Esporte delas: como os incentivos podem mudar a realidade de meninas e mulheres no Ceará
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Esporte delas: como os incentivos podem mudar a realidade de meninas e mulheres no Ceará

O incentivo das escolas à participação feminina ajuda na construção de identidade e competências que só são desenvolvidas por meio do esporte

A estudante Arya Gabriela acaba de completar 12 anos e já começou a lutar para conseguir os seus direitos. Foi na coordenação da escola particular onde estuda e entregou um abaixo assinado com a adesão de várias outras estudantes, solicitando um time de futebol feminino da escola. Não conseguiu, mas depois de muito procurar, com a ajuda da família, Arya encontrou um local adequado para ela e treina futebol duas vezes por semana.

“Apesar de ter pessoas que acham que futebol é coisa de menino, eu continuo jogando e fazendo também com que as meninas joguem mais e participem mais dos jogos”, explica a jovem.

A falta de incentivos

Se fosse um menino, sabemos que não haveria essa dificuldade. A professora Lucélia Souto, mãe da adolescente, conta que encontrou vários obstáculos, como a idade mínima para a prática de meninas, times mistos e grandes diferenças de idade.

“As escolinhas de futsal praticamente não têm times femininos, e o que encontramos tinha seletiva a partir dos 14 anos. Em alguns locais, a escolinha feminina reúne meninas de 8 a 18 anos, o que cria insegurança e desestímulo. Mas a Arya persiste, e é gratificante vê-la voltar do treino com sorriso no rosto”, relata a professora Lucélia Souto, mãe de Arya.

Para a psicóloga do esporte e professora do curso de Educação Física da Universidade Federal do Ceará, Lívia Viana, o incentivo das escolas à participação feminina vai muito além do físico. Ajuda na construção de identidade e na consolidação de competências que só são desenvolvidas por meio de práticas esportivas.

“A falta desse incentivo gera dificuldades para que elas encontrem um espaço seguro, protegido, onde possam jogar e se desenvolver fisicamente, socialmente e emocionalmente. Além disso, o esporte permite aprender a cooperar, lidar com frustração, desenvolver força, capacidade cardiorrespiratória e autoestima”, diz a especialista.

Esporte Delas

Foi a partir dessa perspectiva que nasceu o projeto Esporte Delas, iniciativa da Fundação Demócrito Rocha com a Universidade Aberta do Nordeste (Uane), para criar oportunidades reais de inclusão, permanência e liderança para meninas e mulheres no esporte. Nessa segunda edição, o projeto busca sensibilizar profissionais da educação, gestores, comunidades e toda a sociedade para que sejam agentes de mudança, criando ambientes seguros, acolhedores e potentes para a inclusão e permanência de meninas e mulheres no esporte.

Com inscrições abertas até o dia 20 de outubro (acesse o site), o projeto oferece um curso gratuito e online para explorar as diferentes dimensões da participação feminina no esporte, que exploram desde os equívocos e ambiguidades do corpo feminino, passando pelo papel da escola na inclusão e permanência das meninas no esporte, até como o esporte pode ser tornar um fio condutor de promoção de autoestima, liderança e protagonismo feminino.

“No esporte, a criança aprende a se comunicar, a trabalhar em equipe, a lidar com as adversidades, a superar os seus próprios desafios e limites. É um ambiente educativo em todas as possibilidades de reflexão”, reitera Lívia, que irá realizar oficinas nas escolas municipais como parte da programação do projeto.

 

Ceará Atleta

 

Letticia exibindo suas medalhas no Campeonato Brasileiro de Karatê, em Fortaleza
Letticia exibindo suas medalhas no Campeonato Brasileiro de Karatê, em Fortaleza Crédito: Acervo pessoal

O Ceará Atleta, programa do Governo do Estado que apoia jovens da rede pública e atletas de alto rendimento, tem sido fundamental para alimentar os sonhos de quem busca no esporte um caminho de superação. O apoio financeiro é destinado a atletas e paratletas em situação de vulnerabilidade, que representam o estado em diversas modalidades esportivas.

A carateca Letticia Maria Lins de Souza, de 32 anos, foi contemplada com a bolsa de alto rendimento no ano passado. Ela treina desde os quatro anos de idade, inspirada pelo pai. Dos irmãos, foi a única que seguiu no esporte e nunca deixou de acreditar nos próprios sonhos, dedicação que a levou a conquistar três títulos mundiais, o primeiro aos dez anos. A participação no último campeonato na Argentina só foi possível graças ao auxílio da iniciativa estadual.

“Esse apoio financeiro faz toda a diferença não só em torneios internacionais, mas também nos estaduais e regionais, garantindo que a gente consiga se preparar melhor e alcançar grandes resultados”, afirma a atleta que treina com o Sensei Gabriel Alves, no Instituto Social Dom TITA.

Letticia acaba de disputar o campeonato brasileiro de karatê que aconteceu em Fortaleza e saiu com quatro medalhas, uma de prata e três de bronze. Agora, ela se prepara para o PanAmericano que acontece em novembro em Natal. Apesar de tantas medalhas e campeonatos, a atleta está sem patrocínio.

O edital do Ceará Atleta é uma iniciativa do Governo do Ceará, por meio da Secretaria do Esporte (Sesporte), e segue aberto até o próximo dia 5 de outubro.


Sobre o Esporte Delas


O projeto Esporte Delas 2025 promove o direito de meninas e mulheres à prática esportiva com dignidade, respeito e oportunidades iguais. No contexto da iniciativa, o esporte é entendido como atividade física, mas também como espaço de empoderamento, inclusão e cidadania.

O objetivo é sensibilizar educadores, gestores, comunidades e a sociedade para criar ambientes seguros e acolhedores que garantam a permanência feminina no esporte. O Esporte Delas 2025 é uma realização da Fundação Demócrito Rocha (FDR) com a Universidade Aberta do Nordeste (Uane). Patrocinado pela Enel Brasil, o projeto tem apoio da Lei de Incentivo ao Esporte estadual e da Secretaria do Esporte do Ceará

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