Ibovespa cai 3,5% e perde o patamar de 100 mil pontos
Impactou também anúncio da Petrobras com novo aumento no preço dos combustíveis. Com isso, as ações da empresa já caíam mais de 7,94% às 12h46min.
O Ibovespa, principal índice de ações da B3, a bolsa de valores de São Paulo, deixou a casa dos 100 mil pontos hoje, sexta-feira, 17 de junho, o que não ocorria desde 5 de novembro de 2020. Às 12h46min, já está na casa dos 99.190 pontos.
Às 11h22min, o índice registrava uma queda de 3,5%, com o mercado se ajustando ao clima negativo nos mercados externos na véspera do feriado de Corpus Christi.
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AssineNa retomada da bolsa brasileira, que ficou fechada ontem, quinta-feira, 16 de junho, o índice voltou com tendência de queda. A alta dos juros no Brasil e nos EUA influenciaram o mercado.
Impactou também anúncio da Petrobras com novo aumento no preço dos combustíveis. Com isso, as ações da empresa já caíam mais de 7,94% às 12h46min.
Entenda a queda do Ibovespa
Em entrevista ao O POVO, Paulo Cunha, especialista no mercado financeiro e CEO da iHUB Investimentos, explica o movimento na Bolsa de Valores brasileira:
O POVO - Quais os motivos para essa queda de hoje no Ibovespa?
Paulo Cunha - Os motivos da queda de hoje: é que durante o feriado quando tivemos a nossa bolsa aqui fechada, o mercado caiu bastante lá fora. O mercado internacional como um todo, as bolsas mundialmente caíram muito na quinta-feira, 16. Foi um dia de bastante aversão a risco.
Vamos lembrar que, na quarta-feira, a gente teve a chamada super quarta. Então, a gente teve um aumento de juros no Brasil, e aumento de juros nos Estados Unidos também, sendo este um aumento mais forte, subiu 0,75%.
Foi um aumento em uma magnitude que a gente não via há muito tempo e o mercado financeiro, principalmente o internacional, é bastante viciado em juros baixos.
Então estamos vivendo um momento de aversão a risco causado pela apreensão do mercado financeiro quanto aos aumentos sucessivos que o FED vem promovendo e que deve continuar. Então isso enxuga bastante a liquidez e fez cair as bolsas mundo a fora.
O POVO - Quais os impactos dessa queda na economia nacional?
Paulo Cunha - Então, primeiro explicando um dos principais motivos desse aumento promovido: é por causa da inflação, para tentar conter a inflação.
Então, a gente vê preços de petróleo subindo muito, em virtude da guerra entre Rússia e Ucrânia, os embargos promovidos contra a Rússia e, além do petróleo, as matérias-primas de maneira geral, preço de alimentos, fertilizantes, dentre outros também tem feito os preços subirem, e o remédio para combater isso nos modelos econômicos é subir os juros.
Então, basicamente, é um pouco disso que está acontecendo.
Só que no mais, a gente não vê impacto real pelo menos ainda na nossa economia, tudo bem que, talvez os brasileiros até já estejam um pouco mais acostumados com a inflação do que o mundo desenvolvido que está sofrendo uma inflação bastante alta, mas a gente vê a economia de certa forma ainda um pouco aquecida, as contas públicas estão fazendo superávit e o lucro das empresas também está entregando ainda bons resultados.
O que temos mais agora é um temor sobre o futuro... Então não se pode ter algum tipo de impacto pela queda de um dia.
É que o mercado financeiro ele trabalha tentando prever o futuro. Então, o que estão colocando na conta é: será que vai vir uma recessão global por causa desse aumento de juros nos EUA?
Vindo uma recessão global, não é legal estar posicionado em ações. Então, por isso, está ocorrendo essas vendas na B3 hoje.
O POVO - O Ibovespa pode ou deve recuperar esse patamar (de 100 mil pontos) rápido?
Paulo Cunha - É difícil dizer, mas eu diria que isso é bastante provável, porque a bolsa já estava negociando com bastante desconto em patamares bastante atrativos.
Então, quando olhamos assim por fundamentos, esse patamar de 100 mil pontos é considerado bastante descontado.
Então, olhando por isso, a gente deve em algum momento sim ter uma retomada e uma recuperação desse patamar, mas também temos bastante incerteza ainda no radar.
A gente vai entrar em eleição, hoje mesmo estamos tendo reajuste no preço do combustível.
Os políticos, tanto o governo quanto o Congresso, não gostaram dessa notícia do reajuste, estão falando de uma maneira mais ampla de criar uma CPI, querendo intervir de alguma forma na Petrobras, e isso está intensificando essa queda na bolsa que estamos tendo hoje.
O grande pano de fundo foi o mercado ter caído lá fora, mas esse papo de intervenção em Petrobras sempre atrapalha e atrapalha muito.
Sempre quando isso ocorre o dólar dispara e as próprias ações da Petrobras caem, hoje está caindo quase 10% só a Petrobras.
Então, só para como exemplo de componentes de coisas que podem vir a acontecer, apesar de a Petrobras estar sendo negociada, ainda também com muito desconto, quando você pega por relação preço e lucro, dentre outras coisas, o papel está relativamente barato, ainda assim qualquer interferência política faz o papel cair.
O que é o Ibovespa?
O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro. Foi criado em 1968 e, ao longo desses 50 anos, consolidou-se como referência para investidores ao redor do mundo.
Reavaliado a cada quatro meses, o índice é resultado de uma carteira teórica de ativos. É composto pelas ações e units de companhias listadas na B3 que atendem aos critérios descritos na sua metodologia, correspondendo a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais.
Como investir no Ibovespa?
Segundo a B3, é possível investir no Ibovespa por meio dos produtos indexados ao índice, que são:
ETF - Renda Variável
Futuro de Ibovespa
Futuro Mini de Ibovespa
Opção sobre Ibovespa
Operação Estruturada de Rolagem de Minicontrato de Ibovespa
Operação Estruturada de Rolagem de Ibovespa
Opção Flexível de Ibovespa
Opção Flexível de BOVA11
Conforme comunicado da Bolsa, uma das melhores formas para se investir nos índices da B3 é por meio dos ETFs, ou fundos de índices.
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