Plano para indústria, empregos e agro será anunciado, diz Haddad
Ministro da Fazenda afirmou que uma nova reunião com o ministro americano Scott Bessent (Tesouro) está sendo agendada e que as negociações continuam para ampliar lista de exceções
10:14 | Jul. 31, 2025
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que o governo está “calibrando” o plano de contingência que busca atenuar os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos e deve anunciar as medidas “nos próximos dias”.
“Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias, de acordo com a proteção à indústria brasileira, aos empregos no Brasil e ao agro também. Dentro do plano de contingência, já havia medidas nessa direção e vamos agora calibrar justamente à luz do que foi anunciado ontem (quarta-feira, 30) para que possa acontecer o mais rápido possível”, afirmou na manhã desta quinta-feira, 31 de julho.
Haddad ponderou, no entanto, que o governo não mira apenas os grandes setores produtivos. O objetivo das medidas é contemplar setores mais frágeis, os quais, “na pauta de exportação não são significativos, mas o efeito (do tarifaço) sobre eles é muito grande”.
A edição do plano está a cargo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e da Secretaria de Política Econômica. Em seguida, vai ser encaminhado à Casa Civil e, em seguida, para apreciação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nova rodada de negociações
O ministro contou também que a assessoria do ministro americano Scott Bessent (Tesouro) fez contato com o Ministério da Fazenda para uma nova rodada de negociações com, na qual Haddad vai buscar rever a taxação sobre mais itens da pauta exportadora brasileira.
“Vamos levar às autoridades americanas os nossos pontos de rusga. Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas e há setores afetados que não precisariam estar afetados. Nenhum a rigor. Mas há casos que são dramáticos e deveriam ser considerados imediatamente”, declarou.
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Perguntado sobre a lista de exceções anunciada pela Casa Branca, Haddad comentou, no entanto, que o governo americano foi sensível às considerações apresentadas pelo Brasil e que, nesta nova rodada de negociações, parte de um “ponto de partida mais favorável que imaginávamos”.
A data para o encontro entre os ministros brasileiros e americano ainda não tem data definida. Haddad ponderou que Bessent chegou recentemente da Europa e que a agenda ainda está sendo acertada. O último encontro dos dois foi em maio, na Califórnia (EUA).
Desequilíbrio e aproximação
O ministro da Fazenda apontou “uma série de efeitos colaterais indesejáveis” gerados pelo tarifaço e citou o desequilíbrio dentro do Mercosul (Mercado Comum do Sul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e o afastamento das economias brasileira e americana, como exemplos.
Ele defendeu a aproximação dos países no mesmo continente, acenando para uma busca de “integração e parceria” entre Estados Unidos e Brasil.
“Essa atitude (tarifaço) vai nos afastar ao invés de aproximar. E nós queremos aproximação. O Brasil tem uma economia grande que não pode ser apêndice nem da China, nem União Europeia e a postura do presidente Lula nos seus três mandatos tem sido de buscar equilíbrio no comércio”, observou.
Com informações do correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage