Bolsa de valores: como investir?
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, aprender a investir na Bolsa não é uma tarefa impossível de ser aprendida. Entenda como funciona o mercado de ações e escolha a melhor opção para fazer o seu dinheiro render
À primeira vista, a bolsa de valores pode parecer acessível apenas a grandes investidores ou aos entendidos em Economia, mas a verdade é que qualquer pessoa pode entrar no mercado financeiro, mesmo que não tenha muitos recursos para investir.
Ou seja, não há um valor mínimo para começar a investir em ações e portanto, é possível comprar papéis que custam poucos centavos. No entanto, a bolsa de valores demanda algum estudo sobre os fundamentos do mercado de ações e dedicação para entender o leque de métodos e estratégias de negociação nesse mercado.
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Lembrando que esse esforço pode valer muito a pena, já que a bolsa de valores é o investimento com o maior potencial de retorno do mercado e permite que seus operadores sonhem alto.
Quer saber alguns conceitos básicos e passar e entender um pouco mais sobre a negociação de ativos financeiros? Pois continue a leitura porque vamos mostrar tudo isso e ainda fazer algumas contextualizações, de acordo com alguns fatos relacionados ao mercado financeiro noticiados diariamente no O POVO.
O que é a bolsa de valores
Uma bolsa de valores é um ambiente de negociações financeiras, onde se negociam de ações a títulos de dívida, assim como contratos futuros, commodities (matérias-primas), entre outros.
A ação, também chamada de papel, é um pedaço de uma empresa, e quem possui uma ação é considerado sócio de uma empresa, sendo chamado então de acionista. As ações são comercializadas nas bolsas de valores e podem ser compradas diretamente da empresa que as emitiu ou de investidores.
Para comprar a ação de uma empresa, o investidor dá a ela dinheiro e se torna dono de uma fração dela. Ao receber esse dinheiro, a empresa pode comprar equipamentos, pagar a folha de funcionários, investir em pesquisas etc.
A bolsa de valores brasileira é chamada de B3, sigla para “Brasil, Bolsa, Balcão“. Também é chamada de bolsa de valores de São Paulo e Bovespa. O Rio Janeiro também chegou a ter uma (de 1820 a 2002), mas ela foi vendida e incorporada à bolsa de São Paulo.
Quem pode investir na bolsa de valores
Como dissemos no início desta matéria, qualquer pessoa pode investir na bolsa de valores, desde que tenha uma conta em uma corretora. Ela é uma empresa que intermedia a compra e venda das ações e funciona como plataforma de acesso a diversos produtos emitidos pelas instituições financeiras.
Após criar a conta de investimentos na corretora e colocar dinheiro nela, o investidor já pode escolher os investimentos nos quais deseja fazer alguma aplicação no sistema da corretora. Tudo online e sem necessidade de ir a alguma agência ou escritório.
Essa facilidade tem atraído inclusive menores de idade ao mercado de ações. Eles possuem quase as mesmas opções disponíveis para os adultos, mas com algumas diferenças, como por exemplo, restrições relacionadas à movimentação da conta.
Mas os adolescentes podem sim comprar e vender ações e outros produtos sem qualquer impedimento, a não ser se a corretora colocar algum empecilho adicional.
Estratégias para investir em ações
Se houvesse apenas uma maneira de investir em ações, seria muito mais fácil operar na bolsa de valores, mas a verdade é que há uma infinidade de estratégias e técnicas diferentes de operar com investimentos de renda variável.
O melhor caminho vai ser traçado de acordo com o perfil de quem está investindo e seus objetivos, levando em consideração o momento atual e as condições do mercado. Conheça algumas das estratégias mais comuns abaixo:
Day trade
Consiste em comprar um ativo e vendê-lo no mesmo dia. O lucro acontece quando o investidor ganha dinheiro vendendo a ação por um preço maior que ele pagou por ela, ou comprando por um preço menor do que o de venda.
O day trade demanda uma certa prática e conhecimento, até porque o risco de perder (e ganhar também!) é muito maior. O que um bom trader faz é a chamada análise técnica, que é a avaliação dos gráficos de desempenho histórico dos preços e volumes negociados daquele ativo.
A intenção é identificar a tendência do seu comportamento futuro, o que permite que as probabilidades de alta e de baixa sejam visualizadas de forma mais clara.
Curto prazo
São chamados de curto prazo (ou swing trade) os investimentos que serão finalizados em alguns dias, semanas ou meses. É uma alternativa interessante para aqueles investidores que querem fazer operações mais sofisticadas mas ainda não sentem segurança para operar no day trade.
Para conseguir ganhar dessa forma, o investidor se foca em monitorar tendências de mercado de efeito mais longo. As ferramentas mais usadas costumam ser os gráficos de preços e o histórico de variação das cotações dos ativos.
Resumindo: no day trade, como o intervalo entre o início e o fim de cada negócio é muito curto, se exige mais atenção - é preciso ficar de olho nos movimentos rápidos que são registrados durante cada pregão da bolsa de valores.
Já no swing trade, que tem uma duração maior, dá para dar um respiro entre o momento da compra e o da venda, pois o investidor tem que ficar atento apenas às tendências de mercado de modo geral.
O casal Marcus Queiroz e Karen Limeira passaram a investir na bolsa para garantir estabilidade financeira para eles e os futuros filhos (Foto: Fábio Lima / O POVO)
Longo prazo
Ao comprar ações a longo prazo, o investidor se torna sócio da empresa e tende a ganhar junto com ela de acordo com o desempenho ao longo do tempo. Essa estratégia é ideal para quem quer investir com planos para o futuro.
A jornalista Karen Limeira e o engenheiro químico Marcus Queiroz criaram a 'Carteira do Baby', com investimento de aproximadamente R$ 350 (quase dois anos depois, eles já tinham R$ 4 mil), segundo o que falaram ao O POVO.
"Nós não temos o filho, ainda, mas daqui a dez anos os investimentos renderão um ótimo valor, o suficiente para trabalharmos meio período. Com esse tempo disponível, poderemos desfrutar em família com o 'baby'. A gente não veio de uma família investidora. Os meus pais corriam de um lado para o outro trabalhando. A gente quer fazer um pouquinho diferente", ressalta Marcus.
Outra ideia por trás da criação e do compartilhamento dos resultados da 'Carteira do Baby', segundo Marcus, é a de demonstrar que "é possível investir, no longo prazo, na Bolsa, com valores acessíveis. A gente quer incentivar as pessoas a terem carteiras do tipo, não necessariamente para os filhos, mas para objetivos que tenham para os próximos 10, 15 ou 20 anos".
Dividendos
Os dividendos são uma parte dos lucros de uma empresa que são distribuídos aos acionistas como uma forma de remuneração. Por isso, a maioria das empresas estáveis distribuem dividendos (um exemplo são as empresas do setor elétrico). Essa oferta de dividendos funciona como uma maneira da empresa atrair investidores.
Alguns investidores se interessam tanto pelos dividendos distribuídos pelas empresas que até abrem mão de ganhar com a valorização das ações. Para muitos, é uma forma de viver de renda operando na bolsa de valores, em vez de adquirir títulos públicos ou investir em renda fixa.
São boas pagadoras de dividendos as empresas estabelecidas com receitas crescentes e que não tenham necessidade constante de fazer grandes investimentos (como as elétricas, citadas logo acima).
Long short
Fazer uma operação long short significa vender uma ação que não possui (short) e, com o recurso da venda, comprar uma ação que você acredita que irá subir (long).
Funciona assim:
- Aluguel da ação: o primeiro passo é alugar no mercado a ação a ser vendida;
- Venda a descoberto: o investidor faz a venda da ação que alugou no mercado à vista;
- Compra da ação: por fim, ele compra ações de outra empresa no mercado à vista.
As vantagens dessa estratégia é que o crédito do short utilizado na compra do long pode ser usado como garantia para a bolsa. Também é possível operar na distorção das cotações, aproveitando tanto a alta (ação comprada) quanto a baixa (ação vendida).
As desvantagens são que as long short exigem o depósito de garantias para a realização da operação. Caso a operação inverta a tendência – ou seja, a ação comprada caia e a vendida, suba – o investidor pode precisar depositar mais garantias e ter prejuízos.
Existe valor mínimo para começar a investir na bolsa?
Não existe um valor mínimo para investir na Bolsa de Valores, pois o valor do investimento vai depender do tipo de ativo (se ações, fundos imobiliários etc.) e da quantidade adquirida. As ações negociadas na B3 possuem diferentes faixas de preços, e mesmo algumas empresas gigantes têm ações com preços acessíveis (tipo uns R$ 20, por exemplo)
Lembrando que as ações são como pedacinhos que as empresas colocam à disposição para venda na Bolsa de Valores. Quem quer gastar ainda menos e comprar menos ações, pode conseguir isso por meio do mercado fracionário.
Funciona assim: no mercado comum, os lotes devem ter no mínimo 100 ações. No mercado fracionário, é possível comprar entre 1 e 99 ações. Então os lotes podem ser menores e, portanto, mais baratos.
Como escolher e analisar ações
O que algumas pessoas se esquecem é que há algo bastante real por trás da compra e venda de ações: as empresas.
Em entrevista ao O POVO, o conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, disse que para investir na bolsa de valores é importante você saber das empresas e conhecê-las:
“Antes, o investidor local enxergava o mercado de capitais como algo só de São Paulo, como algo distante. Empresas como Petrobras ou Vale, por exemplo, não tinham proximidade da nossa realidade estadual. Esse investidor, em geral, não era cliente e nem funcionário, bem como não conhecia alguém que trabalhasse nelas. Então, essa aproximação recente gera um vínculo diferente, do tipo: - Eu também posso ser sócio daquela empresa. Uma Pague Menos tendo ações na Bolsa, uma M. Dias Branco, uma Brisanet ou uma Aeris fica mais próximo do cearense que deseja se tornar acionário delas”, citou.
Para saber se vale a pena investir em ações de uma determinada empresas, é preciso portanto seguir alguns passos:
Descobrir se a empresa ganha dinheiro;
Analisar a estrutura societária (como as ações da empresa estão distribuídas; quem são os principais acionistas e controladores; qual percentual do total de ações eles detêm);
Avaliar a governança (as práticas e políticas que garantem uma administração profissional);
Ver se a ação tem liquidez (facilidade com que se consegue vender uma ação).
Tenha uma meta
O primeiro passo para qualquer tipo de investimento é ter uma meta e com a bolsa de valores não seria diferente. Ter metas ajuda o investidor a ter disciplina para investir, pois há objetivos a alcançar.
De acordo com pesquisa publicada em janeiro de 2022 pela Onze, fintech de saúde financeira, 49% dos brasileiros tinham como meta fazer algum tipo de investimento. Foram ouvidas 3,7 mil pessoas de diferentes faixas salariais, gêneros, idades e regiões do Brasil.
45% dos entrevistados tinham como meta ter uma reserva para pagar dívidas neste ano e 26% pretendiam investir para depois comprar um carro ou moto.
Defina um planejamento de gastos
Fazer um planejamento de gastos nada mais é do que pôr em prática um conjunto de hábitos capazes de melhorar o orçamento pessoal e familiar. É por meio dele que dá para observar onde o dinheiro está sendo gasto e como e se planejar.
Os auxiliares desse planejamento são a planilha de controle de gastos para organização das entradas e saídas (dinheiro recebido e contas a pagar); a classificação das receitas e despesas (o que é gasto fixo ou variável, por exemplo); e por fim, o levantamento diário dos gastos (para ajudar a revisar os “ralos do seu dinheiro).
Crie a sua reserva de emergência
A reserva de oportunidade é um dinheirinho que deveria ficar disponível como uma reserva de emergência para o caso de algum imprevisto (o que evitaria a contratação de empréstimos, por exemplo) e para investimentos. Veja no episódio do Dei Valor como fazer o seu pé de meia:
Saiba onde investir
A escolha da corretora é uma decisão importante porque envolve fatores importantes essenciais como as taxas de corretagem, a facilidade de uso dos sistemas de negociação, a disponibilização de relatórios e orientações sobre investimentos, entre outros.
Todas essas informações estão disponíveis nos sites das corretoras mais conhecidas do mercado e devem ser comparadas, pois cada empresa tem a liberdade de definir seus parâmetros.
Entenda o riscos
O risco de mercado está relacionado aos movimentos da economia e afetam todos os investimentos. Há possibilidade da perda de dinheiro por conta das oscilações na taxa de juros, no câmbio ou na bolsa de valores.
Confundir investimento com aposta, ser ganancioso nas suas escolhas, ter pressa para obter resultados, tomar decisões muito emocionais e não diversificar são apenas alguns dos erros mais comuns dos investidores.
Crie o hábito de investir
Quem junta dinheiro de pouco em pouco consegue economizar quantias significativas no final de um longo período. E essa atitude pode inclusive ser passada de pais para os filhos. Muitas pessoas preferem se programar para reservar sempre um mesmo valor mensalmente.
A estratégia ajuda a criar um hábito e ainda ajuda a dar coragem para aumentar a quantia gradativamente.
Conclusão
Investir na bolsa de valores não é uma tarefa difícil, mas é necessário ter algumas noções sobre como o mercado funciona e quais os objetivos do investimento. Para ficar por dentro de tudo o que está acontecendo na economia brasileira de uma maneira fácil e descomplicada, o leitor pode acessar as análises de Beatriz Cavalcante, editora-chefe de Economia do O POVO.
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