Itaú Unibanco: Americanas é um caso de fraude isolado
CEO do banco disse ter usado todas as ferramentas de análise disponíveis para analisar a carteira e garantir mais segurança aos resultados da instituição
O Itaú afirmou não ter observado nenhum outro caso semelhante ao da Americanas em sua carteira de clientes e não ocasionou mudanças nos negócios com outras empresas. Ao classificar o episódio de fraude bilionária como “evento subsequente” - pois ocorreu após o fechamento do balanço - , Milton Maluhy Filho, CEO da instituição, disse ter feito uso de todas as ferramentas possíveis para garantir a avaliação.
“É um caso isolado, é uma fraude e a gente tem que acompanhar de perto. Na nossa visão, depois de todas as análises que foram feitas, trata-se de um caso isolado. O que a gente conseguiu apurar até agora não encontramos nenhum outro caso semelhante”, afirmou em coletiva sobre os resultados de 2022.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Dessa forma, de acordo com ele, o caso não interferiu nenhuma tratativa de cessão de crédito pelo banco com outras empresas do segmento ou do mercado.
Em dezembro de 2022, uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões no resultado da Americanas despertou atenção no mercado. A evolução das investigações demonstrou um rombo de R$ 43 bilhões na varejista que deflagrou uma crise, com disputa acirrada entre os principais agentes financeiros do País, os quais tinham aplicação e crédito cedido à empresa. O Itáu Unibanco é um dos credores da Americanas e tem R$ 2,765,920,046,11 na empresa.
Provisionamento 100%
Ao divulgar o balanço do ano passado, o Itaú resolveu provisionar todas as perdas com o caso Americanas como forma de segurança. O CFO Alexsandro Broedel explicou que a decisão visa dar mais transparência ao mercado como um todo.
“A incerteza sobre o que vai acontecer é muito grande, os valores são de magnitude muito grande. Foi justamente para que não haja nenhum impacto negativo”, completou o CEO, acrescentando que uma decisão do tipo depende de cada caso de deterioração de companhias observado no mercado.
Segundo Broedel, a estratégia ainda possibilita que qualquer recuperação feita nos próximos anos ao longo da recuperação judicial da empresa seja interpretada como ganho positivo para os resultados do Itaú Unibanco.
Investigação
Perguntado sobre como o banco lidou após revelados o rombo de R$ 43 bilhões na Americanas, Maluhy contou que a equipe “voltou para a prancheta” e foi feita uma revisão geral da carteira do banco como um todo.
Sem revelar quais ferramentas têm em uso, o CEO disse ter “uma série de instrumentos, conversas e série de outras informações” e classificou o caso como “uma super oportunidade de reforçar nossos processos e ver se tem algum aprendizado.”
“Fraude não acontece de forma generalizada. o que foi dito é que o risco sacado ao produto, comumente feito no mercado há muito anos no Brasil e em outros países, a gente não identificou nenhuma fragilidade ou algo do tipo. A gente está falando de uma companhia listada em bolsa, auditada por empresa de grande porte, com controladores relevantes e o cenário não era algo esperado para uma companhia como essa”, arrematou, sinalizando atenção ao processo de recuperação judicial pelo qual a Americanas vai passar.
*O jornalista viajou a São Paulo a convite do Itaú Unibanco