Pecuária leiteira do Ceará quer dobrar produção em dez anos

Certificação de pequenos produtores é uma das medidas para garantir ampliação, além do investimento em mais tecnologia

O Ceará deve dobrar a produção da pecuária leiteira no Estado para 1,6 bilhão de litros anualmente nos próximos dez anos, segundo planeja a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faec). Um grupo de lideranças foi constituído oficialmente nesta sexta-feira, 11, e os trabalhos focam na regularização de pequenos produtores e na adoção de novas tecnologias para atingir a meta.

"A ideia é que essas pessoas mostrem para nós onde estão os gargalos e as deficiências para programar esse desenvolvimento", afirmou Amílcar Silveira, presidente da Faec.

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A oportunidade de atingir os 1,6 bilhão de litros, segundo ele, foi observada quando o setor constatou que 48% do leite consumido pelos cearenses vem de outros estados. E a conquista de uma fatia maior desse mercado pelo produtor local está, inicialmente, na certificação daqueles que já atuam.

O presidente da Faec enumera 2,5 mil queijeiros e lacticínios irregulares no Ceará que devem passar por processos de certificação, os quais vão proporcionar a venda dos itens em qualquer parte do País.

Início da regularização

"Nós estamos fazendo um trabalho em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e vamos regularizar os primeiros 50 queijeiros no município de Senador Pompeu. A data ainda está para ser fechada, mas o Sebrae vai entrar com 85% dos custos e o produtor com os 15% restantes", detalha sobre os próximos passos da iniciativa.

Em média, cada queijeiro sem certificação precisa de R$ 10 mil para dotar a produção do certificado que o permite vender em restaurantes, supermercados e qualquer estabelecimento do País.

Silveira classificou a medida como "um processo de desburocratização" e disse ter o apoio do governo do Estado na ação. No evento desta sexta, o ex-presidente da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, participou dos debates com os líderes locais.

Tecnologia

Carlos Matos, ex-secretário de Agricultura do Estado e que também palestrou no evento promovido pela Faec, apontou a necessidade de dotar os produtores cearenses de mais tecnologia para garantir o aumento da produção. Responsável pelo projeto Pastos Verdes, ele destacou o aumento da participação do Estado, de 1,4% para 2,4%, no total de leite produzido no País em um ano.

Na aplicação de novas práticas, ele aponta a necessidade de investir em gado de boa genética para leite, uma boa ração para o rebanho e a criação de ambientes confortáveis. "Os animais que vivem na sombra não precisam gastar energia, a nutrição dele para gerar conforto térmico, pois tem condições proporcionadas pelo criador", exemplificou.

Com essas medidas, Matos estima um aumento de 50% na produtividade do animal, tornando os planos da Faec de dobrar a quantidade de leite produzida no Estado mais próximos da realidade.

Exportação

A ampliação da produção leiteira também abre espaço, segundo os dois líderes empresariais, para que o setor de pecuária leiteira cearense pense em exportar a produção. Com 123 mil pessoas empregadas na atividade, o setor constitui a 3ª maior cadeia produtiva do Nordeste e o crescimento pode gerar excedentes para o exterior.

Para o presidente da Faec, os países africanos, hoje, são mercados que devem ser de mais fácil entrada do leite cearense, assim como de lacticínios. Ter grandes indústrias nacionais sediadas no Ceará, como a Betânia, são indícios de que esse projeto também deve lograr êxito nos próximos anos, segundo ele.

O ex-secretário já aponta a necessidade de disseminar as linhas de crédito para o produtor rural e a chegada das águas do Rio São Francisco como elementos essenciais para planos de exportação, uma vez que o financiamento traz oportunidade de investimento enquanto que as águas possibilitam mais segurança hídrica na criação dos animais e do pasto/ração.

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