CEO do Grupo J. Macêdo assina carta em defesa da democracia

Amarílio Macêdo subscreveu manifesto organizado pela Faculdade de Direito da USP que já conta com mais de 500 mil assinaturas e fez críticas aos dois líderes da corrida presidencial

O empresário cearense Amarílio Macêdo, CEO do Grupo J. Macêdo subscreveu manifesto organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo que já conta com mais de 500 mil assinaturas e fez críticas aos dois líderes da corrida presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

“Quem acredita que Lula vitorioso conseguirá governar adequadamente tendo os bolsonaristas desencadeando ações agressivas, instigadas pelo perdedor? Ou, ao contrário, quem acredita que, se Bolsonaro ganhar, a crise nacional, nos campos político, econômico e social, não se agravará ainda mais”, questionou Macêdo, que é também conselheiro do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, na última sexta-feira, 29.

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O empresário ressaltou que compete aos integrantes das elites brasileiras, assim como a toda a sociedade, opor-se “de forma clara aos ataques à democracia para fortalecer a ordem pública nacional e o Estado de Direito constitucional, saindo da passividade e da contemplação para agirmos com efetividade nos nossos ambientes de influência”.

“Há muitas pessoas que detêm o poder político e o econômico no nosso País que não assumem sua responsabilidade como elite”, prossegue Macêdo.

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Entenda a carta à democracia 

Banqueiros e empresários assinaram na terça-feira, 26 de julho, manifesto em defesa da democracia organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

O documento que tinha 3,1 mil subscritos até ontem já tem mais de 30 mil assinaturas nesta quarta-feira, 27 de julho. A lista completa pode ser vista no site da FDUSP

Dentre os cearenses que subscrevem o documento, está o conselheiro de empresas, Geraldo Luciano, e a secretária da Fazenda do Ceará (Sefaz), Fernanda Pacobahyba.

Dentre os nomes de relevância estão: Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, Candido Bracher, integrante do Conselho de Administração do Itaú Unibanco, Eduardo Vassimon, presidente do Conselho de Administração da Votorantim, Guilherme Leal, copresidente da Natura e Walter Schalka, presidente da Suzano.

A carta revela apoio ao sistema eleitoral por meio das urnas eletrônicas, que são grifadas como "seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral." Vai de encontro ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL), que intensificou os ataques ao formato de votação brasileiro.

Sobre o momento político de 2022, o documento frisa que "ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República  einsinuações de desacato ao resultado das eleições."

Também há reação ao que chamam de "ataques infundados" e desacompanhados de provas, que questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito "tão duramente conquistado" pela sociedade brasileira.

"São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional", frisa o manifesto.

Imagem do início da carta pela democracia divulgada pela Faculdade de Direito da USP
Imagem do início da carta pela democracia divulgada pela Faculdade de Direito da USP (Foto: Reprodução )

A carta compara o movimento ao que ocorreu nos Estados Unidos. "Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão."

A mensagem é que a consciência cívica dos que apoiam o manifesto "é muito maior do que imaginam os adversários da democracia".

"Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática", complementa o documento.

Ao fim, o manifesto destaca que no Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários.

"Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!"

O que é a carta pela democracia

A carta divulgada na terça-feira, 26 de julho, é um manifesto ao Estado Democrático de Direito organizado pela Faculdade de Direito da USP. 

Faz parte de um movimento mais amplo que ressalta a importância de defender as instituições brasileiras e os Tribunais Superiores – especialmente o STF e TSE – que vêm sofrendo constantes ataques.

Haverá desdobramento do manifesto ainda no dia 11 de agosto, em união com outras entidades e diversos representantes da sociedade.

Na ocasião, haverá a leitura de uma nova “Carta aos Brasileiros e Brasileiras”, no Pátio das Arcadas, às 11h, que será realizada pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello.

O espaço foi onde, em 1977, diante das dificuldades impostas pelo Estado de Exceção, o jurista e professor das Arcadas Goffredo da Silva Telles Jr. marcou a luta contra a Ditadura.

O que diz a carta pela democracia

O texto adverte para os atuais problemas, em especial os ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral e as urnas eletrônicas e ressalta a lição deixada pelo professor Goffredo, que denunciava a ilegitimidade do governo militar e o estado de exceção e pedia a instauração de uma Assembleia Nacional Constituinte.

“O documento já tem centenas de adesões. Temos professores de Direito do Brasil inteiro e mais de milhares profissionais de diversas áreas subscrevendo o texto”, assinalou o diretor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Em um dos trechos, a Carta ressalta: “Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: ‘Estado Democrático de Direito sempre!’”.

Saiba alguns nomes que assinaram a carta pela democracia

  1. Alberto Toron: advogado
  2. Armínio Fraga: ex-presidente do Banco Central
  3. Arnaldo Antunes: cantor
  4. Candido Bracher: integrante do Conselho de Administração do Itaú Unibanco
  5. Celso Antônio Bandeira de Mello: advogado
  6. Chico Buarque de Hollanda: cantor 
  7. Eduardo Vassimon: presidente do Conselho de Administração da Votorantim
  8. Fábio Alperowitch: sócio-fundador do Fama Investimentos
  9. Guilherme Leal: copresidente da Natura
  10. Horácio Lafer Piva: acionista e integrante do Conselho de Administração da Klabin
  11. João Moreira Salles: cineasta
  12. João Paulo Pacifico: CEO do Grupo Gaia
  13. José Roberto Mendonça de Barros: economista
  14. José Olympio Pereira: ex-presidente do banco Credit Suisse no Brasil
  15. Miguel Reale Júnior: ex-ministro da Justiça
  16. Natália Dias: CEO do Standard Bank
  17. Paulo Hartung: ex-governador do Espírito Santo
  18. Pedro Malan: ex-ministro da Fazenda
  19. Pedro Moreira Salles: copresidente do Conselho de administração do Itaú Unibanco
  20. Pedro Passos: conselheiro da Natura
  21. Pedro Serrano: advogado
  22. Pierpaolo Bottini: advogado
  23. Roberto Setubal: copresidente do Conselho de administração do Itaú Unibanco
  24. Sérgio Renault: advogado
  25. Walter Casagrande: ex-jogador de futebol
  26. Walter Schalka: presidente da Suzano

Veja a íntegra da carta pela democracia abaixo

Clique aqui para baixar o PDF.

"Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos.

Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. A semente plantada rendeu frutos.

O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o Estado Democrático de Direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal. Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição: " Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição ".

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