'Espero que haja uma solução, porque a medida de Trump afeta o mundo', diz presidente da Apex
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, afirmou esperar uma solução em relação ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Espero que haja uma solução, porque a medida de Trump afeta o mundo. Imagino que possa ter reação de países que foram taxados com tarifas maiores. Não tem muito o que ser feito a não ser aguardar, especialmente no caso brasileiro", disse Viana, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira. "Agora, é preciso aguardar", pontuou.
Viana defendeu a busca por entendimento com os Estados Unidos e a separação de negócios e política. "Não devemos desistir dos EUA, que são a maior economia do mundo. Temos que buscar o entendimento", defendeu Viana. "O Brasil lamenta o que está ocorrendo, mas fez o dever de casa para situações como essas, que espero que não se materializem. Torço para Trump rever, se não tudo, mas parte das medidas, por elas serem inexequíveis", acrescentou.
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Sobre produtos brasileiros, os Estados Unidos irão adotar uma sobretaxa de 10% a partir de 5 de abril. De acordo com Viana, os 10% serão adicionais às alíquotas de importação vigentes. Ele citou o café, principal produto exportado do Brasil para os Estados Unidos, e também sujeito às tarifas. "O maior produtor de café é o Brasil. O segundo é o Vietnã, taxado com alíquota mais alta (46%)", apontou Viana.
Para o presidente da Apex Brasil, a posição do presidente Lula e do Itamaraty em manter cautela em relação ao pacote de Trump é a "mais correta". "O presidente Lula já disse que se tiver que ligar para Trump, se for necessário, ele liga. O presidente Lula é da pacificação, da mediação e deve escolher esse caminho. O governo Lula tem sido muito cauteloso desde o começo, colocando o MDIC para conversar com os EUA e com o posicionamento do Itamaraty sempre ponderado", observou. Na avaliação de Viana, a aprovação do projeto de lei da reciprocidade pelo Congresso Nacional já dá um sinal para os Estados Unidos de que o País tem alternativas para uma eventual resposta.
Viana mencionou também o fato de que frigoríficos brasileiros têm diversas fábricas instaladas no território americano. "A tarifação é paga pelos importadores, o que tende a aumentar o custo interno dos produtos nos Estados Unidos", acrescentou.
Segundo Viana, a Apex vai trabalhar em sintonia com o governo para verificar os efeitos das tarifas nos produtos e empresas brasileiras. Se o tarifaço de fato for implementado, haverá "muito trabalho", inclusive para fazer crescer a presença do País no comércio internacional.