Filas, confusões e multas marcam venda de gasolina a R$ 4,99 em Fortaleza

A oferta de 5 mil litros de gasolina comum livre de impostos e custando R$ 4,99 em Fortaleza gerou registros de longas filas, congestionamentos e confusões no bairro Parangaba. Ação ocorreu no começo da manhã deste sábado, 28 de maio, no posto de combustível Recamonde, localizado na avenida Godofredo Maciel, 585.

Iniciativa integra o feirão do imposto, no qual o posto descontou toda carga tributária sobre a gasolina, gerando um desconto de R$ 2,50 no litro, com relação ao preço médio de R$ 7,49 praticado na Capital, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A venda do combustível sem imposto teve início às 7h30min deste sábado e foi limitada a 20 litros para carros e 5 litros para motos, sendo que cada motorista tinha o direito de abastecer apenas um veículo. Foram reservadas 200 recargas para carros e 200 para motos durante a ação. Conforme relatos colhidos no local, por volta das 9 horas da manhã já não havia mais gasolina sendo vendida pelo preço promocional. 

Motoristas dormem na fila

O desconto foi atrativo para centenas de motoristas de Fortaleza, alguns montaram acampamento na fila ainda no começo da madrugada deste sábado na esperança de serem um dos 400 beneficiados pela ação. No começo da manhã, porém, houve discussão e ânimos exaltados diante da tentativa de outros motoristas furarem as filas. 

A desorganização do posto no gerenciamento das filas foi uma reclamação recorrente entre os motoristas que tentavam comprar a gasolina a R$ 4,99. "O horário de venda deveria ter sido desde às 6 horas da manhã, no horário que abre o posto, isso teria reduzido o tumulto que foi as filas desde a madrugada", pontua o autônomo Raimundo Alves. 

Raimundo buscou abastecer a moto durante a ação e revela ainda que não havia uma separação clara entre as filas de motos e carros para abastecer pela ação promocional e quem estava abastecendo normalmente. "Deveria ter tido um local específico só para que veio abastecer as motos já que a quantidade é menor e seria mais rápido e teria ajudado muito na organização", afirma em tom cansado após horas de espera na fila. 

Além da desorganização das filas, motoqueiros reclamaram ainda da quantidade ofertada para as motos. Raimundo argumenta que o ideal teria sido a oferta de 10 litros para os motoqueiros, já que para os caros estava sendo disponibilizado 20 litros. Diante da insatisfação e pela demora no abastecimento de quem conseguir uma ficha para comprar a gasolina a R$ 4,99, os motoristas chegaram a realizar um buzinaço sem sair da fila para abastecer. 

"O preço até que tá bom, mas só está sendo disponibilizado apenas 5 litros, eu acho isso muito errado, porque é uma diferença muito grande para os carros e todos nós somos trabalhadores e precisamos disso. Quem trabalha de moto precisa ainda mais porque usa o veículo para tudo", pondera a segurança Elisângela Rodrigues. 

A cearense destaca ainda que foram inúmeras tentativas de motoristas furarem as filas e passarem na frente de quem estava desde a noite de sexta esperando pelo início da ação promocional. Ela argumenta que o posto não conseguiu lidar com essas questões e não prestou amparo aos motoristas. "Muita gente chegou de manhã e quis passar na frente, então assim, organização zero", complementa. 

Multas 

As filas se acumularam nos arredores do posto de combustível e muitos motoristas estacionaram ou ficaram presos no congestionamento formado pelas filas e bloquearam a saída de diversas garagens de moradores próximos do ponto de venda. 

Resultado, além da confusão com os moradores, foi o acionamento do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) e de apoio da Autarquia Municipal de Trânsito de Fortaleza (AMC). "Um dos moradores que teve a garagem bloqueada trabalha no Detran e ele não teve como sair para trabalhar e isso uma falta de organização, um verdadeiro absurdo", complementa uma testemunha que esperava para abastecer e preferiu não ser identificada. 

Ela contou ao O POVO que o morador acionou uma viatura do Detran e que vários motoristas foram multados e orientados a liberar as garagens bloqueadas, ainda que para isso precisassem abandonar seus respectivos lugares na fila do posto de gasolina. 

Confira registros da ação

Gasolina sem imposto

A ação foi promovida pela Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE) em parceria com a Federação das Associações dos Jovens Empresários do Ceará (Fejace) e com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE).

O evento, conforme os organizadores, apresenta o objetivo de gerar uma reflexão na sociedade com relação ao peso da carga tributária sobre os combustíveis. Somados, os impostos estaduais e federais representam cerca de 40% do preço final do litro da gasolina comum.

*Com colaboração do repórter fotográfico Samuel Setubal, especial para O POVO 

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