Com Fed, Ibovespa sobe 0,69% e retoma a linha dos 159 mil pontos

Com Fed, Ibovespa sobe 0,69% e retoma a linha dos 159 mil pontos

O Ibovespa manteve margem de variação estreita, de mil pontos, entre a mínima e a máxima desta quarta-feira, até que se conhecesse a decisão sobre juros do Federal Reserve (Fed), às 16 horas (de Brasília), e também os comentários do presidente do BC norte-americano, Jerome Powell, meia hora depois. Em linha com o esperado, o Fed voltou a cortar a taxa de juros de referência dos EUA em 0,25 ponto porcentual, na terceira redução consecutiva no processo de afrouxamento monetário, iniciado em setembro e a que havia dado curso também na reunião seguinte, no fim de outubro.

Minutos depois da deliberação do Fed, o Ibovespa, acompanhando a melhora observada em Nova York, renovou então máxima do dia, e ganhou fôlego adicional durante as explicações do presidente do Fed, chegando no melhor momento aos 159.690,70 pontos, em alta de pouco mais de 1%. Ao fim, marcava alta de 0,69%, aos 159.074,97 pontos, mantendo a alternância de ganhos e perdas moderados desde o tombo de 4,31% na última sexta-feira, quando registrou sua maior queda diária em quase 5 anos.

Na B3, o Ibovespa se firmou acima dos 159 mil pontos na reta final da sessão, em intervalo que colocou os índices de ações em Nova York também nas máximas do dia por lá. Destaque, na B3, para as ações do setor financeiro, que se firmaram em alta, à exceção de Santander (Unit -0,93%), tendo à frente no fechamento Bradesco PN (+1,78%). Vale ON subiu 1,83%, em sessão com ganhos discretos para Petrobras (ON +0,21%, PN +0,25%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, CSN (+6,41%) e, no lado oposto, C&A (-3,98%).

O giro na B3 foi o mais fraco desde a sexta-feira, a R$ 23,5 bilhões nesta quarta, mas ainda um pouco acima da média recente. Com o desempenho desta quarta-feira, o Ibovespa apagou as perdas de dezembro, agora neutro no mês, o que coloca o ganho acumulado no ano a 32,25%.

A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, em inglês) do Federal Reserve de cortar as taxas de juros em 25 pontos-base (pb) não foi unânime, segundo comunicado divulgado após a reunião. Três dirigentes - o diretor Stephen Miran, o presidente da distrital de Kansas City, Jeffrey Schmid, e o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolsbee - divergiram da decisão.

Miran, que também ocupa a presidência do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca e já criticou diversas vezes o nível elevado das taxas de juros nos Estados Unidos, votou novamente por uma redução maior, de 50 pontos-base (pb). Já Schmid e Goolsbee defenderam manutenção dos juros no nível de 3,75% a 4%.

"O Fed deixou a porta aberta para cortes no curto prazo, mas sem compromisso. Ou seja, reforça a postura 'data dependent' dependente dos dados. Reconheceu a moderação da atividade e a desaceleração do mercado de trabalho, mas citou incerteza ainda elevada e inflação acima do ideal", diz Bruno Perri, economista-chefe, estrategista e sócio-fundador da Forum Investimentos. "É possível que haja uma pausa na próxima reunião, já que a de hoje não foi uma decisão de consenso."

Ainda assim, durante a fala de Powell, os três principais índices de ações em Nova York buscaram novas máximas na sessão. Ao fim, Dow Jones marcava alta de 1,05%, S&P 500, de 0,67%, e Nasdaq, de 0,33%. O índice de tecnologia de NY operou em leve baixa durante boa parte da sessão, e só firmou o sinal positivo durante a fala do presidente do Federal Reserve.

"Já era esperado o corte da taxa de juros nos Estados Unidos. Mas acho que a grande questão agora são os três diretores que veem taxas mais altas para 2026. A gente já prevê um dólar um pouco mais forte nesse final de ano, e, com essa questão do Fed, a tendência é de que tenha uma valorização no dólar um pouco mais expressiva, ainda mais com a questão da pré-candidatura à Presidência de Flávio Bolsonaro pegando forte no Brasil", diz Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. "Agora é entender um pouco melhor essa divergência entre os dirigentes do Fed para compreender, também, o que a gente pode precificar de dólar para 2026", acrescenta.

"O ponto de atenção ficou na fala de Jerome Powell, ao dizer que o Comitê está bem posicionado para decidir em janeiro, uma sinalização que mantém a porta aberta, mas sem garantir continuidade imediata do ciclo", observa João Duarte, sócio da One Investimentos.

Powell afirmou que a despeito das divergências entre os membros do Comitê Federal do Mercado Aberto, a possibilidade de elevação dos juros nos Estados Unidos não está no cenário-base de nenhum dos dirigentes. "Discussão está entre manter ou cortar mais os juros", disse Powell nesta tarde, acrescentando que alta de juros "não está no horizonte" do FOMC.

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