Inflação no Brasil: o que é e como funciona

A inflação é um assunto que vira e mexe aparece nos noticiários — e o motivo é que realmente ela é a protagonista nos momentos de instabilidade econômica e é facilmente sentida nos bolsos dos brasileiros por meio do aumento dos preços.

A inflação é um assunto que vira e mexe aparece nos noticiários — e o motivo é que realmente ela é a protagonista nos momentos de instabilidade econômica e é facilmente sentida nos bolsos dos brasileiros por meio do aumento dos preços.

Mas o que exatamente ela representa? O que a causa? Como ela é medida? Veja como a inflação afeta a sua vida:

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

O que é inflação?

A inflação é o nome que se dá ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada por meio dos índices de preços, chamados de índices de inflação.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), principal provedor de dados e informações do Brasil, produz dois dos mais importantes índices: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o oficial pelo governo federal, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Causas da inflação

A inflação pode ter uma série de causas. Listamos as três principais a seguir:

Descompasso entre a oferta e a procura

A chamada “lei da oferta e da procura” é um dos princípios do capitalismo e significa que quando a procura por um determinado produto é muito maior do que a oferta, o preço dele aumenta.

Por outro lado, quando a procura é muito menor, o preço diminui. Quando a população está com muita renda ou mais crédito para comprar, há um aumento súbito da procura por produtos e serviços, mas a oferta não consegue suprir a demanda. Esse movimento acaba elevando os preços e intensificando a inflação.

Da mesma maneira, quando a produção encontra algum tipo de problema, como por exemplo, durante o período de seca e a consequente escassez de determinados itens, a oferta deles diminui, ao passo que a procura permanece igual ou maior. A consequência então é o aumento dos preços.

Aumento dos lucros privados

Quando uma empresa consegue monopolizar ou dominar grande parte de um setor econômico, tipo de produto ou serviço, também pode ocorrer inflação.

O motivo é que a tendência natural dos donos dessa empresa é a de ganhar cada vez mais dinheiro, e como não há concorrência para forçar um equilíbrio nos valores, os preços tendem a subir.

Crescimento do custo de produção

Outra razão para ocorrer inflação em um país é quando as empresas enfrentam uma série de rápidas elevações em seus custos de produção.

Esses picos podem ocorrer em virtude da alta dos impostos, de reajustes nos salários, dívidas, impactos climáticos, desastres ambientais e aumento no custo de matérias-primas.

Tudo isso fará com que o empresariado repasse parte ou a totalidade desses custos para o consumidor final, o que acaba elevando os preços dos produtos ou dos serviços.

O que é a Taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

A Selic influencia todas as taxas de juros do país, tais como as taxas de juros dos empréstimos, das aplicações financeiras e dos financiamentos.

A Selic auxilia no controle da inflação encarecendo o crédito, estimulando a poupança e reduzindo o poder de consumo da população. A Selic e a inflação se influenciam mutuamente, já que quando a taxa Selic cai, a inflação tende a subir.

Cálculo da Inflação

O cálculo da inflação varia dependendo do tipo de índice utilizado (falamos deles no começo deste texto). De modo geral, os pesquisadores analisam os preços de produtos e serviços em determinado período e depois realizam um novo relatório após um tempo específico.

Os dados colhidos nesses dois momentos são comparados e assim é possível perceber se houve aumento ou diminuição dos preços, e também de quanto é o percentual dessas alterações.

O cálculo do IPCA, por exemplo, é feito em três etapas:

Entrevistas: cada região e tipo de gastos possuem pesos diferentes no cálculo da inflação, pois há municípios cujo tamanho da população e relevância econômica são maiores do que outros. A Pesquisa de Orçamento Familiares feita pelo IBGE é atualizada periodicamente.

Atualmente a lista possui 377 produtos e serviços, dentre eles arroz, feijão, carne, plataformas de streaming, transporte, serviços para pets, cabeleireiro/barbeiro e serviços médicos, entre outros. Estes itens são separados em 7 categorias.

O peso desses elementos vai variar de acordo com o impacto que cada um tem nas famílias. Por exemplo, alimentos como feijão ou arroz sempre têm um índice maior do que macarrão ou soja.

Pesquisa de preços: a pesquisa de preços realizada pelo IBGE é feita mensalmente, todos os dias, nos estabelecimentos comerciais, domicílios, concessionárias de serviços públicos e internet.

Como o Brasil é imenso (tem 5.570 municípios), seria uma tarefa muito difícil realizar a pesquisa em todos eles, então, o IBGE concentra os dados nas principais áreas urbanas do país.

Nestas regiões, são feitas cerca de 400 mil averiguações de preços, em cerca de 30 mil estabelecimentos. Apenas os pagamentos à vista dos itens são utilizados para o cálculo.

Comparação: Com essas informações em mãos, os pesquisadores fazem as comparações nos preços e vêem se houve aumento ou diminuição dos preços e de quanto é o percentual dessas alterações.

Quem quiser consultar a correção de valores em um determinado período e de acordo com os diferentes índices, pode usar a calculadora de inflação do Banco Central.

Índices da Inflação

Os índices da inflação são indicadores que medem a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população.

São extremamente importantes porque funcionam como um termômetro para a economia e permitem analisar o comportamento dos preços, inclusive levando em conta as diferenças entre setores e regiões.

Vamos apresentar logo abaixo os principais medidores de inflação utilizados no Brasil:

IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor é o índice oficial de inflação do Brasil e serve de parâmetro para o Conselho Monetário Nacional definir a meta de inflação.

O IPCA é calculado pelo consumo das famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos, de qualquer fonte de renda e residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.

Ele enumera gastos como alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação, habitação; saúde e cuidados pessoais, sendo medido entre os dias 1º e 30 de cada mês.

Além do IPCA, o IBGE também divulga o IPCA-15, considerado uma prévia do IPCA. Ele é calculado utilizando os mesmos parâmetros do IPCA, só que o período de coleta dos preços acontece do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês atual.

O cálculo do IPCA leva em consideração o peso que cada tipo de alimento tem nas famílias, de acordo com a região
O cálculo do IPCA leva em consideração o peso que cada tipo de alimento tem nas famílias, de acordo com a região (Foto: Aurélio Alves / O POVO)


INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também é medido pelo IBGE. A diferença em relação ao IPCA é a faixa salarial medida, que é mais baixa, que é de até 5 salários mínimos (o IPCA é de até 40 salários mínimos).

O motivo dessa diferença é captar as alterações de preços de serviços e produtos mais básicos, as quais são mais sentidas neste índice. O peso do grupo de alimentos, por exemplo, é maior no INPC do que no IPCA. Logo, uma variação nesse grupo tem maior impacto no INPC.

IGP

Calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços foi criado para abranger outros setores da economia que não o do consumidor, mas sim o do atacado e da construção civil.

Ele é composto por outros 3 indicadores: Índice de Preços ao Atacado (IPA); Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC). POr causa de sua composição, esse indicador consegue acompanhar diferentes etapas do processo produtivo, sendo muito influenciado pelo aumento nos preços do atacado.

O IGP também é muito utilizado nos contratos de aluguel de imóveis, por exemplo, como índice de reajuste.

IPC-S


Também calculado pela FGV, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal mede a variação de preços de produtos e serviços em sete capitais do Brasil. O indicador reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 33 salários mínimos residentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Brasília.

Para o seu cálculo, sempre são consideradas quatro semanas, com fechamentos nos dias 7, 15, 22 e 30 de cada mês.

O que é deflação

Se a inflação é o aumento dos preços de produtos e serviços, a deflação é o processo inverso, ou seja, quando os índices de preços da economia passam a cair em vez de subir.

As causas da deflação estão relacionadas com a relação oferta maior em relação a uma demanda menor, então a deflação ocorre quando há mais itens à venda do que as pessoas estão dispostas ou têm condições de comprar.

Apesar de parecer algo até positivo, a deflação por longos períodos pode representar um grande perigo para a economia de um país, pois a queda dos preços, sem previsão de subida, resulta em perda de empregos e queda da renda das pessoas, combinação que é capaz de colocar o país em crise econômica.


Consequências da inflação

A inflação é um fenômeno com resultados preocupantes por causa dos seguintes aspectos:
Aumento dos preços

A subida nos preços pode ser sentida no supermercado, no posto de gasolina, na farmácia e na imobiliária.

O lado mais cruel da inflação é que ela afeta principalmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm menos recursos para se defender da alta dos preços.

Diminuição das compras

Além do empobrecimento da população causado pelo aumento generalizado dos preços dos produtos, a inflação causa a diminuição do poder de compra e consequente diminuição da qualidade de vida da população.

A diminuição do poder de compra também agrava a concentração de renda e eleva os níveis de pobreza.

Sobre a perda do poder de compra do brasileiro, a colunista do O POVO Irna Cavalcante se questionou: “Se a inflação está cedendo, por que o carrinho dos brasileiros continua vindo mais vazio a cada ida ao mercado ou farmácia? E não se trata de uma ‘sensação’. Segundo pesquisa de mercado da Nextop, o volume dos itens abandonados na boca do caixa aumentou 16,5% em 2022, ante o ano passado.

A resposta para isso passa pelo fato de que a queda de preços ainda está concentrada na gasolina. Alimentos, que têm um peso maior sobretudo na cesta de consumo dos mais pobres, seguem em alta. Para se ter uma ideia, uma caixa de leite longa vida já é, em muitos supermercados de Fortaleza, bem mais cara que um litro de gasolina.

Desvalorização da moeda

Com a inflação alta, a moeda do país vai perdendo valor com o passar do tempo, e os trabalhadores não conseguem mais comprar os mesmos produtos com os seus salários.

Enquanto a moeda do país cai em desvalorização, o dólar acaba fazendo o movimento inverso, o que resulta no aumento de preço dos produtos importados (e aumento também da inflação).

Aumento dos juros

Muitos países, incluindo o Brasil, usam o recurso da elevação da taxa de juros como mecanismo para controlar a inflação, pois com juros elevados, o consumo diminui, forçando os preços a caírem.

No entanto, a alta dos juros desestimula também os financiamentos e prejudica os investimentos internos no setor produtivo, o mercado imobiliário e a venda de bens de consumo duráveis, tais como os veículos, eletrodomésticos etc.

Além disso, o aumento dos juros também incentiva a especulação financeira de investidores externos: em busca de rendimentos altos e rápidos, eles costumam fazer investimentos em países de inflação alta para tirar vantagens das altas taxas de juros.

Este tipo de especulação é considerada prejudicial para a economia do país, pois grandes volumes de dinheiro costumam entrar e sair rapidamente, o que causa instabilidade no mercado de câmbio.

Conclusão

Definir como controlar a inflação depende muito de identificar o que tem causado o aumento dos preços.

O controle da inflação requer do governo medidas de curto prazo (como aumento de impostos e de juros) e de longo prazo (ajuste das finanças e corte de gastos, dentre outras).

Acompanhe o canal de Economia do O POVO e fique por dentro das decisões tomadas pelo governo federal para ajudar o país a atravessar o atual momento de crise econômica e entenda, por meio das análises dos nossos colunistas, o significado prático delas.
 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

TAGS: causa da inflacao no brasil ipca inflacao acumulada inflacao brasil 2022

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar