Ceará avalia impactos nas cadeias produtivas e nos preços após anúncio de Trump
Durante a tarde desta segunda, 14 de julho, haverá uma reunião convocada pelo governador Elmano de Freitas (PT)
14:13 | Jul. 14, 2025
Com o ameaça da taxação de 50% a todos os produtos brasileiros pelos Estados Unidos para 1º de agosto, o Governo do Ceará já avalia os impactos nas cadeias produtivas cearenses e nos preços do mercado local.
A informação foi dada ao O POVO pelo titular da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz-CE), Fabrízio Gomes, durante o 1º Café com Autoridade, promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig-Ceará).
Durante a tarde desta segunda, 14, haverá uma reunião convocada pelo governador Elmano de Freitas (PT), segundo adiantou o jornalista Henrique Araújo. Conforme o secretário, a ideia é levantar o faturamento das empresas que vendem para outros países.
E para o governador Elmano de Freitas (PT), de acordo com declaração dada no último sábado, é vista a possibilidade de a produção estadual se voltar para outros mercados internacionais, na hipótese de haver dificuldade de exportação para os Estados Unidos. A ideia dele é se antecipar, encontrando alternativas de comercialização antes mesmo de qualquer aumento da taxação.
Neste primeiro momento, explica Fabrízio, não há reflexo na arrecadação, porque o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é isento para as exportações.
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“Mas pode desestruturar as cadeias produtivas. E aí a gente tem que analisar direitinho qual é o impacto, em um segundo momento, nos preços, na economia. Porque, por exemplo, se o Governo Federal resolver fazer uma taxação também dos produtos importados, isso impacta em preço interno. Então a gente tem que verificar.”
Além disso, ressaltou que já solicitou estudos econômicos para avaliar as consequências e a reunião servirá para entender as alternativas que o Ceará pode ter, até mesmo para levar ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
“Também é um impacto forte para a economia americana. É uma medida que prejudica eles também, porque boa parte do aço, boa parte do pescado vai daqui para lá. Então, os preços internos nos Estados Unidos também vão aumentar e pode desestruturar e causar desemprego […] É ter calma, dialogar, para ver qual é o melhor caminho”, disse ele após o debate no Hotel Sonata, no encontro da manhã desta segunda-feira.
Formação do Comitê Gestor do IBS ainda é desafio para a Reforma Tributária
A reforma tributária foi o centro da discussão do Café com Autoridade promovido pela Abrig Ceará. Para o secretário da Sefaz-CE, Fabrízio Gomes, os desafios são muitos. Um deles é o início do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
O órgão será responsável por administrar e coordenar o novo tributo, que substituirá o ICMS e o Imposto Sobre Serviços (ISS), como parte da reforma. O entrave se dá porque os representantes dos estados já foram empossados, enquanto ainda há uma discussão para os dos municípios.
“O Governo Federal vai disponibilizar R$ 50 milhões por mês para que a gente comece as atividades do plano de estudos. Já passou o semestre e a gente não recebeu nada, porque está dependendo dessa resolução. Então, a gente já perdeu a chance de ter esse impulso financeiro, que totalizaria R$ 300 milhões aplicados. Agora, vamos correr para que, pelo menos a partir do segundo semestre, a gente consiga implementar o comitê gestor.”
Por outro lado, o deputado estadual Mauro Filho (PDT-CE) ponderou críticas de que a alíquota do novo imposto sobre consumo será a maior do mundo.
“O Brasil já tem uma das maiores cargas tributárias sobre o consumo. A reforma vem para reorganizar e dar mais justiça ao sistema.”
Segundo ele, a alíquota simulada de 27,3% ainda precisa ser revista, já que nem toda a base de arrecadação está contabilizada nos estudos técnicos.
Já o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Renato Coelho, destacou a necessidade de mobilização do setor privado diante da transição do sistema tributário nacional, pois se inicia em janeiro de 2026 e as empresas despreparadas poderão enfrentar dificuldades operacionais.
“Já tem um movimento de teste. As empresas estão se adaptando à geração da nova nota fiscal, com inclusão dos dois novos tributos. É uma alíquota simbólica, de teste, mas é o primeiro passo.”
Ele ainda destaca que é preciso um olhar atento especialmente para os negócios de pequeno e médio porte, já que, quem não estiver apto a emitir nota com a nova diretriz, não conseguirá faturar.