Antes da Enel: como a energia começou a ser privatizada em SP?
São Paulo enfrenta queda de energia elétrica após temporal que atingiu a cidade na última sexta-feira, 11, entenda processo de privatização de energia
Mais de 500 mil pessoas ainda estão sem luz no estado de São Paulo, conforme boletin divulgado pela Enel nesta segunda-feira, dia 14. Um temporal atingiu a cidade na última sexta-feira, dia 11 de agosto, deixando mais de 1,6 bilhão de pessoas sem energia elétrica. Desde então, ainda há mais 300 clientes esperando por resposta apenas na capital.
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Privatização de energia elétrica em SP: entenda linha do tempo
O processo de privatização do setor de energia elétrica em São Paulo teve início nos anos 1990, no contexto das reformas econômicas promovidas pelo governo federal, sob a liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O objetivo dessas reformas era modernizar a economia, reduzir o déficit público e atrair investimentos privados para setores estratégicos, como telecomunicações e energia.
Em 1995, a Lei de Concessões foi aprovada, permitindo a participação de empresas privadas na operação de serviços públicos, incluindo a distribuição de energia elétrica.
Com esse novo marco legal, o governo de São Paulo iniciou a reestruturação das suas empresas estatais de energia, visando a privatização de ativos como a Companhia Energética de São Paulo (CESP).
Ao longo dos anos 1990, a CESP foi desmembrada para facilitar a privatização, e a Eletropaulo, que era responsável pela distribuição de energia na capital paulista e na região metropolitana, passou a ser preparada para venda.
Em 1998, a Eletropaulo foi vendida para consórcios privados, sendo a AES Corporation uma das principais compradoras.
Após a privatização, as empresas que assumiram o controle da distribuição de energia realizaram investimentos significativos na modernização e ampliação da rede elétrica.
No entanto, houve críticas em relação ao aumento das tarifas e à possível formação de monopólios privados em determinadas regiões do estado.
Nos anos seguintes, o setor privatizado continuou a crescer, com melhorias na qualidade do serviço, ao mesmo tempo em que os debates sobre os impactos sociais e econômicos da privatização persistiram no cenário público.
Privatização de energia elétrica em SP: como a Enel se tornou a fornecedora principal
No dia 4 junho de 2018, a Enel Brasil comprou 73,38% das ações da Eletropaulo, por R$ 5,55 bilhões. Com o negócio, realizado por meio de leilão na B3, o grupo europeu se tornou líder na distribuição de energia elétrica na América Latina, atendendo 17 milhões de clientes no Brasil.
Desde então, a Enel passou a atuar nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás.
A partir deste dia, a americana AES e o BNDES deixaram de fazer parte da estrutura acionária da Eletropaulo. A compra foi concluída e homologada em 3 de dezembro de 2018. Com a mudança em sua estrutura acionária, a Eletropaulo passou a se chamar Enel Distribuição São Paulo desde dezembro de 2018.
Hoje a Enel é responsável por 70% da distribuição de energia elétrica em território paulista. A empresa atende cerca de 7,5 milhões de unidades em 24 municípios no estado.
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