Salário teve o maior peso na redução da desigualdade, diz estudo

Salário teve o maior peso na redução das desigualdades, aponta estudo

Renda do trabalho teve mais influência em resultados sociais que programas como o Bolsa Família, conforme levantamento do Ipea
Atualizado às Autor Adriano Queiroz Tipo Notícia

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que o índice de Gini, que mede a desigualdade, atingiu em 2024 seu menor patamar na série histórica iniciada em 1995, graças em grande parte ao mercado de trabalho e aos salários pagos aos trabalhadores.

O índice atingiu 50,4 pontos, 1,3 ponto a menos que o registrado em 2023. De acordo com o estudo, cerca de metade dessa redução está associado, enquanto 0,3 ponto (ou 22%) foi devido à contribuição de benefícios previdenciários e 0,2 ponto (ou 16%) foram resultados da contribuição das transferências assistenciais, como o Bolsa Família.

Quanto menor o índice, numa escala de 0 a 100, menos desigual é determinada sociedade.

O resultado é similar, quando é considerado um intervalo mais longo, como o período entre 2021 e 2024, no qual a redução foi de 3,9 pontos, sendo 49% da queda resultado dos rendimentos do trabalho e 44% das transferências assistenciais diversas.

Embora ainda sem os dados de 2025, a expectativa do governo é que esses resultados melhorem ainda mais em 2026, devido a novas medidas, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e as alíquotas menores para quem recebe até R$ 7.350.

O estudo levou em consideração também dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontam que as médias das rendas familiares, que soma todas as fontes, tiveram elevações similares ao do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Isso demonstra, conforme o levantamento, que a riqueza gerada no País está sendo distribuída de forma menos desigual.

"O indicador [de renda domiciliar ] se recuperou com o triênio de maior crescimento do poder de compra médio dos brasileiros desde o Plano Real, acumulando alta de mais de 25%, isto é, 7,8% ao ano entre 2021 e 2024. Neste último ano, a renda média alcançou o maior valor da história (R$ 2.015 por pessoa, em preços médios de 2024)”, diz trecho do estudo do Ipea.

“A recuperação da renda média nos últimos anos acompanhou a do PIB per capita, que voltou a crescer mais no Brasil do que no resto do mundo em 2022, 2023 e 2024, o que não ocorria desde 2013", prossegue o texto.

A política de valorização do salário mínimo também é apontada como um fator por trás da redução da desigualdade. Ela estabelece que o mínimo deve ser feito com aumentos anuais decorrentes da soma do crescimento do PIB de dois anos antes e a inflação do ano anterior.

O aumento do salário mínimo acaba tendo influência também sobre os demais salários pagos no mercado de trabalho, conforme apontam estudos do IBGE e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para além de 2024, a série histórica traz um ponto fora da curva, que foi o ano de 2020, quando a desigualdade apresentou forte queda, atribuída pelo Ipea ao auxílio-emergencial adotado durante a pandemia de Covid-19, voltando a subir no ano seguinte.

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