Obras do Anel Viário são paralisadas na Grande Fortaleza

Motivo da paralisação seria atraso em pagamento ao consórcio que executa a obra, o que é negado pelo Governo do Estado

15:52 | Dez. 11, 2025

Por: Adriano Queiroz
Obras do Anel Viário tinham previsão de ser concluídas em 2025 (foto: FCO FONTENELE)

As obras do Anel Viário, na Região Metropolitana de Fortaleza, estão paralisadas desde quarta-feira, 10. A informação foi divulgada inicialmente por trabalhadores que atuam no local e confirmada em apuração da rádio O POVO CBN.

Segundo apurou o jornalista Jocélio Leal, apresentador do programa O POVO no Rádio, fontes do consórcio responsável pela obra, composto por quatro empresas, alegam que o grupo está sem receber há alguns meses e com isso os trabalhadores também estariam sem receber.

Em nota, a Superintendência de Obras Públicas (SOP) nega haver qualquer atraso.

“A Superintendência de Obras Públicas (SOP) informa que já adota todas as medidas para a retomada dos trabalhos do Anel Viário de Fortaleza”, pontua o órgão, acrescentando que “a empresa contratada paralisou indevidamente suas atividades, de forma unilateral e sem justificativa contratual. A SOP reforça que não há quaisquer pendências administrativas ou financeiras por parte do Estado que impeçam a execução da obra”.

“Portanto, diante da paralisação indevida, a SOP já notificou a empresa e está tomando as providências legais e contratuais cabíveis para garantir que os serviços sejam normalizados no menor tempo possível, com o mínimo de impacto para a população”, conclui a instituição em nota.

O projeto de duplicação das vias, assinado entre Governo Federal e consórcio, teve início no ano de 2010. Em 2012, a responsabilidade passou a ser da esfera estadual após mudanças de comando e desistência dos primeiros contratos de operação da obra, que tinha entrega prevista justamente naquele ano.

Entre interrupções e atrasos na entrega da obra, as datas previstas no projeto inicial foram desconsideradas. A retomada dos trabalhos se deu em 2024, quando o Governo do Estado recebeu aporte de recursos federais. A nova previsão de entrega seria até o final de 2025, de acordo com o governador Elmano de Freitas.

A propósito, o governador admitiu que há uma crise com a empresa responsável pela obra, mas disse preferir não romper o contrato. “Nós fizemos um cronograma com a empresa, ela não cumpriu o cronograma e eu estou chamando a SOP para nós discutirmos e poder encontrar a solução”, afirmou Elmano de Freitas.

“Quem decide a empresa não sou eu, quem decide a empresa é o processo licitatório e essa situação não é nova no estado. Nós temos que licitar para garantir lisura, transparência, capacidade de competição, mas às vezes boas empresas ganham licitação. Às vezes uma má empresa ganha a licitação”, disparou.

“Da minha parte cabe cobrar a empresa para que ela cumpra o cronograma estabelecido com o Estado. É isso que eu vou cobrar da empresa. Ela tem um cronograma estabelecido em acordo e ela não está cumprindo o cronograma”, concluiu o governador.

Por sua vez, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE), Dinalvo Diniz, disse que “a paralisação dessa obra já era algo previsível. Desde o início, tínhamos a percepção de que ela sequer teria condições de avançar".

"Os motivos técnicos e econômicos envolvidos são amplamente conhecidos, e é difícil acreditar que o projeto será concluído dentro do modelo que a SOP insiste em adotar. Esta é a quinta contratação rompida, e continuaremos vendo novas interrupções se não houver mudança na forma de condução. Para ilustrar, uma obra de apenas 32 km já acumula 14 anos sem conclusão”, criticou Diniz. (Colaboraram Wendel Souza e Jocélio Leal, rádio O POVO CBN)

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