Em Fortaleza, preço da gasolina se mantém estável

Dados na ANP mostram quarta alta de valores no Brasil; Na Capital, média de preço de R$ 4,99 já é relatada desde o mês de outubro

Em Fortaleza, o preço médio da gasolina comum é de R$ 4,94, conforme a pesquisa semanal (de 30 de outubro a 5 de novembro) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 7. O valor máximo registrado na Capital é de R$ 5,25 e o mínimo R$ 4,77.

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Porém, em matéria no dia 10 de outubro, a reportagem do O POVO já tinha constatado, que a gasolina comum estava na média de R$ 4,99 em muitos postos de combustíveis de Fortaleza.

Vale lembrar que, neste período, não houve registro de mudança nos valores praticados nos postos, ou seja, os consumidores já estão pagando próximo da média brasileira há tempo.

No Brasil, essa é a quarta semana de alta nos preços dos combustíveis, ainda conforme o relatório da agência. 

Avaliação de mercado

O consultor na área de Petróleo e Energia, Ricardo Pinheiro, explica que, atualmente, a alta dos preços não ocorre pelo aumento interno da Petrobras, mas sim pela pressão do mercado internacional. 

"os valores estão parados desde antes das eleições e há uma grande pressão para subir. Para se ter uma ideia, hoje estamos com uma defasagem de 18% no preço da gasolina e de 20% no preço do diesel, em comparação com os valores praticados internacionalmente", diz. 

Ele lembra que o câmbio do dólar e a cotação do barril de petróleo no mercado internacional são fatores que são levados em conta no momento da composição do preço dos combustíveis, já que o Brasil, desde o governo de Michel Temer (MDB), utiliza a política de Paridade de Preço Internacional (PPI).

Outro fator que deve ser levado em conta, segundo o especialista, é que toda a movimentação interna dos combustíveis no País é feita por meio de transporte rodoviário. Com isso, as paralisações de caminhoneiros e os altos valores do diesel também influenciam nessa composição de preços. 

No caso da gasolina, principalmente por causa da mistura do etanol (que é de 23% e 25%), o aumento se dá justamente por conta do aumento no preço do etanol. 

Ainda sobre a defasagem, Ribeiro destaca que o mercado prevê um novo aumento nessa semana ou na próxima. A intenção é de diminuir mais a defasagem. "Mas isso não será feito de uma só vez, pois traria impacto direto e aumento na inflação, o que não é bom para o cenário econômico."

Até o fim deste ano, o especialista acredita que o valor dos combustíveis sofra um reajuste de 10% a 12% e projeta que o preço do diesel pode chegar a R$ 8 e a gasolina a R$ 7.

Próximos passos

Com relação à política de preços que deve ser adotada pelo próximo governo, o consultor na área de Petróleo e Energia, Ricardo Pinheiro, comenta que o pelo histórico, "governos do PT não gostam muito da política PPI".

"Então, existe uma expectativa de que se comece a fazer uma composição de preços dos combustíveis com base nos custos internos. Lembrando, que o nosso petróleo é muito mais barato que o petróleo internacional."

Porém, ele lembra que 30% dos produtos refinados do Brasil são importados, já que o País possui autossuficiência na produção do petróleo bruto, mas não possui parque de refino suficiente para atender toda a demanda interna.

"Assim, vamos ter que ver, também, como os investidores da Petrobras aceitariam uma nova política de preços, sempre deixando claro que a empresa não deixaria de ter lucros. Todas essas movimentações vão gerar muitas discussões ainda no início de 2023", ressalta. 

Movimentação normal, segundo Sindipostos

Esta alta de preços é avaliada pelo assessor econômico do Sindipostos, Antônio José Costa, como "normal".

"Por conta da política de preços adotadas, a PPI, os valores oscilam por conta da economia internacional, do câmbio do dólar e do preço do barril de petróleo. Tudo isso influencia, já que temos 30% do mercado conduzido por distribuidoras independentes."

Ele afirma que há também a concorrência acirrada entre os postos tentando conquistar o mercado, onde todo o centavo faz diferença.

"O consumidor é quem leva vantagem. Chamamos essa de concorrência perfeita, quando todos oferecem o mesmo produto e ganham o consumidor na pequena variação de preço. Quando fica insuportável o preço, o comerciante sobe. Quem tem mais estoque consegue segurar um pouco mais o preço antigo e, assim, o consumo vai se dando."

Até o fim do ano, Costa avalia que os preços dos combustíveis devem se manter estáveis, com pequenas variações.

"Para janeiro, a conversa é outra. Sabemos do perfil do próximo governo. Diferente desse que é liberal, o próximo é estatal. Então, vamos precisar conhecer a equipe econômica e a nova direção da Petrobras para avaliarmos como será a política de preços."  

No Brasil, essa é a quarta alta seguida

O preço médio do litro aumentou R$ 0,07, passando de R$ 4,91 para R$ 4,98 (na semana de 30 de outubro a 5 de novembro), uma alta de 1,42%. De acordo com a ANP, o valor máximo do combustível encontrado nos postos no período foi de R$ 6,99.

Já o etanol hidratado teve alta de 1,92%, na média, o que significa R$ 0,13, passando de R$ 3,63 para R$ 3,70. O valor mais alto encontrado pela agência nesta semana foi de R$ 6,19. Após cinco meses de queda, essa é a quinta alta deste combustível.

O diesel, por sua vez, também subiu, depois de uma pequena queda registrada na semana anterior. O preço médio do litro subiu 0,3%, passando de R$ 6,56 para R$ 6,58. O valor mais alto registrado foi de R$ 7,99.  

Como é decidido o preço?

Todas as altas registradas nos três combustíveis ocorreram por conta da política de preços adotada pela estatal, a Paridade de Preço Internacional (PPI), já que os valores de venda dos combustíveis da Petrobras às distribuidoras não sofrem aumento nas refinarias desde junho deste ano. 

Conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), apesar da estabilidade do câmbio e dos preços de referência no mercado internacional da gasolina e do óleo diesel apresentarem redução, o cenário segue apresentando defasagens abaixo da paridade. A defasagem média, ainda segundo a nota do órgão, é de 5% no Óleo Diesel e de 1% para a Gasolina.

Os preços dos combustíveis tiveram uma forte redução neste ano, após o Governo Federal limitar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por meio de um teto para o imposto sobre itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.

Com os itens recebendo a classificação de essenciais e indispensáveis, os estados tiveram que limitar a tributação em até 18%. Antes disso, os combustíveis entravam no grupo de bens considerados supérfluos e pagavam, em alguns estados, até 30% de ICMS.  

Confira os dados da pesquisa da ANP:


Fortaleza

GASOLINA COMUM
Preço médio 4,94
Preço máximo 5,25
Preço mínimo 4,77

ETANOL HIDRATADO
Preço médio 3,94
Preço máximo 4,89
Preço mínimo 3,49

ÓLEO DIESEL S10
Preço médio 7,03
Preço máximo 7,59
Preço mínimo 6,67

Ceará

GASOLINA COMUM
Preço médio 4,97
Preço máximo 5,45
Preço mínimo 4,77

ETANOL HIDRATADO
Preço médio 4,03
Preço máximo 6,19
Preço mínimo 3,49

ÓLEO DIESEL S10
Preço médio 7,05
Preço máximo 7,59
Preço mínimo 6,65

Brasil

GASOLINA COMUM
Preço médio 4,98
Preço máximo 6,99
Preço mínimo 4,26

ETANOL HIDRATADO
Preço médio 3,70
Preço máximo 6,19
Preço mínimo 3,07

ÓLEO DIESEL S10
Preço médio 6,71
Preço máximo 8,59
Preço mínimo 5,96

  

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