios para estimular o letramento digital é fazer com que as políticas públicas de inclusão cheguem à juventude. Isso porque, de acordo com o professor Cássio Santos, a maioria dos jovens acredita possuir esse domínio apenas por acessar a internet ou dispositivos eletrônicos com frequência.

“O acesso desses jovens muitas vezes não é funcional, e sim focado apenas em interações sociais, sem um olhar crítico ou para o mercado de trabalho. Eles precisam ter consciência de que são, também, cidadãos digitais”, comenta. Foi com o intuito de modificar esse cenário e gerar empregabilidade que, em outubro do ano passado, a Prefeitura de Fortaleza inaugurou o projeto Juventude Digital, que oferece cursos, oficinas e eventos para jovens interessados em estudar e trabalhar com tecnologia.

Desde o lançamento, mais de quatro mil jovens de 15 a 29 anos passaram por formações no espaço, número que deve chegar até 12.500 até o fim do ano. “Há quem pense que a juventude, por estar muito conectada, possui habilidades digitais suficientes, mas o que a gente quer ensinar é como criar com a tecnologia”, explica a coordenadora do projeto, Ianna Brandão.

Além da capacitação profissional, os alunos são ensinados a acessar programas sociais da Prefeitura, e acabam multiplicando o conhecimento ao compartilhar o que aprendem com familiares, amigos e outros membros de suas comunidades.

O programa ainda visa a qualificação de mão de obra e a geração de renda para a juventude da Capital em um momento de crise. “Se por um lado o desemprego é muito grande entre a juventude, o mercado de tecnologia nem sempre encontra pessoas qualificadas. Buscamos fazer essa ponte”, completa.

Olhando para o futuro

Entre os programas produzidos pelo Juventude Digital está a Escola de Jovens Programadores, um curso de quatro meses com o intuito de capacitar jovens interessados em tecnologia para o mercado de trabalho. Estudante de Ciências Biológicas, Lua Silva, 22, viu no projeto a chance para conseguir migrar de área e ter acesso a novas oportunidades profissionais.

"Sabe-se que no mercado de trabalho da tecnologia há uma grande procura por profissionais capacitados e poucas pessoas devidamente qualificadas. Com o conhecimento adquirido no curso, já me sinto confiante para me candidatar às vagas de emprego no setor, seja estágio ou cargo júnior", comemora. Para quem busca uma vaga, o JD complementa a formação técnica com visitas a empresas, mentoria profissional e promoção de networking.

É com esse auxílio que o desenvolvedor Edclydson Sousa, 26, também formado pela Escola de Programadores, almeja conseguir sua primeira experiência na área em breve. "Ter uma orientação, um roadmap para seguir é fundamental. A equipe está sempre orientando os alunos sobre como é importante ter um portfólio, como ter um currículo adequado, a importância do LinkedIn e a questão comportamental nas entrevistas", ressalta.

SERVIÇO

Fábrica de Programadores

Como parte do projeto Fábrica de Programadores, O POVO Tecnologia realiza nos dias 4, 5, 6 e 11 de maio uma série de lives, sempre às 17h30min, com apresentação do jornalista Hamilton Nogueira. Acompanhe no canal do YouTube do O POVO.

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