Indústrias de refrigerantes param produção e acusam White Martins de privilegiar Coca-Cola

Os relatos da entidade representativa dos empresários produtores de refrigerantes regionais é que as indústrias têm contrato de exclusividade com a White Martins, mas foram "abandonadas pelo seu único fornecedor"

A entidade que representa mais de 100 indústrias regionais de refrigerantes no Brasil acusa a White Martins de privilegiar grandes empresas, como a Coca-Cola, e que por isso fábricas pararam a produção por falta de CO². As denúncias partiram de relatos de 15 empreendimentos, nenhum deles do Ceará.

"A seletividade na entrega de CO² — um dos principais insumos na produção de refrigerante, paralisou a produção de diversas fábricas regionais de bebidas nos últimos meses. Empresas acusam a maior fornecedora de CO² da América Latina - White Martins, de selecionar clientes para a entrega da matéria prima", frisa, em comunicado, a Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras).

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Denúncia das indústrias de refrigerantes

Inclusive, foi aberto, junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), um pedido de inquérito contra a White Martins para investigar crimes contra a ordem econômica.

A denúncia levanta ao menos três infrações previstas no artigo 38, inciso XIII, da Lei n. 12.529/2011 — e acusa a White Martins de "abusar da posição dominante que detém" e que, com isso, "gerou distorções na ordem econômica".

A queixa é que houve fornecimento sem cessar de matéria-prima para a Coca-Cola, mas houve interrompimento para pequenas empresas do setor.

De acordo com o presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, há relatos de empresários de que indústrias com contrato de exclusividade com a White Martins foram "abandonadas pelo seu único fornecedor."

“No entanto esse único fornecedor —White Martins —, não tratou todos os seus clientes de forma igual ao fornecer o CO² somente para a Coca-Cola”, aponta Bairros.

Segundo a White Martins, em resposta enviada ao jornal O POVO, os clientes da empresa "estão sendo abastecidos com CO2 em todo o Brasil, com restrições em algumas localidades específicas. Diante do cenário da falta da matéria-prima para a produção de CO2, gerado pela parada de manutenção da empresa que fornece CO2 bruto à planta de produção da White Martins, localizada em Cubatão (SP), a empresa continua trabalhando arduamente para manter o suprimento a todos os seus clientes independentemente do porte. Esclarece que a situação voltará à normalidade assim que receber a matéria-prima dessa fonte, cuja expectativa é que aconteça nos próximos dias".

O comunicado da White Martins acrescenta que "os clientes da empresa foram avisados antecipadamente de que poderia haver restrições temporárias no suprimento de CO2 em função da falta da matéria-prima. A White Martins tem otimizado a sua logística para minimizar os impactos aos seus clientes, priorizando situações específicas, como o fornecimento destinado ao armazenamento de vacinas e transporte de órgãos, assim como aplicações ambientais".

"A companhia reitera que está empreendendo todos os esforços para manter o fornecimento aos seus clientes, independentemente do seu porte, trazendo o produto da Argentina, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos, além da transferência do CO2 de outras plantas da empresa na Bahia e em Minas Gerais", conclui a nota.

Por sua vez, a Coca-Cola se manifestou também por meio de nota, informando que como cliente da White Martins "não participa ou interfere em qualquer decisão de negócio da fornecedora. Ciente sobre a atual situação de abastecimento de CO2, o sistema Coca-Cola informa que também sofreu impactos significativos em suas Operações no Sul do Brasil, e trabalha intensamente para mitigar todos estes impactos em suas operações".

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