Com alta de 4,54%, cesta básica em Fortaleza tem a maior variação do País em junho
Segundo dados do Dieese, cearense chegou a pagar R$ 657 pelos alimentos básicos. Somente neste ano, cesta básica subiu 13,46% na Capital e é a mais cara do NordesteA cesta básica comercializada em Fortaleza teve a maior alta do Brasil em junho e chegou a R$ 657. No mês passado o valor subiu 4,54% ante maio. Somente em 2022, com o fechamento dos dados do primeiro semestre, a alimentação básica teve acréscimo de 13,46% na Capital, o que a coloca como a sexta maior variação no período. Os dados são do Dieese.
Ainda segundo o relatório mensal, no Brasil, em junho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 26 minutos, maior do que o registrado em maio, de 120 horas e 52 minutos. Em junho de 2021, a jornada necessária ficou em 111 horas e 30 minutos. Portanto, são necessárias quase 10 horas a mais de trabalho para comprar os artigos da cesta.
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AssineNo Ceará, são necessárias 119 horas e 16 minutos, número um pouco menor que a média nacional, mas preocupante, já que é o maior patamar do Nordeste, analisa a presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente.
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A presidente do Corecon-CE destaca a majoração do preço da cesta básica tem prejudicado principalmente os mais pobres, que vem sentindo mais o aumento da inflação, principalmente dos produtos mais básicos para sobrevivência.
"Isso quer dizer que há queda maior do poder aquisitivo dos trabalhadores cearenses. Além da queda do rendimento nominal, o salário médio tem caído, temos ainda a queda do poder de compra real. É muito sério esse agravamento, aumentando o nível de pobreza", analisa.
Nordeste mais impactado por aumentos na cesta básica
De maneira geral, a pesquisa do Dieese mostra que as capitais dos estados nordestinos foram as mais impactadas com a inflação sobre a cesta básica no mês de junho. Além de Fortaleza, destacam-se os aumentos de Natal-RN (4,33%) e João Pessoa-PB (3,36%), enquanto em capitais do Sul, o preço da cesta diminuiu: Porto Alegre (-1,9%), Curitiba (-1,74%) e Florianópolis (-1,51%).
No fechamento do primeiro semestre, no acumulado, as capitais do Nordeste também lideram nessa majoração de preços. Natal (+15,53%) teve a maior alta em seis meses, seguida de Aracaju (+15,03%), Recife (+15,02%) e João Pessoa (+14,86%).
Além do aumento do nível de pobreza do cidadão, Silvana ainda alerta para o aumento do endividamento das famílias, que, deixam de consumir supérfluos, e passam a usar seu crédito disponível para pagar insumos básicos para sobrevivência. "Hoje 77% dos brasileiros estão endividados", lembra.
Salário mínimo ideal para os brasileiros
O Dieese ainda calculou o salário mínimo ideal para o Brasil, com base nas necessidades de uma família de quatro pessoas. Levando em consideração o custo da cesta básica mais cara do País - em São Paulo, a R$ 777,01, em junho de 2022, o salário mínimo necessário seria de R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212 em vigor.
Os produtos que foram os principais vilões para o salto de preços em junho foram o tomate (+21,04%) e o leite integral (+10,15%). Esse último registrou aumento em todas as cidades, entre maio e junho.
"É preciso salientar que no caso do leite o produto vinha apresentando algumas deflações até março. Mas daí em diante, começou a apresentar altas", explica o supervisor técnico do Dieese no Ceará, acrescentando ainda que o tomate é um produto volátil, que no mês passado havia apresentado queda de preço da ordem de 23%.
Outro vilão foi o pão francês, que subiu em 15 das 17 cidades pesquisadas. Em Fortaleza o pãozinho subiu 1,9%.
Dentre os produtos que apresentaram queda de preço no último mês, temos a farinha (-3,41%), a carne (-0,56%) e óleo (-0,35%). A batata foi o único produto que apresentou queda de preço em todas as cidades. De acordo com o levantamento do Dieese, por conta da maior intensificação da colheita da safra de inverno.
Preços nas alturas desde o ano passado
Em um ano, o preço da cesta básica comercializada na Região Metropolitana de Fortaleza já subiu 21,30%, segundo o Dieese.
Preocupação dos brasileiros com a inflação
Uma pesquisa da Hibou, empresa especializada em pesquisa e monitoramento de mercado e consumo, divulgada no fim de junho, intitulada “Atualidades - Brasil”, revela que a inflação preocupa 51% da população, que se vê sem poder de compra.
O alto índice de desemprego preocupa a 39% e o preço do combustível a 37%. Outros fatores citados foram o custo da cesta básica (27%); a desvalorização do Real (19%); o custo das frutas e verduras (9%); o valor do gás de cozinha (8%).
“As finanças pessoais estão negativamente impactadas e um aspecto leva ao outro, como a alta da inflação afeta o desemprego e, por consequência, a percepção real mesmo entre as contas e compras de consumo básicos”, afirma Lígia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
Alimentos que mais subiram de preços no Brasil em 2022 | Dei Valor
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