As movimentações no tradicional mercado do humor no Ceará
Ceará de Valores

As movimentações no tradicional mercado do humor no Ceará

Entre palcos e plataformas digitais, humoristas cearenses reinventam a comédia sem abrir mão das raízes e da identidade local
Atualizado às Autor Estudio O POVO Tipo Publieditorial

Fazer rir nunca sai de moda — só amplia cenários. Seja no teatro, nas casas de show, nas redes sociais, em stand-up, no cinema, na televisão, o humor é uma arte em constante reinvenção. As formas de fazer rir se ampliaram com a Internet, mas o humor “tradicional” das casas de show continua vivo.

A mudança mais latente no cenário do humor nos últimos anos foi a relevância das redes sociais, mas o humor no Ceará continua “firme e forte” com os shows de palco. A análise é de Jader Soares — também conhecido como Zebrinha, seu personagem —, diretor do Teatro Chico Anísio e do Museu do Humor Cearense.

“Tem casas que fazem show todo santo dia. Por exemplo, o Teatro do Humor Cearense, o Piadaria, a Arena do Humor, três espaços que faz o show todo santo dia”, exemplifica o humorista, que também dirige a Escola de Humor do Ceará, inaugurada em 6 de agosto último.

O cenário do humor é caracterizado pela busca constante por espaços, visibilidade e crescimento no mercado, tanto dentro quanto fora do estado.

“O desafio de qualquer arte é buscar o pão de cada dia. A gente sabe que aqui no Ceará tem humorista bem financeiramente, tem humorista mais ou menos e tem humorista que passa necessidade. Eu acho que em qualquer profissão tem isso, né? Mas especificamente na arte, esta coisa é mais patente”, afirma Jader Soares.

“Este movimento dos shows, da comédia, dessa coisa do Ceará é uma coisa que não vai acabar nunca. Só aumenta, só aumenta e se estabelece. Está estabelecido que nós somos realmente, no Brasil, a terra do humor. Nós continuamos sendo”, defende o humorista.

 

 


O humor que se adapta


“Não existe uma um modelo unificado de mercado para a comédia. O que acontece é que a comédia se adapta a cada mercado desse de forma diferente”, avalia Victor Alen, humorista, ator, diretor e produtor cultural.

Ele ressalta a necessidade de versatilidade para atuar em múltiplas mídias, já que cada uma exige abordagens distintas, desde a sutileza do cinema até a rapidez das redes sociais. Segundo Victor, que atuou nas produções "Cine Hollyudi 2" e "Cabras da Peste", a forma como a comédia tá sendo criada e consumida muda.

“Sempre vai havendo formatos novos que as pessoas vão criando e outros vão deixando de ser consumidos. Isso é normal. O que é importante é que a gente consiga se adaptar àquilo que existe dentro da nossa verdade artística. Isso é muito importante. É você se respeitar como artista”, afirma.

Embora as redes sociais tenham democratizado e dado oportunidade para muitos artistas do humor, Victor considera as redes um ponto “extremamente preocupante” dentro da área artística.

“Acaba que a gente meio que vira refém das redes sociais. Você tem que estar nas redes sociais, você tem que fazer um trabalho para as redes sociais, né? E para a comédia é cada vez mais urgente isso. O que é ruim, porque pessoas maravilhosas vão ficar excluídas disso, porque não tem rede social. Porque, querendo ou não, isso vira um trabalho. Você tem que parar para escrever roteiro, para editar, postar”, reflete.

 

Necessidade de maior valorização dos artistas locais

 

Amante da molecagem cearense, Carri Costa teve no teatro de rua sua maior escola. Em 1993, o ator, diretor, dramaturgo e produtor cultural criou o Teatro da Praia, na Praia de Iracema, em Fortaleza. Para ele, o teatro está se tornando cada vez mais profissional, mas ainda há uma grande necessidade de investimento na cena local.

 

Teatro da Praia
Teatro da Praia Crédito: Arquivo pessoal

“Acho que as pessoas estão entendendo mais o que é isso. Os artistas estão entendendo mais o que é isso. Eu acho que o poder público teria que ter uma participação maior nesse nessa fruição. Os editais, hoje, atingem humor, mas eu acho que trabalha pouca pesquisa, trabalha pouco conceitual, o entendimento. É preciso entender isso como uma fonte de mercado. É preciso entender o humor cearense como uma fonte de desenvolvimento turístico. Entender o humor cearense como uma característica muito forte da nossa cultura”, analisa.

Para Carri, também criador do Festival de Esquetes de Fortaleza (Fesfort), o povo cearense é a principal referência no humor. “O jeito moleque, o jeito descontraído, gracioso do cearense. Com a sua picardia, com a sua malícia, com a sua inteligência cômica. O nosso povo é a maior referência, sabe? Os profissionais do humor no Ceará são catalisadores disso, desse comportamento, essa forma de expressão que está presente no nosso povo. Não acho que exista uma personalidade que referencia isso como o exemplo a ser seguido. Pelo menos não neste século”, diz.

Ele também cita os humoristas “anônimos”. “Aquelas pessoas que dentro da sua oralidade passaram todas as piadas para as famílias, pros netos, pros bisnetos e toda essa jocosidade que é uma coisa característica nossa. Nós somos ótimos contadores de piada, contadores de história, vivedores disso. Então, indiscutivelmente, o povo cearense é a referência do no Ceará hoje e sempre”, completa.

Serviço

Escola de Humor (EHC) - sediada no mesmo endereço do Museu do Humor Cearense e do Teatro Chico Anysio
Endereço: avenida da Universidade, 2175, Benfica - Fortaleza
Contato: (85) 99991 0460

Teatro da Praia
Onde: avenida Monsenhor Tabosa, 177 – Fortaleza
Mais informações: Instagram @teatrodapraia

 

Conteúdo de responsabilidade do anunciante
Ceará de Valores
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar